Um familiar do médico João Pedro Feitosa, que morreu durante os testes da vacina contra a Covid-19 na quinta-feira (14), contou que Feitosa não havia recebido doses reais da vacina, mas sim um placebo. O laboratório responsável pelos testes não se manifestou. As informações são da agência Bloomberg. O imunizante em questão está sendo desenvolvido pela Universidade de Oxford.
O parente contou que, apesar de a informação ser mantida em sigilo, João Pedro, de 28 anos, era um dos voluntários que integrava o grupo de controle. Os voluntários que fazem parte desta categoria recebem apenas um placebo e não o medicamento que está em teste. A fonte pediu à agência para não ser identificada (relembre aqui).
O laboratório AstraZeneca, responsável pelos testes em conjunto com a Universidade de Oxford, não confirmou a informação e argumentou que não comenta casos individuais por causa de regras de sigilo dos testes.
Sigilo
Em nota enviada ao BHAZ mias cedo (veja na íntegra ao fim do texto), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) explicou ter sido informada formalmente do falecimento do médico na segunda-feira (19).
Segundo a agência, os responsáveis pelos testes compartilharam dados relacionados à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. A Anvisa ressaltou ainda que, “com base nos compromissos de confidencialidade ética previstas no protocolo”, os envolvidos sugeriram o prosseguimento do estudo, e o caso segue sob avaliação.
No comunicado, a Anvisa já havia reforçado o posicionamento defendido pelo laboratório AstraZeneca de que os princípios de confidencialidade do estudo fazem com que os dados dos voluntários sejam mantidos em sigilo. “[…] a Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira”, destaca.
Nota da Anvisa na íntegra
“Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.
Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.
A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.
A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira”.