Candidata a prefeita em MG é alvo de injúria racial: ‘É assustador’

montagem com Maria do Carmo e print de ofensas
Essa não é a primeira vez que candidata sofre com o preconceito (Reprodução/Facebook)

Maria do Carmo Ferreira da Silva, uma mulher negra de 66 anos e candidata à prefeitura de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, foi vítima de injúria racial em várias publicações feitas nas redes sociais na última semana. Caca, como é conhecida na campanha, foi xingada de fascista e duramente ofendida por meio de comentários (veja abaixo).

Reprodução/Facebook

O advogado da campanha da candidata, Luiz Gomes, gravou um vídeo, que foi compartilhado na página oficial de Caca, explicando que eles não vão deixar o episódio passar sem nenhuma consequência.

“O jurídico está tomando toda as medidas possíveis pra responsabilizar as pessoas que estão fazendo isso, e principalmente as pessoas que fizeram a postagem e as que curtiram. Porque curtir a postagem que tem conteúdo delituoso também é crime. Essa situação não é aceitável no mundo em que vivemos hoje”, diz trecho do vídeo (assista na íntegra aqui).  

Depois da publicação do vídeo, Caca ainda recebeu mais ofensas, uma delas vindo da superintendente regional de ensino, que apoia outro candidato, e afirmou que tudo isso não era racismo e sim “vitimismo” da candidata do PT (Partido dos Trabalhadores). O comentário foi apagado em seguida, depois que uma outra mulher negra rebateu as críticas.

Reprodução/Facebook

Preconceito ao longo dos anos

Caca tenta pela terceira vez a eleição na cidade e disse que os ataques não são inéditos. “Na eleição passada foi a mesma coisa, professores incitaram a jogar pedras na gente, dizendo que lugar de negro é na senzala e na África. É assustador porque também estamos numa região que é o berço afro indígena, tanto pelos nomes que temos de cidade e de rios, quanto da origem indígena tupi guarani”, lamentou Caca.

A equipe garante que já registrou um boletim de ocorrência, com todos os prints das ofensas e aguarda os próximos passos da Justiça. “O fato é que esse racismo velado, que a nossa sociedade tenta esconder e negar está firme e forte. Chega com tudo. Eles trabalham para que as pessoas não se reconheçam”, explicou a candidata.

Como denunciar?

Em Belo Horizonte, a Decrin (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas) registra crimes com recorte ou natureza racial. A delegacia fica na avenida Barbacena, número 288, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul de BH.

Racismo x Injúria racial

A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível

Edição: Roberth Costa
Camila Saraiva[email protected]

Jornalista formada pela PUC-Minas em 2015. Pós-graduada em Jornalismo em Ambientes Digitais pelo Centro Universitário UniBH em 2019.

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