Com estilo trash, jovem faz sucesso com vídeos contra o conservadorismo

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Zel Junior faz sucesso nas redes sociais (Reprodução/Canal Zel Junior)

Os vídeos do baiano Zel Junior, de 23 anos, têm feito sucesso entre o público jovem. Com uma pegada de crítica ao conservadorismo, o influenciador digital usa do bom-humor para falar de diferentes temas da sociedade. Ao BHAZ, ele contou como deixou de ser atendente em uma padaria para se dedicar totalmente ao canal, que conta com quase 35 mil inscritos no YouTube.

Zel Junior iniciou os vídeos pelo extinto aplicativo Vine, de produções curtas, em 2014. “Foi lá que conheci minha melhor amiga, a Jade Mascarenhas, e com ela comecei o projeto do meu canal. Desde os meus 12 anos eu mexo com edição e produção de vídeos, sempre tive muito interesse”.

Gay x Crente

Ele conta que o primeiro vídeo a estourar foi em dezembro de 2019, intitulado “Gay x Crente”, com críticas a homofobia. A produção com estilo cinematográfico foi compartilhada por personalidades como a cantora Luísa Sonza e o influenciador digital Felipe Neto. Muito disseminado em diferentes plataformas, o vídeo já conta com milhares de visualizações fora do canal oficial do influenciador. As gravações são feitas em São Paulo (SP), onde ele vive atualmente.

Era da Assembleia de Deus

As críticas sociais, juntamente à efeitos especiais e linguagem jovem, são o tempero das produções, e têm feito muito sucesso. “Esse lance das críticas sociais veio mais de colocar o oprimido para se vingar do opressor. Trago isso da minha vivência, de coisas que aconteceram comigo. Eu cresci na Assembleia de Deus, sou gay e era muito ‘podado’. Quando mais novo, eu nunca pude assistir Rebelde ou Harry Potter, por exemplo, porque a igreja não deixava”.

“A situação na igreja sempre foi algo muito difícil. Eu ando de salto alto, vivo como quero. Teve uma vez que uma cristã tentou me evangelizar no meio da rua. São essas situações que uso para produzir meus vídeos. Também busco referências da minha infância para os roteiros”, explica o influenciador.

Zel Junior durante gravação para o canal (Reprodução/Canal Zel Junior)

A intenção de Zel é que o canal tenha pelo menos um vídeo por mês. “É uma produção complicada de fazer, por isso não podemos nos comprometer a soltar um por semana, por exemplo. Aí uma semana solto o vídeo, na outra o making of. E essas partes de efeitos especiais são feitos pelo Felipe Paixão, do o canal Friends Group”.

O último vídeo lançado chama “Você faria isso por 100 reais?”, em que pessoas perseguem uma nota, mas, no fim, descobrem ser um panfleto. “Tive essa ideia por conta desses panfletos evangélicos disfarçados de dinheiro. Na hora de escrever vou colocando críticas sociais associadas ao humor”.

Pegada trash

O estilo dos vídeos é algo com uma pegada mais trash, e os atores são chamados pontualmente para cada trabalho. “A gente curte fazer isso, é intencional. Faço o que eu gostaria de assistir. De acordo com o vídeo que vamos produzindo, a gente vai conhecendo as pessoas. São pessoas que estudam artes cênicas, pessoas que conheci na internet. A gente vai se ajudando, se virando. Ainda não tem um elenco fixo, como outros canais consolidados”.

Zel Junior lembra que a família ainda não entende sua profissão, mas que graças ao canal já conseguiu outros trabalhos. “Eles estão muito contra isso, não enxergam como trabalho, não acreditam. Mas eu não me importo. Eu coloco meu amor, dinheiro e energia nisso. Graças aos vídeos terem se tornado virais, eu acabei entrando em projetos de outras pessoas. Trabalho na equipe da Cleo, ajudo a criar conteúdo para ela, editar vídeos”.

Gravações para o canal de Zel Junior (Reprodução/Canal Zel Junior)

Vídeos derrubados

O sucesso dos vídeos de Zel Junior incomoda muito grupos conservadores. “Acabam sendo derrubado por denúncias. Ou as pessoas me amam ou me odeiam. Não consigo mais fazer live no Instagram, porque eles compartilham em grupos e derrubam. Essas pessoas se juntam, se organizam e focam em derrubar meus conteúdos. Teve um vídeo meu que não ficou nem 16 horas no ar e já derrubaram”.

Além disso, o influenciador ainda teve que desativar comentários de algumas postagens. “Quando lancei o vídeo ‘Fiquei com um bolsominion’, precisei ocultar os comentários. Essas pessoas jogam sujo, falam cada coisa que é difícil de acreditar”, comenta.

Sobre o sucesso, o influenciador acredita que, na internet, tudo é muito instável. “Eu tive dois vídeos com repercussão muito grande. Só que, quando as pessoas compartilham as coisas em grupos, as visualizações não vão para mim. De toda forma, acabo conseguindo reverter em público”.

O jovem também está com um quadro em um programa de TV da Rede Brasil, e tem o sonho em investir em novos projetos. “O quadro leva meu nome e exibe meus vídeos todo domingo. Já tive outros convites, mas a pandemia congelou tudo. Eu quero ter um público maior e ter autonomia para criar séries, filmes. Meu objetivo é criar uma plataforma dentro do canal”, completa.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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