O CRM-MG (Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais) informou que começará a apurar o caso do médico que afirmou nas redes sociais que estava concedendo atestados para pessoas que não se sentem confortáveis usando máscaras de proteção contra a Covid-19 (relembre aqui). Por meio de nota emitida nesta quarta-feira (28), o conselho afirma que iniciará os procedimentos para a investigação do caso.
“O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) tomou conhecimento por meio da imprensa de que um médico estaria fornecendo atestados para pessoas que não quisessem usar máscaras, e que iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos, em conformidade com o Código de Processo Ético Profissional (CPEP). Os procedimentos correm sob sigilo”, diz o comunicado (leia na íntegra abaixo).
O conselho reforçou, ainda, a importância do uso das máscaras para a contenção da disseminação da Covid-19, além de outras medidas como a higienização constante das mãos e o distanciamento social
Relembre o caso
O ginecologista e nutrólogo Sérgio Marcussi, que atende na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte, causou revolta ao fazer uma série de publicações nas redes sociais criticando a obrigatoriedade do uso de máscaras. O médico fez ainda vários posts “convidando” aqueles que se interessassem em não precisar usar o acessório a conseguirem um atestado em seu consultório.
Em uma das publicações no Twitter, Marcussi repercutiu o relato de um internauta que, ao ser abordado por estar sem máscara em um aeroporto, mostrou um atestado como justificativa. O autor do post disse que argumentou estar respaldado pela lei federal 14.019 e conseguiu continuar sem usar o que chamou de “focinheira ideológica”. O médico republicou a história e completou: “A luta diária! Hoje fiz 20 atestados desses. Vamos disseminando”.
Em uma segunda publicação, Sérgio abriu as portas da clínica onde atende para aqueles que se interessaram pela questão. “Vai lá na clínica ou manda um zap falando que deseja o atestado que vamos conversando”, escreveu. Marcussi disse, em outro post, que não falava o nome do item – que preferia chamar de “focinheira” ou “cabresto”. Ele ainda chamou a máscara de “atitude imbecil da esquerda” e a estratégia utilizada por ele de “resposta inteligente da direita”. “Eles vêm com a ciência deles e nós com a razão”, completou.
Justificativa
Em uma publicação no Instagram, o médico comentou o caso. “Parece que a repercussão a respeito da impossibilidade de algumas pessoas usarem máscara porque desenvolvem uma cefaleia crônica, e, por isso, se valerem da lei do artigo 7º da lei 14. 019 a respeito da máscara… Parece que está dando uma repercussão boa e muita gente está se identificando com o mesmo problema”, começou.
O médico disse ainda que não cabe a ele “discutir a sensação do paciente”. “Se o paciente me diz que tem dor, eu tenho que acatar a dor do paciente. Eu não posso discutir com a pessoa se ela tem ou não tem dor. Eu não posso discutir com o paciente se ele tem ou não tem pânico, se ele tem ou não tem ansiedade. Se você me diz que não tolera, eu não posso dizer a respeito do seu sentimento”, afirmou.