Médico menospreza enfermeiros e viraliza: ‘Tem que se fo*** a noite toda’

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Kayke Paiva é médico no Maranhão (Reprodução/Instgram)

Um médico do Maranhão menosprezou profissionais da enfermagem ao responder uma perguntar no Instagram e gerou revolta nas redes. Kayke Paiva disse que “ou tu faz enfermagem, ou usa o ‘xerecard’, ou então tu faz medicina”. O Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) disse que “solicitará ao respectivo Conselho Regional de Medicina a abertura de processo ético disciplinar” contra o médico. Com a repercussão, Kayke se posicionou e disse que não desrespeitou ninguém.

“Eu sou milionário e parei de trabalhar. Enfermeiro tem que se fo*** a noite toda. Enfermeiro e técnico”, começou o médico que foi interrompido por uma voz que dizia que “não, pera aí, são profissões diferentes”. Ele continuou e disse que essa era apenas a opinião dele. “Medicina [é o] que dá dinheiro. O resto é resto […]. A enfermagem só existe porque a medicina existe”, disse o médico. O comentário foi considerado desrespeitoso com profissionais de enfermagem, já que sugere que vender o corpo é mais rentável que trabalhar com a profissão. Veja o vídeo:

Em entrevista ao portal UOL, o médico disse que a confusão teve início após ele responder a uma pergunta para a namorada dele no Instagram. Segundo o profissional, ele apenas falou sobre a realidade da desvalorização dos enfermeiros.

“Sou uma pessoa que brinca muito sobre a coisa de ser pobre. Eu já andei de ônibus, era pobre. Em nenhum momento desrespeitei a profissão da enfermagem. Acredito que, sem ela, não há saúde, pois um hospital não funciona sem os enfermeiros. Quando mencionei o termo ‘xerecard’, quis dizer que talvez vender o corpo seja uma boa ideia para ganhar dinheiro, já que a enfermagem está tão desvalorizada”, começou.

“Vejo o sofrimento de minha mãe, irmã e namorada ganhando pouco, trabalhando em condições precárias, sendo maltratadas pelos médicos em geral que são ignorantes na sua maioria. Peço perdão aos enfermeiros por qualquer fala equivocada da minha parte. Lembrando que muito do que falo nos meus stories do Instagram é apenas humor. Não busco humilhar ninguém, muito menos difamar profissão alguma, pois toda profissão tem seu espaço e merece o respeito devido”, prosseguiu.

“Para finalizar, gostaria de enfatizar que sempre tratei bem todos os enfermeiros e os técnicos, bem como toda a equipe, e que nunca fui alvo de processos nesse sentido. Espero que todos vocês, enfermeiros, aceitem minha retratação”, completou.

Mais ofensas

Contudo, mesmo com o pedido de desculpas, o médico expôs e humilhou algumas pessoas que não concordaram com as falas dele. Em print divulgado pelo próprio profissional no Instagram, ele ameaça “encher a cara de murro” de uma pessoa. Em outra, uma pessoa torce para que ele “nunca precise de atendimento”. Ele respondeu que, se precisar, irá para o Sírio Libanês, enquanto a pessoa iria “morrer pobre e diabética”. Após muita repercussão, ele desativou a conta no Instagram.

Reprodução/Instagram

Repúdio

Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), o Cofen disse que vai solicitar ao Conselho Regional de Medicina a abertura de processo ético disciplinar contra Kayke Paiva. Além disso, o órgão também pretende adotar outras medidas contra o profissional, na esfera cível e penal.

“Os insultos proferidos por Kayke Paiva em seus ‘stories’ é um desrespeito a 2,2 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem, que estão 24h ao lado dos pacientes e dedicam suas vidas à Saúde da população, em um momento de pandemia global. Revelam, ainda, desconhecimento sobre a complexidade do trabalho multiprofissional em Saúde e desprezo pela integridade do ser humano”, diz trecho da nota.

A UFMA (Universidade Federal do Maranhão) também emitiu uma nota de repúdio (leia abaixo na íntegra) assinada pelo reitor Natalino Salgado, que é médico. “A formação em Enfermagem é tão vital quanto qualquer outra da cadeia da saúde e, como tal, merece o devido respeito e reconhecimento. É importante ressaltar que a opinião desse profissional, preconceituosa e inconsequente, não representa o conjunto da categoria médica, que tem se pautado pelo sentimento de trabalho conjunto entre os profissionais da área de saúde”.

Pelas redes sociais, internautas também se manifestaram contra o profissional e em apoio aos enfermeiros. “Esperando ansiosamente o posicionamento do CFM avisando que o CRM do médico Kayke Paiva foi suspenso. Um desserviço de pessoa pra sociedade”; “Eu tê simplesmente em choque com as declarações do médico Kayke Paiva menosprezando os profissionais de enfermagem. Ainda sugerindo que as mulheres trabalhassem com ‘XERECARD’ porque dá mais dinheiro” foram alguns dos comentários. Veja a repercussão:

Nota do Cofen

“O Conselho Federal de Enfermagem informa que, após avaliar conteúdo encaminhado por dezenas de profissionais ofendidos, solicitará ao respectivo Conselho Regional de Medicina a abertura de processo ético disciplinar contra Kayke Paiva, que se identifica como médico e divulgou, por meio de redes sociais insultos à profissão de Enfermagem. A página onde o conteúdo foi originalmente divulgado não está mais disponível.

Os insultos proferidos por Kayke Paiva em seus “stories” é um desrespeito a 2,2 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem, que estão 24h ao lado dos pacientes e dedicam suas vidas à Saúde da população, em um momento de pandemia global. Revelam, ainda, desconhecimento sobre a complexidade do trabalho multiprofissional em Saúde e desprezo pela integridade do ser humano.

Até o momento, Kayke Paiva não apresentou retratação. O departamento jurídico do Cofen está avaliando a possível adoção de outras medidas contra o médico, na esfera cível e penal”.

Nota da UFMA

“A Universidade Federal do Maranhão, tendo em vista o caso de publicação, em rede social, pelo profissional médico Kayke Paiva, de ofensas à profissão de Enfermagem, vem a público expressar o seu repúdio a tal conteúdo, ao mesmo tempo em que afirma o enorme valor dos profissionais de Enfermagem para a estrutura de saúde.

A formação em Enfermagem é tão vital quanto qualquer outra da cadeia da saúde e, como tal, merece o devido respeito e reconhecimento.

É importante ressaltar que a opinião desse profissional, preconceituosa e inconsequente, não representa o conjunto da categoria médica, que tem se pautado pelo sentimento de trabalho conjunto entre os profissionais da área de saúde.

A UFMA, como entidade formadora e efetivadora da saúde no Estado do Maranhão, com cursos de Medicina e Enfermagem em três dos seus nove câmpus, tem pautado a sua formação pelo respeito e senso de valorização e coletividade entre todos os profissionais que forma. E lamenta profundamente situações desse tipo”.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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