Como funcionam as eleições nos EUA?

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Trump ou Biden? Você sabe como funcionam as eleições nos EUA? (Reprodução/Instagram/@raldonaldtrump + Reprodução/Instagram/@joebiden)

Donald Trump ou Joe Biden? As eleições nos Estados Unidos acontecem na próxima terça-feira (3) e movimentam o noticiário internacional. A “complexidade” do processo eleitoral estadunidense sempre desperta a curiosidade da população, principalmente daqui, do Brasil, e desperta diversas questões. Como funcionam as eleições nos EUA? Quem vai vencer? O candidato que tiver mais voto popular ou aquele que conseguir maioria dos delegados no Colégio Eleitoral?

Bom, vamos lá! Carlos Ranulfo é professor do Departamento de Ciência Política da UFMG e explica como funcionam as eleições nos EUA ao BHAZ. O estudioso, antes de tudo, descarta a ideia que muitos têm e garante que o processo eleitoral é “simples”. “O eleitor vota para presidente, só que o voto é contado em cada estado. Ou seja, não existe a contagem nacional”, afirma.

Portanto, diferentemente do Brasil e de outros países, os votos das eleições são contabilizados por estados nos EUA. “Não é como aqui, que tem uma eleição nacional. Lá a apuração é feita nos 50 estados. Cada um deles tem um número determinado de delegado e isso depende do tamanho da população. A Califórnia tem 65 delegados, Nova York 29 e o Texas, 35, por exemplo”.

Maioria não é vitória

“O voto é contado por estado e quem ganhar nele, por qualquer margem que seja, leva todos os delegados para o Colégio Eleitoral”, diz Ranulfo. Em suma, os delegados representam o desejo de voto da população que eles representam. Por exemplo, se Trump vencer na Califórnia, mesmo que por uma diferença pequena, os 65 delegados serão contabilizados para o atual mandatário.

Sendo assim, tanto Trump como Biden buscam os votos nos estados mais populosos, porque aumentam-se as chances de vitória no pleito. Ou seja, de nada adianta ter muitos votos diretos. “Hillary Clinton, por exemplo, teve dois milhões de votos a mais em 2016, entretanto acabou derrotada. A regra é somar por estado e, por isso, Trump venceu, pois teve o maior número de delegados no Colégio Eleitoral”.

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As eleições dos EUA funcionam de forma diferente da disputa no Brasil (Christine Glade/Shutterstock)

Está começando a fazer sentido como funcionam as eleições nos EUA? A soma de todos os 50 estados dos Estados Unidos e o distrito de Columbia resulta em 538 delegados na disputa. Portanto, torna-se o presidente do país estadunidense o candidato que assegurar o voto de pelo menos 270 deles.

Por que as eleições nos EUA funcionam assim?

Os Estados Unidos, apesar de serem um país de regime presidencialista, adota um regime de eleições diferente. O motivo? “A tradição”. “A eleição sempre foi assim desde o século 19. Falamos de mais de 200 anos. Criou-se o Colégio Eleitoral quando começou a eleição direta. Até hoje continua. Eles nunca quiseram mudar. É como a Inglaterra, que segue com a monarquia”, explica Ranulfo.

Mais diferenças

Além das eleições dos EUA funcionarem de uma forma diferente, outro fator se distingue em relação à disputa no Brasil: o voto não é obrigatório. “Tudo é diferente por lá. O eleitor não é obrigado a votar e, se quiser, tem três alternativas. Ou vota antes, ou no dia ou até mesmo pelos Correios. Apesar disso, cada estado tem autonomia para definir seu próprio procedimento”.

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Voto não é obrigatório nos EUA (Orna Wachman/Pixabay)

O eleitor estadunidense tem até o dia 3 de novembro para registrar o voto e, segundo Ranulfo, “tem gente que já votou há um mês”. “A votação nos Estados Unidos começa muito antes e isso se dá por tradição. Volto a dizer, lá é um país diferente sob vários aspectos. É assim que funcionam as eleições nos EUA”.

Quem ganha?

O estudioso da UFMG acredita que o o democrata Joe Biden sairá vitorioso da eleição. No entanto, para Ranulfo, Trump vai tentar levar a disputa para o “tapetão”. “O presidente já disse isso algumas vezes usando o argumento de que o voto pelos Correios não é seguro. Ele vai alegar fraude. É igual [Jair] Bolsonaro, fala que algo vai acontecer, mas sem mostrar realmente o quê”.

A apuração dos votos tende a demorar e Ranulfo explica a razão. “O sistema de Correios está em crise e hoje o serviço é ruim. Os votos tendem a demorar chegar e podemos ter um atraso. Não dá para precisar a data da apuração”, conclui.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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