#JustiçaporMariFerrer: Abaixo-assinado supera 3,6 milhões de assinaturas

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Cidades brasileiras serão palco de manifestações por justiça no caso da influenciadora (Reprodução/The Intercept Brasil)

A absolvição do empresário André de Camargo Aranha da acusação de estuprar a influenciadora Mariana Ferrer gerou revolta nas redes sociais. Um abaixo-assinado que pede justiça pela jovem já acumula 3,6 milhões de assinaturas. Além disso, algumas cidades do país, incluindo Belo Horizonte, terão manifestações para protestar contra a sentença que inocentou o empresário (veja aqui).

O abaixo-assinado foi criado há cinco meses, após a denúncia do caso nas redes sociais ganhar repercussão. Há dois meses, quando Aranha foi inocentado, a petição atingiu um milhão de assinaturas. Agora, com imagens do julgamento divulgadas, as adesões aumentaram e estão próximas de 3,6 milhões.

Na capital mineira, a manifestação está agendada para o próximo sábado (7), a partir de 15h, na Praça Sete. Pelo estado, protestos também acontecerão em Juiz de Fora e Uberaba.

Humilhação

O estopim para que o movimento em favor de Mariana crescesse foi a divulgação de imagens do julgamento pelo portal de notícias The Intercept. No vídeo, a influenciadora é humilhada pelo advogado de defesa do empresário, Cláudio Gastão da Rosa Filho. Ele mostra fotos sensuais de Mariana, que não tem relação com o caso e afirma que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mariana, entre outras ofensas.

Com as humilhações, Mariana ainda chegou a reclamar com o juiz. “Excelentíssimo, eu tô implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”, diz. O juiz interferiu algumas vezes durante as falas de Gastão. O magistrado avisa, em determinado momento, que vai parar a gravação para que a jovem possa se recompor e tomar água. Ele também pede para que o advogado mantenha um “bom nível”.

A decisão e o ‘estupro culposo’

No julgamento de Mariana, a argumentação do promotor responsável pelo caso chamou a atenção. Segundo o advogado, o empresário teria cometido estupro sem intenção. Na reportagem do Intercept, a tese foi chamada de “estupro culposo”, em alusão ao termo usado no universo jurídico para determinar quando não há intenção de cometer o crime.

O juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, aceitou a argumentação do promotor Thiago Carriço, mesmo que o conceito apresentado, de estupro sem intenção, não esteja previsto em lei. O empresário foi absolvido em setembro deste ano, já que o mesmo não poderia ser condenado por um crime inexistente. Na decisão, o juiz explica que não há provas suficientes de que Aranha estava ciente de que Mariana não estava em condições de reagir durante o ato.

O caso de Mariana Ferrer aconteceu no dia 16 de dezembro de 2018, no beach club Café de La Musique, em Florianópolis. A vítima apresentou diversas provas que foi dopada e estuprada. Não é nada fácil ter que vir aqui relatar isso. Minha virgindade foi roubada de mim junto com meus sonhos. Fui dopada e estuprada por um estranho em um beach club dito seguro e bem conceituado da cidade”, disse a jovem pelas redes sociais naquele ano.

Mobilização imediata

Logo após a reportagem do Intercept, famosos e anônimos se manifestaram em defesa da jovem. Uma corrente movida nas redes sociais fez com que vários times de futebol ao redor do Brasil se posicionassem contra a absolvição do empresário. América, Atlético e Cruzeiro foram alguns dos clubes que divulgaram mensagens de apoio à causa e repudiaram a normalização do crime de estupro (relembre aqui).

“Justiça por Mariana Ferrer”, pediu Deborah Secco. Bruna Marquezine postou a matéria do caso em suas redes e desabafou. “‘Estupro culposo’, pqp”, escreveu. “’Estupro culposo’ não existe”, disse a cantora IZA. “Mano, o que o Brasil está virando? ‘Estupro Culposo’ não existe! Justiça por Mari Ferrer. Um país onde ser MC é crime e um estuprador é inocentado”, ponderou MC Rebecca.

Edição: Thiago Ricci
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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