TV Cultura se recusa a exibir discurso homofóbico de Bolsonaro

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Aldo Quiroga, editor-chefe do Jornal da Tarde, disse que a emissora não exibiria fala homofóbica de Bolsonaro (Reprodução/TV Cultura + Reprodução/TV Brasil)

A TV Cultura se recusou a exibir uma fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a qual ele chama os brasileiros de “maricas” por temerem a Covid-19. Aldo Quiroga, âncora e editor-chefe do Jornal da Tarde, iniciou o telejornal esclarecendo a posição da emissora sobre o assunto, nessa quarta-feira (11). Nas redes sociais, o momento viralizou e gerou apoio à atitude do canal.

“Nesta edição, este é o único momento em que você vai ouvir as palavras ‘pólvora’ e ‘maricas’. Uma hipotética guerra entre Brasil e Estados Unidos contraria toda a lógica”, começou o apresentador logo na abertura do telejornal.

Ele prosseguiu e disse que a emissora não tolera a discriminação. “Não damos espaço para homofobia, e 162 mil mortos não admitem qualquer adjetivo de palanque, só atitudes de enfrentamento para salvar vidas. Gastamos 30 segundos com o diversionismo de hoje. Agora vamos às notícias que realmente podem mudar a sua vida”, completou Quiroga. Veja o momento:

Repercussão

Nas redes sociais, a fala do âncora viralizou rapidamente, ganhando muito apoio. As pessoas pediram para que esse seja o início de uma transformação no telejornalismo, para que não se dê mais espaço para falas como a do presidente. “Que essa moda pegue”, disse um internauta ao lembrar que as TVs norte-americanas cortaram um discurso de Trump enquanto ele mentia sobre fraude nas eleições.

“Um exemplo que deveria ser seguido pelas outras emissoras”, escreveu outro internauta pelo Twitter. “Ou o jornalismo faz isso ou vai ser censurado como está acontecendo com a Folha. Repetir sem qualquer senso crítico tudo que Bolsonaro diz só demonstra como o jornalismo se tornou um aparelho do governo, sem qualquer posicionamento crítico”, escreveu outra.

Fala homofóbica do presidente

O presidente Jair Bolsonaro disse nessa terça-feira (10) que “já passou da hora de retomar os setores da economia” e que o Brasil tem que deixar de ser “um país de maricas”. Além da referência homofóbica, o presidente ironizou o trabalho da imprensa e disse que as notícias de segunda onda da pandemia em outros países servem apenas para “alarmar a população”.

“Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que está ali atrás. Temos que lutar. Peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa? A geração hoje em dia é toddynho, nutella, zap. É uma realidade”, falou.

“E agora já começa a amedrontar o povo brasileiro com uma segunda onda. Tem que enfrentar, pô. É a vida. Tem que enfrentar. E digo mais: como chefe de Estado, eu tenho que tomar decisões que não me deixaram tomar. Não sei por que cargas d’água. E nós temos que decidir, e decidindo podemos acertar. Não decidindo, já erramos”, disse o presidente.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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