Caso Beto: Polícia prende fiscal do Carrefour por participação no assassinato

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Segundo a Polícia, ela foi coautora, já que teve o poder de evitar e não o fez (Reprodução/Twitter)

A Polícia Civil prendeu mais uma pessoa ligada à morte de Beto Freitas, 40, espancado até a morte no Carrefour, em Porto Alegre. A prisão preventiva da fiscal Adriana Alves Dutra ocorreu na tarde desta terça-feira (24). É ela quem aparece na filmagem vestindo uma blusa branca ao lado dos agressores.

“Foi verificada a participação decisiva dela porque depois se verificou que ela tinha posição de comando. A lei contempla como coautora a pessoa que tem poder de evitar e não o fez”, disse a delegada Vanessa Pitrez, do Departamento de Homicídios.

Adriana se apresentou à Polícia. Segundo Pitrez, ela pode ser presa porque é eleitora de um município onde não haverá eleição no próximo domingo.
Esta é a terceira prisão do caso. Os dois seguranças terceirizados do Carrefour, da empresa Grupo Vector, foram presos em flagrante após a morte.

A Justiça converteu a prisão de ambos em prisão preventiva.
Os dois investigados, que vem sendo identificados como seguranças, cumpriam a função de fiscais no supermercado. “Ela tinha o poder de fazer cessar as agressões por ser superior imediata dos seguranças”, disse Bertoldo.

Ela é investigada por homicídio doloso triplamente qualificado. Inicialmente, Adriana não foi localizada em sua residência. Ela foi informada por telefone, por meio de sua defesa, do mandado de prisão expedido e se apresentou à polícia.

Adriana prestou depoimento e relatou episódios anteriores de conflito com Beto Freitas no Carrefour. A polícia investiga se de fato há incidentes anteriores. Os policiais também apuram se a funcionária mentiu no depoimento dado no mesmo dia da morte de Beto Freitas. O depoimento foi tomado como parte do auto de prisão em flagrante dos seguranças. Ela disse que um cliente tentou apaziguar a agressão.

O suposto cliente, porém, era o funcionário temporário Giovane Gaspar da Silva, policial temporário que estava em seu primeiro dia de “bico” no mercado. A fiscal pode responder, entre outros crimes, por falso testemunho, se ficar comprovado ao final do inquérito que ela mentiu.
A delegada Roberta Bertoldo disse que investiga a possibilidade de falso testemunho, além de omissão de socorro e racismo.

Adriana Alves Dutra disse também que Beto teria empurrado uma cliente dentro da loja, o que não ficou comprovado até o momento com as imagens das câmeras internas do mercado. Em novo depoimento, na tarde em que se entregou à polícia, Adriana disse que falou que o funcionário era cliente do local pois havia retornado há pouco de férias e não sabia que ele trabalhava no supermercado.

Um motoboy que filmou as agressões disse que a fiscal do Carrefour feriu a própria mão, afirmando que Beto havia cortado seu dedo. “Ela pegou a unha dela e começou a forçar no dedo. Não tinha machucado, eu olhei bem. Me chamou atenção ela tentar machucar a própria mão”, disse.

A reportagem obteve depoimento de outra funcionária que também apresenta indícios de contradições. No depoimento, a mulher afirma que Beto a teria “encarado”. Depois, que ele a teria intimidado com “olhar agressivo” e, por fim, que teria dito algo que ela não entendeu porque ele usava máscara no momento.

A funcionária disse que, então, se afastou e ele teria feito um sinal que ela não soube interpretar. Em imagens obtidas pela reportagem, ele parece estar sinalizando com o polegar para baixo. Perguntada pela polícia se o gesto foi ofensivo, ela disse que não. Entretanto, quando questionada sobre por que Beto foi acompanhado pelos seguranças até a saída, diz supor que foi porque ele a teria importunado.

Os seguranças optaram por não dar depoimento à polícia após serem presos em flagrante, recorrendo ao direito constitucional de permanecerem em silêncio. A Justiça decretou a prisão preventiva de ambos.

A morte de Beto Freitas já tem sido considerada mais violenta que a de George Floyd, nos Estados Unidos. Beto Freitas foi velado e sepultado no último sábado (21) no cemitério São João, em Porto Alegre, sob pedidos de justiça e fim do racismo.

Folhapress

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