Black Friday tem aglomerações em meio à pandemia em BH

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Lojas ficaram lotadas nesta Black Friday (Moisés Teodoro/BHAZ + Reprodução/WhatsApp)

A Black Friday registra grandes filas e lojas lotadas em Belo Horizonte e na região metropolitana, mesmo em meio à pandemia de Covid-19, durante todo o dia de hoje (27). Com medo ou sem receio do vírus, pessoas se aglomeraram para conseguir descontos. O último boletim epidemiológico mostra que BH tem 53.625 casos confirmados de Covid-19 e 1.635 óbitos pela doença.

Lojas da região Central de Belo Horizonte tiveram muitas filas e tumulto para quem quis procurar bons preços. Maicon Douglas Santos estava na fila das Lojas Americanas e disse que procurava a coleção de livros do Harry Potter. “Pesquisei bem antes de vir pra rua. Está tudo muito cheio, estou surpreso, achei que estaria mais vazio. Estou com um pouco de receio, mas acabei vindo. Vi muita gente de máscara, mas usando errado, não estão nem aí”, disse.

Lojas tiveram grandes filas em BH (Moisés Teodoro/BHAZ)

A vendedora Dâmares Gouveia Santos saiu cedo para tentar realizar suas compras e disse não estar preocupada com a pandemia. “Eu quero comprar um celular. Andei por várias lojas já e os preços estão todos iguais. Não fiquei com receio de vir, todo ano venho. Achei, inclusive, que estava mais organizado que nos últimos anos”.

Receio

Elaine Aparecida é copeira e disse que já passou por várias lojas. “Eu já tinha vindo ontem nas Americanas, comprei algumas coisas e estou voltando hoje. A linha branca de eletrodomésticos não está com preços bons, mas coisa miúdas estão boas. Eu comprei muito creme, shampoo, essas coisas. Hoje vim atrás de panelas que vi na promoção e chocolates”, disse.

Luzete Paulina do Nascimento é autônoma e conta que não viu descontos significativos. Ela também afirma que não tem receio da pandemia, desde que os cuidados sejam seguidos. “Não vi nada demais nos preços, achei normal, igual nos outros dias mesmo. Pesquisei antes para comparar, mas realmente não vi vantagem. Eu acho que está mais organizado, no ano passado estava muito pior, em termos de aglomeração. Não tenho receio, desde que mantenha o distanciamento e tome as medidas de proteção”.

No Outlet Só Marcas, em Contagem, na Grande BH, o cenário não foi diferente. Muitas pessoas aglomeradas em fila, sem respeito ao distanciamento social e alguns flagras de pessoas sem máscara ou com uso incorreto do acessório de proteção.

Outlet de Contagem teve grandes filas (Reprodução/Whatsapp)

‘Falta de coletividade’

O infectologista Leandro Curi reforça que é importante dizer que “nem saímos da primeira onda ainda”. “Vamos continuar nela, mas com uma elevação. Já estamos em níveis não muito confortáveis. Essa sensação falsa de que as coisas melhoraram. A aglomeração da Black Friday deve causar efeito em duas semanas. Esse descuido vai refletir nos hospitais e ocupações de leito”.

O médico também lembra que a contaminação não se dá apenas por superfícies. “Não é só superfícies que contaminam, mas também aerossóis. Todo mundo que está conversando, rindo, sem máscaras, está disseminando partículas que ficam por horas no ar, contaminando outras pessoas. Para piorar a situação, muitas cirurgias eletivas que estavam paradas, vão ter que retornar. Vai ser difícil conciliar os novos casos com as cirurgias”.

O infectologista é mais claro na responsabilidade das pessoas. “A pessoa que, de modo irresponsável aglomera e não utilizada máscara, está na função de um assassino. Além de uma falta de espírito coletivo e cidadania, está cooperando com o estado de saúde e morte de outras pessoas. A pessoa pode matar, senão um ente querido, um parente ou amigo, outra pessoa”.

“Nessa ânsia de aglomerar, seja em casa ou na rua, as mortes acontecem. O pessoal está com uma esperança que as vacinas vão chegar logo e funcionar, mas não é assim. Todo mundo já sabe o que se deve fazer, essa tecla vem sendo batida o tempo todo. Vivemos em sociedade, é preciso cooperar”, completa.

Pandemia em BH

Os indicadores da pandemia do novo coronavírus em Belo Horizonte têm mostrado tendência de alta nas últimas semanas. De acordo com o último Boletim Epidemiológico, BH tem 53.625 casos confirmados de Covid-19 e 1.635 mortos. O número de recuperados chegou a 49.441 e o de pacientes em acompanhamento é de 2.549.

O número médio de transmissão por infectado (RT) está em 1,08 – nível amarelo. As ocupações nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria permanecem no nível verde – 39% e 36,8%, respectivamente. Hospitais particulares, como o Madre Teresa, tem sentido sobrecarga de atendimento e, nos casos mais graves, até suspenderam o atendimento de pacientes com Covid-19.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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