Abrasel contesta proibição de bebidas alcoólicas em BH: ‘Não é justo’

Bebidas-alcoólicas
Consumo excessivo de bebida alcoólica pode desencadear hipertensão arterial e outras comorbidades (Moritz Mentges/Unsplash)

A Abrasel-MG (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais) contestou a decisão do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), de proibir o consumo de bebida alcoólica em bares, restaurantes, padarias, praças de alimentação e feiras a partir de segunda-feira (7). O presidente da associação defende que o avanço da pandemia na capital não foi causado pelos estabelecimentos abertos.

Em nota divulgada nesta sexta-feira (4), a Abrasel afirmou ter recebido a notícia “com grande indignação e surpresa”. O presidente da associação, Matheus Daniel, garante que já havia se colocado à disposição da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) para que uma decisão fosse tomada em conjunto.

“Vale lembrar que a própria prefeitura definiu as regras de flexibilização e segundo elas as restrições só aconteceriam se dois ou mais índices entrassem na faixa amarela ou vermelha, o que não é o nosso atual cenário. As taxas de ocupação de leitos de UTI e as de enfermaria estão no nível verde, ou seja, abaixo de 50%. Apenas o RT, taxa de transmissão por infectado, está em 1,05, nível amarelo. Isso significa que a própria PBH não respeita os pré-requisitos que ela mesma determinou”, pontua.

Eleições

O presidente da Abrasel sugere que o novo crescimento do número de casos e hospitalizações por Covid-19 em BH possa ser um reflexo do período eleitoral, e não da reabertura dos bares e restaurantes. “Os bares estão abertos desde meados de agosto. Se fossem eles os responsáveis por um repique de casos, este teria acontecido já na segunda quinzena de setembro ou início de outubro, o que não se concretizou”, afirma.

“A impressão que a PBH passa para a sociedade ao impedir a venda de bebidas alcoólicas é a de que o setor é o vilão responsável pelo aumento da COVID-19, o que não é verdade”, completa Matheus Daniel. De acordo com a associação, a campanha eleitoral “corpo a corpo” entre candidatos e eleitores pode ter tido um papel significativo no avanço da pandemia.

Desrespeito às regras

O presidente da Abrasel reconheceu, ainda, que alguns bares e restaurantes estavam descumprindo decretos municipais relacionados à pandemia. Só no último fim de semana, a PBH interditou 18 bares e festas, por meio dos fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental (relembre aqui). Matheus Daniel afirma que a associação criou uma campanha de conscientização para os estabelecimentos e clientes.

“Inclusive hoje, está prevista uma ação de distribuição de informativos nos principais pontos de concentração de bares, pois acreditamos que a fiscalização deve existir e punir as empresas negligentes. Não é justo, porém, que o poder público, ao invés de cumprir a sua obrigação de monitorar todos os locais de aglomeração e penalizar os reais infratores, prefira sacrificar quem gera emprego e renda para a cidade. É preciso separar o joio do trigo”, defende.

Por último, o presidente acredita que a proibição da prefeitura causará a falência de milhares de empreendimentos na capital mineira, “já que a restrição acontece em um período de feriado prolongado, quando os empresários estão com seus estoques lotados”. “Acreditamos também que esta restrição irá aumentar o número de eventos e reuniões clandestinas às quais a prefeitura não tem nenhum controle, nem como fiscalizar”, completa.

A proibição

Em decreto publicado hoje no DOM (Diário Oficial do Município), Kalil proibiu o consumo de bebidas alcoólicas em estabelecimentos de Belo Horizonte, com o objetivo de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus na capital mineira – o que preocupa infectologistas e estudiosos.

É importante destacar que, apesar da “Lei Seca”, os comércios citados não estarão proibidos de funcionar: o que está vetada é a venda de bebidas alcoólicas para o consumo no local. Restaurantes, lanchonetes, cantinas, sorveterias, bares e similares no interior de galerias de lojas, centros de comércio e shopping centers podem funcionar de segunda a sábado, entre 11h e 22h.

Conforme o decreto assinado por Kalil, padarias e lanchonetes vão poder funcionar das 5h às 22h. Os clientes poderão fazer consumo no próprio local, com exceção a bebidas alcoólicas. 

Pandemia em BH

O último Boletim Epidemiológico e Assistencial da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) indica que 55.039 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus, enquanto 1.675 morreram. O número de recuperados chegou a 50.845 e o de pacientes em acompanhamento está em 2.526.

A prefeitura esclareceu que houve uma falha e o boletim de ontem informou a evolução apenas do número de óbitos. Um problema na base de dados do Sivep Gripe (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe) fez com que os casos de Covid-19 confirmados, em acompanhamento e os recuperados não fossem atualizados.

Os indicadores utilizados pelo Executivo municipal para avaliar a pandemia na capital mineira apontam:

  • Número médio de transmissão por infectado (RT) – 1,05 – nível amarelo
  • Ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Covid-19 – 45,7% – nível verde
  • Ocupação de leitos de enfermaria Covid-19 – 45,5% – nível verde
indicadores monitoramento covid-19
Indicadores de monitoramento da Covid no dia 3/12 (PBH/Reprodução)

O boletim de ontem pode ser visto na íntegra clicando aqui.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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