Ministro diz que duplicação da BR-381 é ‘obra mais complexa’ do Brasil

BR-381
Ministro da Infraestrutura considera parceria com iniciativa privada a melhor opção para adiantar as obras (Reprodução/@MInfraestrutura/Twitter)

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, considera a duplicação da BR-381, a “obra mais complexa que nós temos no Brasil”. A declaração foi feita durante apresentação do balanço anual da pasta, nesta segunda-feira (14), após semanas com graves acidentes ocorridos na chamada “Rodovia da Morte”.

“É uma rodovia difícil de trabalho, extremamente movimentada, que tem muita interferência, muita desapropriação a ser feita. É a obra mais complexa que nós temos no Brasil, seguramente. Por isso, no modelo de obra pública, as empresas não acudiram”, afirmou. O ministro acredita que o modelo em parceria com a iniciativa privada, é a melhor forma de efetivar as obras.

“A forma de proporcionar essa duplicação, realmente, é pela concessão. Estamos fazendo todo o trabalho para que a concessão dê certo, discutindo muito esse modelo com o mercado, para ter a coisa mais equilibrada possível. E, com certeza, quando pensamos no cronograma de duplicação, nós temos que entender que há uma prioridade para aquilo que é crítico”, completou, antes de ressaltar que 90% da duplicação da BR-381 está prevista para até o nono ano de contrato.

Acidentes

A situação da BR-381 é, como ressaltada pelo ministro da Infraestrutura, é crítica. Desde a última quinta-feira (10), pelo menos quatro acidentes graves fizeram vítimas na rodovia. Ainda hoje, um motorista morreu ao bater o carro de frente com uma carreta, na altura da cidade de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte (leia mais aqui).

Na noite de sábado (12), um homem de 45 anos morreu em uma batida entre duas carretas, na BR-381, na altura de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Ele ficou preso às ferragens de um dos veículos e não resistiu aos ferimentos. O condutor da segunda carreta envolvida na ocorrência se feriu levemente.

Já na última quinta-feira, a rodovia foi palco de dois acidentes graves: um jovem de 22 anos morreu quando pilotava uma moto na BR-381, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e bateu em um caminhão. Pouco tempo depois, duas pessoas que estavam em um carro morreram após o veículo colidir de frente com um caminhão, em Bela Vista de Minas, na região Central do estado. 

Fiscalização

Apesar da obra de duplicação ser prevista para evitar acidentes, além de aumentar a capacidade da rodovia e aliviar o trânsito, o engenheiro civil especialista em transporte e trânsito Márcio Aguiar explica que ela não deve ser a única medida tomada pelas autoridades para diminuir as ocorrências de trânsito na BR-381.

“Quando a capacidade da rodovia aumenta, os motoristas também acabam acelerando mais, podendo perder o controle da velocidade. Nos trechos não duplicados, o grande problema é que é a BR-381 é uma rodovia sinuosa, fica em uma área com a topografia acidentada, e acontecem problemas na ultrapassagem. Quando o trecho é duplicado, o conforto do motorista é maior e ele pode exagerar na velocidade”, explicou o especialista.

Para o engenheiro, a chave da prevenção contra os acidentes na BR-381, e em qualquer outra rodovia, é a fiscalização. “Não é porque o trecho está mais livre que o motorista deve se distrair do controle da velocidade. A fiscalização precisa ser mais intensa, porque não é só a duplicação que vai resolver o problema”, defendeu, em entrevista ao BHAZ concedida em setembro deste ano.

Balanço e previsões

De acordo com o balanço anual do Ministério da Infraestrutura, 1.259 quilômetros de estradas foram construídos ao longo do ano em todo o país, resultando em uma redução média de 11% no valor do frete agrícola, segundo estudos da EPL (Empresa de Planejamento e Logística).

Para 2021, o Ministério da Infraestrutura planeja conceder 52 ativos à iniciativa privada. A expectativa é de que, por meio de concessões, privatizações e renovações, R$ 137,5 bilhões sejam investidos em infraestrutura no país; e que quase R$ 3 bilhões sejam obtidos por meio de outorgas.

Entre as concessões previstas, há as de 23 aeroportos; 17 terminais portuários; duas ferrovias (FIOL e Ferrogrão) e uma renovação antecipada – além de onze lotes de rodovias e da “desestatização” da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo).

Com Agência Brasil

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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