Kalil dá ultimato em BH: ‘Esperança de não ter que sacrificar empregos’

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Kalil disse que números da próxima semana vão definir futuro da cidade (Amanda Dias/BHAZ + Moisés Teodoro/BHAZ)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), deu agora há pouco, na tarde desta quarta-feira (30), um ultimato para evitar o fechamento da capital mineira. Com os índices de internação por Covid-19 em alta, o mandatário aposta na responsabilidade dos belo-horizontinos e na cidade mais vazia para não decretar novas restrições de atividades e do comércio.

“Nos preocupa muito a ocupação [de leitos]. Não teremos o menor receio de fechar a cidade, temos que lembrar que no interior de Minas há explosão de casos, que as praias vão explodir os casos, que o Rio está em vermelho e SP está em vermelho”, afirmou o prefeito reeleito de BH. “Estamos dando uma semana para que Belo Horizonte abaixe os números, considerando que a cidade esvaziou. Se a cidade tá mais vazia, o nível de contaminação caiu, mas o sistema de CTIs se encontra estável”, complementou.

Conforme o boletim mais recente divulgado pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), ontem, a capital mineira está no vermelho na ocupação de leitos de UTI para Covid: com 78,8% das opções ocupadas. Quanto aos postos disponíveis para a doença na enfermaria, o índice é amarelo, de 63%. “[Não fechar a cidade agora] foi uma das decisões mais difíceis que tomamos durante a pandemia”, admitiu Kalil.

“Estamos avisando a população, ao comércio, aos prestadores de serviço, que, em uma semana, se os níveis continuarem como estão e não havendo o decréscimo que nós estamos esperando, a cidade entrará num nível de fechamento com apenas o comércio essencial aberto”, afirmou.

Apelo

“Então eu volto a dizer o seguinte, quem quer ver seu ente querido, pai, mãe, avó ou amigo, que se comporte pelo menos uma vez no ano porque a situação é muito grave e nós estamos na praia. A vacina está chegando. Nós estamos na praia depois de nadar tanto. Pelo amor de Deus gente, não vamos morrer na praia”, disse o prefeito de BH.

Segundo Kalil, há um apelo do comércio num nível muito alto, mas os indicadores preocupam e também existe “a exaustão dos profissionais de saúde, principalmente os intensivistas, que trabalham nas UTIs, nas enfermarias, na frente”. “E a preocupação com as festas irresponsáveis de irresponsáveis que continuam circulando dentro da nossa cidade”, explicou.

“Por uma questão de coerência com a nossa postura desde março, o comitê decidiu não fechar a cidade nessa semana. Sugeri ao prefeito que não fechasse porque um dos indicadores está vermelho, um amarelo e um verde [a taxa de transmissão], motivada pela cidade mais vazia”, afirmou o secretário de Saúde, Jackson Machado, líder do comitê da PBH.

Impacto do Natal e Réveillon

O secretário explicou que o comitê decidiu esperar até janeiro, quando vai analisar o reflexo das festas de fim de ano. “Nós aguardamos uma semana para mensurar o impacto do Natal e do Réveillon nos nossos números. Então nesta semana a gente consegue ter uma noção do que vai acontecer antes de penalizar as atividades econômicas”, disse.

O principal responsável pelas restrições na cidade, no entanto, afirmou que não existe um parâmetro para que o fechamento ocorra. “Não temos parâmetros ainda para fechar a cidade, mas estamos muito preocupados com o que pode acontecer na semana que vem. O nosso alerta é para as pessoas se cuidarem, o nosso objetivo não é penalizar ninguém, o nosso objetivo é salvar vidas. Porque uma vida importa pra nós”, disse Jackson Machado. “Então proibir venda de bebida alcoólica para salvar uma vida pra nós já valeu a pena”, finalizou.

Comerciantes aflitos

A onda de preocupação com a possibilidade de um novo fechamento do comércio em BH já vinha crescendo há alguns dias. Ainda nessa terça-feira (29), antes do anúncio da PBH, a CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) divulgou uma nota se manifestando contra qualquer novo fechamento na capital. No comunicado, a entidade defendeu que não há comprovação científica de que o comércio contribua diretamente para o aumento dos casos e pontuou que a maioria dos lojistas colabora com as medidas sanitárias recomendadas.

“Além de solicitar à prefeitura que não feche novamente o comércio, reiteramos nossa disposição de dialogar e colaborar efetivamente com o poder público”, disse Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL-BH. Ele reforçou ainda que um novo fechamento sacrificaria ainda mais os comerciantes. “Reafirmamos: se alguém se sacrificou para salvar vidas em nossa cidade, esse alguém foi o comércio”, disse.

Sem bebidas e sem fogos

A flutuação nas regras quanto ao funcionamento do comércio na capital já não é estranha ao belo-horizontino. Ainda no início deste mês, a PBH já havia voltado atrás e proibido os moradores de consumir bebidas alcoólicas em bares, restaurantes, padarias, praças de alimentação e feiras da capital. A medida foi justamente uma tentativa para tentar barrar o contágio na reta final do ano – período que preocupa autoridades e especialistas.

Outra medida tomada para tentar controlar o avanço dos casos foi o veto à realização de festas de Réveillon, anunciado também no início deste mês. Na ocasião, a PBH anunciou que suspenderia o licenciamento de eventos gastronômicos, shows e espetáculos. Foram vetados inclusive daqueles que já tinham enviado o pedido para a prefeitura, mas ainda não tinham obtido uma resposta. Essa restrição já havia sido sinalizada como uma possibilidade no decreto de 31 de outubro, que autorizou a retomada de parte dos eventos.

Edição: Thiago Ricci
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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