Bombeiros encontram corpo de terceira vítima de tragédia em Capitólio

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Jovens eram de Oliveira, no Centro-Oeste de Minas, e estavam passeando na cachoeira (Reprodução/Facebook/Prefeitura Municipal de Oliveira)

O corpo do jovem de 23 anos que foi arrastado pela tromba d’água em uma cachoeira de Capitólio, no Sul de Minas, foi encontrado na tarde de hoje (4). Jardyan Chagas Resende é a terceira vítima do episódio ocorrido no sábado (2), que deixou outras 16 pessoas feridas. Segundo o Corpo de Bombeiros, o corpo estava submerso a uma profundidade de quatro metros, próximo ao local conhecido como primeira cachoeira, que tem a maior queda da região.

Além de Jardyan, o passeio que era para ser de descanso e diversão também tirou as vidas das jovens Elayla Chagas Resende, de 24 anos, e Helen Cristina dos Santos, de 27. As duas foram arrastadas pela força da água e encontradas mortas pouco depois. Já o jovem, que também foi arrastado, foi visto submergindo na água, mas só foi localizado hoje. Os três são da cidade de Oliveira, no Centro-Oeste de Minas.

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Militares trabalhavam há dois dias no local (CBMMG/Divulgação)

Ainda nesse domingo (3), a prefeitura da cidade já havia divulgado uma nota de pesar. “A Prefeitura Municipal de Oliveira vem a público manifestar às famílias enlutadas o mais profundo sentimento de pesar”, diz o comunicado, que identifica as vítimas e explica o caso. “Que suas almas descansem em paz e que Deus conforte seus familiares, amigos e admiradores”, conclui.

Últimos momentos

O BHAZ conversou com a turista que esteve com Elayla e Helen momentos antes de elas serem arrastadas pela água. Juliana de Almeida Gonzaga conta que conheceu as duas jovens mineiras já na cachoeira e que ninguém do grupo poderia imaginar o que estava por vir. “Quando nós percebemos o aumento do volume de água, estávamos num grupo de quatro pessoas de São Paulo e as duas moças de Oliveira. A gente estava ali conversando, falamos que a água estava bem gelada, estava todo mundo bem. E quando a água começou a subir, a gente começou a ser arrastado”, lembra.

Juliana e os amigos conseguiram chegar até a margem do rio, de onde perceberam que as duas jovens de Oliveira não tiveram a mesma sorte. Além de Elayla e Helen, outro amigo de Juliana que estava com o grupo também foi arrastada pela água – Julio Lopes, vítima que sofreu os ferimentos mais graves. Ao ser arrastado pela água, ele fraturou quatro costelas e a mandíbula. “A gente ficou ilhado por duas horas em cima de uma pedra. Não tinha saída, não tinha trilha, não tinha onde segurar”, lembra a jovem.

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Depois de ser arrastado e sofrer várias fraturas, rapaz ficou ilhado por horas em pedra (Arquivo Pessoal/Juliana Gonzaga)

O amigo dela foi resgatado com vida e levado à Santa Casa de Passos, no Sul do estado, onde está internado até hoje. O estado de saúde dele é estável, mas a distância e o trauma ainda afligem os amigos. “Ele não pode ser trazido para São Paulo, porque teve muitas fraturas e corre risco de perfurar o pulmão. Nesse momento, a gente só está rezando pela recuperação do Julio e tentando digerir, a gente ainda está muito abalado”, conta Juliana.

‘Não tinha nenhuma estrutura’

Além das horas que precisaram passar ilhados e com medo das águas agitadas, Juliana e dois amigos ainda precisaram enfrentar um outro desafio: tiveram que sair do local sozinhos. “Como o resgate ia demorar muito para chegar, um policial aconselhou a gente a procurar outra alternativa de sair dali por conta própria”, lembra. Eles ficaram ilhados na margem esquerda do rio e contam que não havia qualquer estrutura que pudesse ajudá-los.

“Essa saída não tinha nenhuma infraestrutura, era de difícil acesso mesmo”, conta Juliana, que sofreu vários ferimentos e arranhões tentando escapar. “Tinha momentos que a gente tinha que ir de joelhos, precisava escalar com as mãos para chegar até a rodovia, por onde a gente saiu. Estamos ralados por causa da escalada, mas graças a Deus estamos bem”, lembra.

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Grupo ficou ilhado na margem esquerda do rio e precisou escalar para sair por conta própria (Arquivo Pessoal/Juliana Gonzaga)

‘Nuvem branca’

Além dos três mortos e 16 feridos, dezenas de outros turistas sofreram arranhões leves tentando escapar em meio ao pânico e vários ainda lidam com o trauma das cenas que viram. É o caso do paulista Luiggi Pavaneli, que estava com um grupo de nove pessoas no local que foi atingido pela cabeça d’água. Em entrevista anterior ao BHAZ, ele contou que viu uma “nuvem branca” se aproximando e gritou para que a família corresse.

“Eu olhei para trás e vi uma nuvem branca. Só deu tempo de gritar ‘sobe, sobe, sobe!’, aí já veio aquele tanto de água, veio gente caindo já desmaiada, veio tudo de uma vez”, lembrou (veja detalhes aqui). Segundos depois, eles descobriram que Luiggi estava certo em se preocupar – e que a “nuvem” era, na verdade, um perigo muito maior: a água que arrastou 20 pessoas e matou três.

Nota da prefeitura de Oliveira na íntegra:

A Prefeitura Municipal de Oliveira, por meio da Prefeita Cristine Lasmar, Vice-prefeito Chicre Abud, Secretários e Servidores, vem a público manifestar às famílias enlutadas o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento dos Oliveirenses Helen Cristina, Elayla Chagas e Jardyan Resende. A tragédia aconteceu em Capitólio, sul de Minas Gerais quando foram arrastados pela correnteza.Que suas almas descansem em paz e que Deus conforte seus familiares, amigos e admiradores. A Prefeita Cristine Lasmar decretou Luto Oficial de três dias. As Bandeiras Oficiais deverão ser hasteadas a meio mastro.Prefeitura Municipal de Oliveira
Atualização 03 de janeiro de 2021 – 18hs: Segundo informações do Corpo de Bombeiros até o presente momento Jardyan Resende não foi encontrado.

Edição: Roberth Costa
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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