Comerciantes prometem ‘onda de desrespeito’ se Kalil não mudar decreto

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Manifestação foi realizada em frente à PBH (Moisés Teodoro/BHAZ)

Comerciantes de Belo Horizonte prometem desrespeitar o decreto do prefeito Alexandre Kalil (PSD) que determina o funcionamento apenas dos serviços essenciais na capital mineira. A medida que passou a valer nesta segunda-feira (11) visa diminuir o contágio pelo novo coronavírus. Uma manifestação foi realizada na porta da prefeitura pedindo a revisão do documento.

“O decreto do Kalil é um absurdo, é lamentável e completamente errado. O prefeito reduziu os leitos para atender os pacientes de Covid-19. A culpa não é nossa, mas dele que é um péssimo gestor. Estamos pagando pelos erros dele. A gente não aguenta mais”, diz Marcus Hofman, presidente do Gare (Grupo de Academias Responsáveis e Éticas) ao BHAZ.

O primeiro fechamento do comércio na capital mineira impactou negativamente nos cofres das academias, conforme detalha Hofman. “Ficamos seis meses fechados e só os valores dos aluguéis acabaram com os cofres de muitos. Agora vai fechar mais um bocado. Todos precisam trabalhar”.

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Manifestantes pediram mudança no decreto da PBH (Moisés Teodoro/BHAZ)

Cobrança por leitos

O presidente da Abrasel-MG (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais), Mateus Daniel, cobra da prefeitura a abertura de mais leitos para tratar o novo coronavírus. “A gestão da cidade não poderia ter desmobilizado os leitos. A falta de gestão do Kalil está prejudicando toda cidade. Estamos nesta manifestação lutando para manter os empregos dos nossos funcionários”.

“O novo fechamento dos comércios tende a quebrar as empresas ainda mais. O secretário de Saúde [Jackson Machado] prometeu que haveria 729 leitos de UTI. Cadê?”, questiona o representante da entidade.

Diálogo

Na manifestação, que ocupou as faixas da avenida Afonso Pena, estiveram presentes políticos. Um deles foi o vereador Ciro Pereira (PTB) que cobra diálogo do Executivo municipal. “A prefeitura precisa dialogar mais com os setores e os comerciantes envolvidos no fechamento. Comércio fechado, quando tivemos, não mostrou significante a ponto de fechar mais uma vez”, disse à reportagem.

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Ato ocupou faixas da avenida Afonso Pena (Moisés Teodoro/BHAZ)

“Precisamos reabrir os leitos e o prefeito tem que dialogar com a Câmara [Municipal] e com todos os atores envolvidos. Não podemos matar o setor econômico da cidade. É preciso achar uma saída para preservar vidas e ajudarmos os pais de família que precisam sair de casa para levar o alimento para casa”.

‘Onda de desrespeito’

Uma reunião entre setores do comércio e representantes da prefeitura de BH está marcada para acontecer nesta tarde. Na pauta estará o pedido para que o decreto seja revisado e alterado, conforme diz Hofman. “Nós vamos tentar o diálogo, tanto que temos reunião com o secretário Jackson logo mais. O prazo que damos para mudar o decreto é esta semana”, diz.

Se apenas os serviços essenciais puderem continuar funcionando, os setores afetados prometem desrespeitar a determinação. “Se eles não reverterem o decreto, vai ser uma onda de desrespeito. Todo mundo vai abrir. Ninguém aguenta”.

PBH

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do portal, prestou esclarecimentos sobre os leitos para tratar os pacientes. De acordo com o Executivo municipal, “diferentemente do que ocorreu no meio de 2020, no primeiro aumento de demandas de internação de pacientes com suspeita de Covid, a demanda de internação de outras doenças também tem sido alta, o que está dificultando fazer remanejamento de leitos nos hospitais para atendimento de pacientes com suspeita de Covid”.

Outro empecilho é a “exaustão dos profissionais de saúde após um ano de muito trabalho no combate à pandemia”. “Há também um aumento de licenças médicas e pedidos de férias que foram acumuladas ao longo do ano, o que tem ampliado a dificuldade de contratação imediata de profissionais de saúde no mercado para manutenção dos leitos necessários na cidade”, explica em um dos trechos.

Apesar das dificuldades, a PBH informou que ” já tem o compromisso de alguns hospitais de rede, por exemplo, o Mário Pena, Baleia, Risoleta Neves e Santa Casa para abertura de leitos Covid nas próximas semanas”. O esclarecimento da prefeitura pode ser lido na íntegra aqui.

Pandemia em BH

O último Boletim Epidemiológico e Assistencial da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) indica que 68.213 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus, enquanto 1.938 morreram. O número de recuperados chegou a 62.042 e o de pacientes em acompanhamento está em 4.233

Os indicadores utilizados pelo Executivo municipal para avaliar a pandemia na capital mineira apontam:

  • Número médio de transmissão por infectado (RT) – 1,03 – nível amarelo
  • Ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Covid-19 – 83,3% – nível vermelho
  • Ocupação de leitos de enfermaria Covid-19 – 65,3% – nível amarelo
indicadores pandemia
Indicadores da pandemia na capital mineira (Reprodução/PBH)

O informe pode ser lido aqui.

Edição: Vitor Fernandes
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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