Homenagem marca dois anos da tragédia de Brumadinho; ‘Não se repetirá’, diz Zema

zema brumadinho
Zema durante ato de homenagem às vítimas do rompimento de barragem em Brumadinho (Moisés Teodoro/BHAZ)

A cidade de Brumadinho alcançou, hoje (25), a marca de dois anos desde o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão. Para lembrar as vítimas, e não deixar o crime ambiental cair no esquecimento, familiares dos atingidos, militares do Corpo de Bombeiros e representantes do poder público se reuniram na base de operações dos bombeiros para uma homenagem. O governador Romeu Zema (Novo) também esteve no ato.

“A dois anos atrás, nesse momento, eu já estava aqui em Brumadinho para me inteirar do que estava acontecendo, porque ainda não havia confirmação da magnitude do que estava acontecendo”, disse o governador, após receber, ao lado de outras autoridades, uma homenagem dos familiares das 272 vítimas da tragédia.

Ato em Brumadinho teve um minuto de silêncio e contou com participação de Zema
(Moisés Teodoro/BHAZ)

Zema agradeceu a todos os profissionais que trabalharam para minimizar as consequências da tragédia, em especial o CBMMG (Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais), que apontou como “a instituição que mais trabalhou”.

O governador também aproveitou para reforçar publicamente o compromisso do estado em encontrar todas as 11 vítimas que ainda não foram localizadas. “Fica aqui o compromisso nosso de continuarmos as buscas. É um direito das famílias terem os seus entes de volta e nós levaremos esse trabalho adiante enquanto for necessário”, disse.

A continuação dos trabalhos até que todas as 11 joias sejam localizadas também é uma das condições estipuladas pelo Governo de Minas no acordo que está em negociação com a Vale para determinar a indenização que deve ser paga ao poder público pelos danos causados.

‘Onze famílias ainda rezam’

A cerimônia, que começou com um minuto de silêncio e uma oração em homenagem às vidas tiradas pelo crime ambiental, também contou com a participação dos familiares das vítimas e membros da Avabrum (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão Brumadinho).

Em um ato simbólico ao lado de Zema, os integrantes colocaram rosas em cruzes com os nomes dos familiares perdidos. Em outro momento emocionante, prestaram continência aos bombeiros que estavam no local, como forma de agradecimento aos trabalhos que ajudaram a trazer consolo e uma despedida digna.

Familiares prestaram homenagens às vítimas durante o ato (Moisés Teodoro/BHAZ)

“Hoje estamos aqui vivenciando e fazendo parte da maior operação de buscas e resgate, da maior operação empregada no mundo”, disse Jojo Rezende, integrante da Avabrum, convidada para discursar na cerimônia. Ela lembrou que a magnitude do trabalho é resultado de um esforço individual de cada militar que se dedica às buscas e agradeceu à corporação, mas lembrou também que o que a lama arrastou é muito maior.

“Não são os números que impactam nessa grandiosa operação, mas sim o motivo de ela existir: 272 vidas interrompidas, 272 famílias desesperadas à procura de seus entes queridos. Duzentas e cinquenta e nove já puderam se despedir de suas joias e agradecem imensamente aos trabalhos empregados pelos bombeiros”, disse Jojo, que também reforçou que o pesadelo ainda nåo acabou: “Onze famílias ainda rezam para conseguir encontrar suas joias”.

Além de homenagear as vidas perdidas para a lama da mineradora, a cerimônia serviu para reafirmar, do lado dos familiares, a luta por justiça e para marcar, do lado do governo, um compromisso com a população. “Há dois anos atrás, o mundo mudou por completo, mas eu tenho certeza de que lições foram tiradas dessa tragédia. E uma delas é que, no que depender de nós, isso não se repetirá. Não podemos ter mais famílias destroçadas”, afirmou Zema.

Acordo bilionário

Dois anos depois que a lama de rejeitos desceu, Vale e Governo de Minas ainda não chegaram a um acordo sobre a indenização que deve ser paga ao poder público. A audiência de conciliação mais recente ocorreu na última quinta-feira (21) e, mais uma vez, terminou sem uma solução.

O que trava a negociação é o valor a ser pago. A proposta inicial, apresentada pelo governo do estado desde a primeira sessão de conciliação, em outubro do último ano, era que a Vale pagasse um montante de aproximadamente R$ 26,7 bilhões de compensação mediante o custeio de projetos.

Bombeiros de Minas também foram lembrados durante a cerimônia
(Moisés Teodoro/BHAZ)

Além disso, a proposta também inclui um pedido de indenização de cerca de R$ 28 bilhões por danos morais coletivos e danos sociais. A Vale, no entanto, se propôs a pagar não mais do que R$ 30 bilhões no total – sem incluir as indenizações aos familiares dos atingidos, que devem ser definidas em processos separados.

Com mais uma audiência terminada sem acordo, a mineradora recebeu um novo prazo: agora, tem até a próxima sexta-feira (29) para estipular uma nova proposta de valor.

Edição: Roberth Costa
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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