Blocos de rua defendem cancelamento do Carnaval 2021 em BH

monobloco carnaval 2020
Trinta e três blocos assinaram comunicado defendendo cancelamento da festa (FOTO ILUSTRATIVA: Moisés Teodoro/BHAZ)

A AbraBH (Associação dos Blocos de Rua de Belo Horizonte) emitiu um comunicado defendendo o cancelamento total do Carnaval 2021 na capital. Em nota divulgada nesta quinta-feira (28), a entidade reforçou que a medida é imprescindível para a garantia da saúde coletiva no município e pediu aos foliões que, pelo menos neste ano, fiquem em casa.

Até mesmo um Carnaval fora de época é descartado pela associação, que pontuou que, em função da pandemia, os blocos não tiveram tempo para se preparar adequadamente.

“Solidários com os anseios de quem pensa no bem-estar coletivo, nós, representantes da AbraBH, concordamos, apoiamos e reiteramos a importância da não-realização das festividades presenciais do Carnaval em 2021”, diz o comunicado.

A nota, assinada por 33 blocos da capital, reforça as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para que todos evitem aglomerações e pontua: “Não vemos com prudência e responsabilidade colocar um bloco na rua, independentemente do seu tamanho ou do número de foliões que arrasta”.

“Somados, arrastamos mais de 965 mil foliões, entre o pré-Carnaval e o Carnaval em 2020. A AbraBH pede a todos estes seus milhares de foliões que permaneçam em casa entre 12 e 16 de fevereiro”, diz o comunicado. A associação ainda defende que os blocos não querem carregar a responsabilidade por aumentar os casos de Covid-19: “Queremos sim, foliões imunizados para que todos possam se abraçar, brincar e pular em todas as praças da capital mineira e celebrar ainda mais a vida”.

Carnaval fora de época

Diante da necessidade de suspender a festa na época tradicional, muitas autoridades de diversos pontos do Brasil – inclusive BH – consideram a realização de um Carnaval fora de época ainda neste ano. A entidade, no entanto, pontua que essa medida também não é viável. “Com a pandemia, nenhum bloco de rua pôde se programar para levar alegria aos foliões. Não foram promovidos ensaios, oficinas, encontros, reuniões e debates – nada presencial para discutir o assunto”, lembra.

Por outro lado, o comunicado também reforçou que o papel que os blocos de rua exercem na cidade vai além de apenas uma data específica. “Fazemos Carnaval, contribuindo para uma cidade melhor, o ano inteiro, com muito trabalho, profissionalismo e respeito à cidade e aos seus espaços”, diz a nota, que ainda conclui: “Então, vamos deixar tudo isso passar para, depois, pular na praça”.

Comunicado na íntegra

“Deixa tudo passar que a gente vai se abraçar, pular de novo na praça! Deixa tudo passar que a gente vai se abraçar e pular de novo na praça!
Deu saudade do abraço e do aperto de mão. De ver a multidão transbordando alegria, de cair na folia junto com a galera! Dizemos pra esse povo se cuida e espera! Que tudo vai passar, a força está em nós! O riso e a alegria que nos contagia, enche de euforia e enfeita a cidade em qualquer Carnaval”.
Estes são os versos da canção “De novo na praça” composta pelo músico Alex Rodrigues especialmente para uma campanha de motivação da população e para arrecadação de recursos para ação social com moradores em situação de rua. A letra expressa muito bem o período que estamos vivendo com os efeitos da pandemia provocados pelo novo coronavírus. Solidários com os anseios de quem pensa no bem-estar coletivo, nós, representantes da Associação dos Blocos de Rua de Belo Horizonte (AbraBH), concordamos, apoiamos e reiteramos a importância da não-realização das festividades presenciais do Carnaval em 2021.
A AbraBH segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de não promover eventos presenciais que possam gerar grandes aglomerações. Ao todo, fechados com esta decisão, a entidade reúne 33 blocos em sua composição. Somados, arrastamos mais de 965 mil foliões, entre o pré-Carnaval e o Carnaval em 202. A AbraBH pede a todos estes seus milhares de foliões que permaneçam em casa entre 12 e 16 de fevereiro, período em que seriam realizados os cortejos que anualmente cada bloco prepara com tanto carinho, luta, resistência e alegria, muita alegria!
Mesmo com a população já tendo começado a ser vacinada, inicialmente com os trabalhadores da área da saúde, não vemos com prudência e responsabilidade colocar um bloco na rua, independentemente do seu tamanho ou do número de foliões que arrasta.
Nem mesmo a possibilidade de promover o Carnaval em outra data, este ano, acreditamos ser viável. Com a pandemia, nenhum bloco de rua pôde se programar para levar alegria aos foliões. Não foram promovidos ensaios, oficinas, encontros, reuniões e debates – nada presencial para discutir o assunto “desfiles presenciais”. Embora, nas redes sociais, tenhamos conseguido realizar algumas ações importantes, inclusive para a socialização de foliões, promoção de campanhas de apoio a comunidades e a preservação do equilíbrio emocional de diversas pessoas. Muitas pautas importantes, até mesmo questões humanitárias e sociais foram tratadas, mas nada com o calor humano, o abraço, o aperto de mão de que tanto gostamos!
Não queremos ser responsabilizados pelas aglomerações e muito menos por aumentar os casos de Covid-19 em Belo Horizonte. Queremos sim, foliões imunizados para que todos possam se abraçar, brincar e pular em todas as praças da capital mineira e celebrar ainda mais a vida!

Então, vamos deixar isso tudo passar para depois, pular na praça! Mas com responsabilidade! Reiteramos ainda a importância do Carnaval não apenas como uma festividade sazonal, mas sim como uma grande engrenagem social que possibilita a geração de renda, captação de recursos para o município, promoção da saúde mental, defesa de causas sociais de grande relevância. Fazemos Carnaval, contribuindo para uma cidade melhor, o ano inteiro, com muito trabalho, profissionalismo e respeito à cidade e aos seus espaços.

Assinam essa carta os blocos:

  1. A luz de Tieta
  2. Alalaor
  3. Andacunfé
  4. Anjos do Céu
  5. Betânia Custosa
  6. Bloco de Belô
  7. Bloco do Bigode
  8. Carnaflora
  9. Coco da Gente
  10. Com Sagrados
  11. Cowboy di Buteco
  12. Filhos da PUC
  13. Bloco da Fofoca
  14. Garota eu vou pro Califórnia
  15. Gato Escaldado
  16. Bloco Intervalo
  17. Bloco do Padreco
  18. Bloco da Kel
  19. Mamamiga Folia
  20. Nada Santa
  21. O rei e a jovem guarda
  22. Pescoção
  23. Românticos são loucos, o bloco
  24. Tamborins Tantãns
  25. Timbaleiros do Ghetto
  26. Bloco da Saudade
  27. Sexta, ninguém sabe
  28. SBC – Samba, bobagem e cerveja
  29. Bloco do Torresmo
  30. Unidos da Estrela da Morte
  31. Vou ali e volto
  32. Ziguiriguidum
  33. Bloco da língua
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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