Polícia descarta mural ‘Deus é mãe’ como alvo de investigação; entenda

Mural do CURA em BH
Os supostos crimes investigados não foram especificados no inquérito policial (Reprodução/@cura_art/Twitter)

A Polícia Civil informou, nesta sexta-feira (5), que a obra “Deus é mãe”, do Festival CURA (Circuito Urbano de Arte), não é investigada, mas sim pichações no entorno dela. A polêmica teve início na última semana, quando organizadores do festival alegaram perseguição à arte periférica e racismo como motivações da investigação.

De acordo com o advogado Felipe Soares, que representa a equipe do festival, uma das idealizadoras do CURA foi intimada a depor em dezembro, mas a Polícia Civil não especificou o motivo da intimação. Quando o advogado tomou conhecimento do inquérito, viu que se tratava de uma investigação a respeito da obra no edifício Itamaraty, na rua dos Tupis, e que organizadoras do festival e artistas constavam como investigados.

O painel exposto no edifício se trata do maior mural em empena do Brasil, criado pelo artista Robinho Santana, chamado “Deus é mãe”. A obra representa uma mãe negra segurando o filho nos braços. A moldura do painel foi feita em caligrafia com estética do pixo, típica da arte urbana, e inclui frases como “Ô mãe, olha como me olham”, trecho de “A Música da Mãe”, do rapper Djonga.

Investigações anteriores à obra

Segundo o delegado responsável pelo caso, Eduardo Vieira, as investigações sobre o fato são anteriores à concepção de uma obra artística que hoje se encontra no edifício. “Nossos levantamentos foram motivados anteriormente, por meio de mais de uma denúncia de condôminos que indicaram diversos atos de vandalismo, resultando em pichações que acabaram sendo cobertas quando da instalação do painel no edifício”, destacou.

Segundo Vieira, uma série de crimes contra o patrimônio e o meio ambiente é investigada, uma vez que os denunciantes indicaram invasões, arrombamentos e depredações diversas quando o prédio passou a ser pichado. “Esses suspeitos teriam, inclusive, valido-se de técnicas de rapel para consumar os supostos atos de vandalismo”, acrescenta o delegado.

Além das pichações antigas, a polícia constatou que as mesmas foram refeitas nas bordas do painel artístico instalado no local. “Além disso, outras pichações novas surgiram e, ao que tudo indica, são referentes a associações criminosas envolvidas em outras pichações em Belo Horizonte”, explicou Vieira.

O inquérito que apura os responsáveis pelos atos de vandalismo está sob segredo de Justiça e, portanto, detalhes das investigações ainda não podem ser repassados. Contudo, Vieira adiantou que várias provas estão sendo levantadas para robustecer as investigações. “Como instituição defensora dos direitos constitucionais, a PCMG tem o dever de trazer à luz da sociedade os fatos que envolvem o nosso trabalho, uma vez que tudo está sendo devidamente acompanhado pelo Poder Judiciário e o Ministério Público”, enfatiza.

O chefe do Dema, Bruno Tasca, adianta que todas as informações serão fornecidas à sociedade após a conclusão do inquérito policial. “Estamos empenhados para trazer uma resposta efetiva a esses atos criminosos, como é o nosso dever”, concluiu.

Com Polícia Civil

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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