Bebê morre após dar entrada em UPA com sinais de extrema violência

UPA Leste
A criança foi levada para atendimento na UPA Leste com marcas de extrema violência (Reprodução/Google Street View)

Um bebê morreu na noite dessa quarta-feira (24) após dar entrada em uma unidade de saúde em Belo Horizonte com sinais de extrema violência espalhados pelo corpo. O garotinho já tinha sido atendido na mesma UPA (Unidade Pronto de Atendimento) em outubro do ano passado, quando também apresentou lesões graves. A suspeita das autoridades é que o bebê tenha sido espancado – a mãe e o padrasto foram presos.

O bebê chegou ontem à UPA Leste, por volta das 20h40, em parada cardiorespiratória, fratura na perna esquerda, além de hematomas por todo o corpo: queixo, crânio, tórax, costas, face e braço. A equipe fez todos os procedimentos médicos possíveis, mas o menininho de 1 ano e 5 meses morreu. Segundo a PM, o médico que prestou os cuidados iniciais informou que a criança tinha sinais de extrema e constante violência.

Contradições

Assim que deu entrada, a mãe informou à equipe médica que o bebê tinha sofrido uma pisada na cabeça. Quando foi questionada pelos policiais, a mulher de 19 anos apresentou outra versão. De acordo com os militares, ela disse que passeou pelo Centro de BH durante a manhã de ontem e, em um ponto perto da Praça Sete, foi atacada por um cachorro. Para proteger o filho, arremessou o bebê para longe, que, por causa da queda, teve alguns machucados.

Ainda conforme a narrativa apresentada, ela achou que os ferimentos não eram graves e foi, com o menino, para a casa do companheiro, de 23 anos. Indagada, a jovem não se lembrou em qual rua ocorreu o suposto ataque do cão. Já o padrasto da criança disse que não presenciou o momento em que o bebê se machucou e que a mulher apresentou uma outra versão.

O rapaz informou aos militares que a jovem, na verdade, estava em casa com ele pela manhã. Ela teria saído da residência dele sozinha com o menino quando foi atacada por um cão. Nesse ponto, a versão é a mesma: ela jogou o bebê para longe com o intuito de protegê-lo. Mas a altura da queda seria ainda maior porque o suposto ataque teria ocorrido em uma rampa. A mulher só teria retornado à residência com o bebê à noite, quando o casal decidiu levá-lo à UPA.

Mas todas as informações, segundo o padrasto, foram passadas a ele pela jovem, já que ele mesmo não presenciou nada. Os militares ainda relataram que a mãe não demonstrou tristeza em momento algum com a morte do filho. A PM decidiu prender os dois e levá-los à delegacia suspeitos de cometer homicídio.

Lesões graves em 2020

O mesmo garotinho já tinha sido atendido na UPA Leste em outubro do ano passado. Na ocasião, ele deu entrada com lesão grave no braço esquerdo e, segundo a equipe médica, tal fratura era incompatível com a versão apresentada pela mãe. A jovem disse que ele tinha caído do berço três dias antes e que, apenas no dia anterior, tinha notado inchaço no bracinho. Por fim, disse que o bebê nunca havia se machucado antes.

No entanto, a equipe médica identificou duas fraturas calcificadas: uma na clavícula e outra na costela. As fraturas eram bem mais antigas do que a lesão no braço esquerdo e, por isso, era impossível que tivessem ocorrido na mesma ocasião. Aos militares, a jovem sustentou a versão de que o bebê havia caído do berço e que jamais tinha sofrido maus-tratos por ela, pelo pai ou padrasto.

Como o garotinho ainda estava sendo medicado e a jovem estava amamentando, as autoridades decidiram não conduzi-la à delegacia. A avó foi convidada a prestar depoimento, mas se recusou. O Conselho Tutelar chegou a ser acionado, segundo a PM.

Quatro meses depois, o bebê voltou à mesma UPA já praticamente morto com suspeitas de espancamento.

Edição: Thiago Ricci

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