Ex-governador de MT morre de Covid-19 após tomar 1ª dose de vacina

ex-governador-mato-grosso
Frederico Campos se contaminou antes de tomar a 1ª dose ou do organismo criar imunidade, diz especialista (Marcus Mesquita/Governo de Mato Grosso)

O ex-governador do Mato Grosso, Frederico Campos, morreu em decorrência da Covid-19 na madrugada desta segunda-feira (1°). O político estava internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) de um hospital particular de Cuiabá. Frederico havia recebido a primeira dose da vacina contra a doença uma semana antes da internação, que durou nove dias. O sepultamento acontecerá hoje.

Frederico Campos recebeu o diagnóstico de Covid-19 uma semana após receber a primeira dose da vacina contra a doença. No dia 19 de fevereiro, o ex-governador teve que ser internado em uma UTI, pois seu estado de saúde era grave. Conforme os familiares informaram ao G1, a internação também se deu pela idade avançada do político, que tinha 93 anos. Na manhã de hoje, o Governo de Mato Grosso anunciou a morte de Frederico.

Por meio de nota, o governo do estado mato-grossense, além de lamentar a morte de Frederico Campos, decretou luto oficial de três dias. Segundo o informe, o político ocupou o posto de segundo governador de Mato Grosso, após a divisão com Mato Grosso do Sul, em 1977. Frederico assumiu o governo de 1979 a 1983, indicado por Ernesto Geisel. Além disso, também assumiu o posto de prefeito de Cuiabá, de 1989 a 1993.

“É com grande tristeza que recebemos a notícia da morte do ex-governador Frederico Campos. Mesmo sem cargos públicos, nos últimos anos, nunca se afastou da política e sempre tinha um conselho, uma orientação, para aqueles que estavam começando. Eu e minha esposa desejamos força neste momento de luto à toda família e que Deus possa abençoá-lo e recebê-lo de braços abertos”, disseram o atual governador do estado, Mauro Mendes, e sua esposa, Virginia Mendes.

Morte mesmo com vacina?

Ao BHAZ, o médico infectologista Leandro Curi explicou que a morte do ex-governador não aconteceu por ele ter recebido o imunizante contra o coronavírus. “A Coronavac, por exemplo, é uma vacina com o vírus inativado, o vírus morto, ele não tem poder de replicação e de criar o coronavírus. E a Oxford, a segunda disponível no Brasil, trabalha com parte do vírus, então também não tem chance de contaminação por ela não”.

No caso de Frederico Campos, o infectologista disse que provavelmente ele se infectou antes ou depois da imunização, e que a vacina não teve tempo de fazer efeito. “Ou ele já estava infectado antes e vacinou, essa é uma das possibilidades, o vírus fez a incubação, ele piorou depois e morreu. Ou ele se infectou depois da vacina, porque ainda não tinha dado tempo dela fazer o anticorpo. Mas não por causa da vacina”.

“Existem vacinas que têm vírus enfraquecidos nelas, por exemplo, a da febre amarela, do sarampo… São tecnologias mais antigas, mas hoje em dia não se usa o vírus vivo mais para não dar a chance da pessoa adoecer. O indivíduo pode ter efeitos colaterais, mas não adoecer daquela doença. É muito comum a pessoa ter um mal-estar, pode acontecer. Tem gente que relata que, depois da vacina da gripe, ficou em situação febril”.

Segundo Leandro Curi, essas reações são normais e fazem parte de um processo que o corpo realiza ao receber uma substância diferente. “Isso é natural, porque foi injetado um antígeno, uma coisa que não é dela, dentro do corpo da pessoa. O sistema imune faz uma reação e o indivíduo tem os sintomas mesmo, mas não pegar a doença”, disse.

Imunidade

Quando perguntado se Frederico Campos poderia ter se infectado por ter tomado apenas uma dose da vacina, o médico disse que a questão foi o tempo de ação. “Ele já poderia ficar imune na primeira dose, é claro que você vai estar completamente imunizado depois da segunda dose, mas ele poderia ficar imune. Só que não deu tempo do sistema imune dele atuar para impedir a doença. Se a pessoa já está infectada, a vacina não adianta, o vírus já está no corpo e não vai dar tempo de criar anticorpos”.

Edição: Thiago Ricci
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!