Professor é espancado e chamado de ‘vírus chinês’ em ataque racista

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Professor da Universidade de Southampton, no Reino Unido, foi agredido à luz do dia (Handout + Reprodução/University Of Southampton)

Um professor universitário chinês foi espancado durante um ataque racista na última terça-feira (23), no Reino Unido. As agressões partiram de quatro homens brancos, com idades entre 20 e 25 anos, e o motivo do ataque foi a associação preconceituosa de pessoas chinesas ao coronavírus. De acordo com o South China Morning Post, um dos agressores chegou a gritar “vírus chinês, saia!”, enquanto espancava o professor.

Peng Wang, de 37 anos, dá aulas de administração financeira na Universidade de Southampton. O professor estava correndo nos arredores de sua casa, na Grã-Bretanha, quando sofreu os ataques e agressões. A vítima contou que os agressores estavam em um carro e começaram a gritar palavras de ódio, mencionando o vírus.

“Alguns malucos gritaram comigo de dentro do carro do outro lado da estrada”, contou Wang, que também foi atacado com palavrões. “Eles disseram ‘vírus chinês’, saia [deste] país”, completou. O professor lembrou ainda que rebateu os ataques verbais e os homens retornaram com o carro, desferindo socos e pontapés. Ele ficou com o nariz sangrando e com hematomas no rosto e no braço.

Transeuntes que viram a agressão chamaram a polícia e a ambulância, e um dos suspeitos, de 21 anos, acabou sendo preso. Entretanto, o jovem foi liberado enquanto as investigações não terminam. O episódio reforçou o medo da comunidade chinesa que vive no local em relação ao ódio racial propagado em decorrência da Covid-19.

‘Está definitivamente piorando’

Em março do ano passado, após a chegada do vírus na ilha da Grã-Bretanha, um estudante de Cingapura, Jonathan Mok, foi vítima de ataques em Londres. Um jovem de 16 anos acabou condenado a 18 meses de serviço de reabilitação por agressão com motivação racial. Entre janeiro e junho de 2020, houve 457 relatórios policiais de crimes com essa motivação contra pessoas que se autoidentificam como chinesas.

“Está definitivamente piorando, desde o Brexit, e depois com a pandemia as pessoas ficaram intolerantes e irritadas”, disse Peng Wang. O professor nasceu em Tianjin, no nordeste da China, e mudou-se para Southampton em 2014, após concluir um doutorado na Finlândia. “Quando eu vim para o Reino Unido, eu corria à noite e não me preocupava com essas coisas”, lembrou Wang.

Nessa segunda-feira (1), ativistas da campanha “Southampton Stand Up to Racism” – em português, “Southampton Enfrenta o Racismo” – reuniram-se em solidariedade ao professor. Cerca de 300 pessoas compareceram à reunião online. Grupos comunitários também estão sendo treinados para oferecer apoio e aconselhamento às vítimas chinesas de ataques relacionados à Covid-19.

Edição: Giovanna Fávero
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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