Kalil anuncia fechamento de BH: ‘Números absolutamente assustadores’

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Kalil anuncia fechamento de BH a partir de sábado (Moisés Teodoro/BHAZ)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciou, no fim da tarde desta sexta-feira (5), o fechamento da capital mineira e a volta à estaca zero. A medida já passa a valer a partir de amanhã (6), às 14h. Portanto, já a partir deste sábado, apenas aqueles comércios considerados essenciais poderão abrir as portas. Este é o quarto fechamento de BH desde o início da pandemia, em março de 2020.

“São números absolutamente assustadores. Como não fechamos a cidade e o número caiu um por cento, eu caí num otimismo enganoso. Hoje teve uma alta de 7% nos nossos números e isso nos põe em sinal de alerta máximo”, afirmou Kalil. “Vamos dizer o seguinte sem muita expectativa: voltamos à estaca zero. Só abrem serviços essenciais a partir de amanhã, às 14h, vamos trancar a cidade novamente”, anunciou.

“Preciso da colaboração das cidades que rodeiam Belo Horizonte. Essa doença parece que não é contada em dia, é contada em hora. Nós precisamos tomar atitudes. Aos prefeitos do interior, a população entende, a população é inteligente e ela quer viver. Eu tenho dado matemático pra isso. Fui eleito em plena pandemia em 1º turno tendo uma das medidas mais duras”, cobrou o mandatário municipal.

Escalada

O chefe do Executivo municipal passou os últimos dias em reunião com o Comitê de Enfrentamento à Covid-19. Na quarta (3), Kalil chegou a definir que as aulas presenciais da rede municipal fossem adiadas. A retomada – que estava programada para o início de março – agora está sem previsão de volta. Durante o encontro de quarta-feira, Kalil não descartou a possibilidade de um novo fechamento na capital.

O BHAZ conversou com o infectologista Unaí Tupinambás, membro do comitê, logo após o encontro com o prefeito. Ele contou que foi difícil chegar a um consenso, já que as equipes de Saúde precisaram monitorar os dados do avanço da doença para definir um novo parecer. “Vamos avaliar os dados para ver se vamos manter a flexibilização, ou se vamos retroceder”, explica Unaí.

A situação da capital mineira foi avaliada como “complicada”. Unaí reforçou que o retorno à fase zero era uma possibilidade, já que os dados da Covid podem variar muito. “Não está fácil tomar essa decisão, tem sido difícil. Mas, se precisar, como o prefeito falou, fecha a cidade. Se os números apontarem para decisões assim”.

Ocupação de leitos no vermelho

O boletim dos indicadores de risco relacionados à Covid-19 desta sexta-feira (5) mostrou nova alta da taxa de ocupação de leitos de UTI: 81%. O índice ontem estava em 74,4%, um aumento de quase seis pontos percentuais em apenas um dia. Os outros indicadores se mantiveram estáveis, no nível amarelo: o fator RT – média de pessoas que um infectado consegue contaminar – está em 1,16 e a ocupação de leitos de enfermaria, 61,9%.

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Taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid subiu para 81% (PBH/Divulgação)

Por conta dos números alarmantes da capital, a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) decidiu reativar hoje as barreiras sanitárias para controle da Covid-19. A medida, que foi implantada pela primeira vez em maio de 2020, voltou como forma de reforçar a proteção e segurança dos moradores contra a doença.

Inicialmente, as barreiras serão implantadas em três vias da capital, além da rodoviária e da Estação Central do metrô. A fiscalização será uma ação conjunta da Secretaria Municipal de Saúde, Guarda Municipal, Polícia Militar, além de outros órgãos do município e do estado.

‘Onda roxa’ em Minas

No interior de Minas a situação não é diferente. O governador Romeu Zema (Novo) anunciou, na quarta (3), a criação da onda roxa, na qual municípios das regiões de Minas Gerais (veja quais aqui) que estão em situação crítica serão obrigados a enfrentar restrições de circulação e toque de recolher. A medida determina a suspensão do funcionamento de atividades não-essenciais (veja mais abaixo), a partir de amanhã (4), em duas regionais do estado: Noroeste e Triângulo Norte.

Todas as cidades das regionais serão obrigadas a adotar as medidas independentemente se, porventura, uma ou outra apresentar números mais amenos. “Nos casos de Uberlândia e Patos de Minas, cidades-pólo das regiões, os prefeitos tomaram medidas restritivas, mas não é o suficiente se as cidades do entorno continuam produzindo e enviando pacientes para lá”, exemplificou Zema, ao anunciar que as medidas extremas são obrigatórias para toda a região na onda roxa.

Inicialmente, a onda roxa terá a duração de 15 dias. “Espero que seja suficiente, mas estaremos revendo o que for necessário. Se daqui a dois, três dias for necessário que outra região migre para a onda, vamos ter que fazer. É necessidade, não é opção, não há outro caminho a não ser este”, completou o governador.

Restrições

Entre as restrições, estão a proibição de circulação de pessoas que não se deslocam para atividades essenciais; o toque de recolher das 20h às 5h; a proibição de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não moram juntas; entre outras:

  • Circulação de pessoas apenas em casos de atividades essenciais
  • Proibição de circulação de pessoas e veículos
  • Toque de recolher entre 20h e 5h
  • Proibição de circulação sem máscara em qualquer lugar, mesmo em espaço privado
  • Proibição de circulação de pessoas com sintomas de gripe, exceto para realizar exames
  • Reuniões presenciais proibidas, mesmo pessoas da mesma família, que não moram na mesma casa
  • Proibição de eventos que possam gerar aglomeração
Edição: Thiago Ricci
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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