Diante do que se apresenta como o período mais sombrio da pandemia até então, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou, nesta sexta-feira (5), uma triste atualização. BH tem, hoje, oito crianças contaminadas com Covid-19 e que podem precisar de UTIs. A situação, apesar de inédita, é apenas parte do problema – há ainda 20 adultos também na fila. Ainda hoje, o prefeito anunciou um novo fechamento do comércio e desencorajou a prática de qualquer outra atividade – como o futebol, por exemplo.
“Ninguém entende o que está acontecendo, cada um tem uma teoria diferente”, disse o prefeito, em entrevista coletiva nesta tarde. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, a capital tem oito demandas de internações infantis. São crianças entre 1 e 6 anos, além de dois bebês de apenas meses de idade, que já ocupam leitos de enfermaria e podem precisar ser transferidos para o tratamento intensivo a qualquer momento.
“Não estamos falando mais de jovens, de 30, 35 anos, não. Crianças internadas. Então nós mudamos de patamar, porque a morte de [pessoas com] 95, 98, 99 [anos], por mais que doa na família, não é a morte de 40, de 30, de 4, 3 ou de 2 anos”, alertou Kalil. Ao todo, além de uma criança que não teve a idade informada, a capital detectou quadros avançados da doença em:
- 2 crianças de 6 anos
- 1 criança de 3 anos
- 1 criança de 2 anos
- 1 criança de 4 anos
- 1 criança de 1 ano
- 1 bebê de 4 meses
- 1 bebê de 2 meses
‘Não temos tempo’
Justamente por causa do avanço preocupante do vírus nos últimos dias, o prefeito informou que decidiu fechar o comércio não essencial na capital a partir de amanhã (6). “Ninguém que está aqui vê outro caminho. E o prefeito está aqui, é ele que fecha”, disse Kalil, que ainda se desculpou com os trabalhadores e comerciantes, mas reforçou o alerta. “Não temos tempo. Não vou esperar segunda-feira, essa doença não está vindo por dia, está vindo por hora”, disse.
Questionado sobre a possibilidade de abertura de novos leitos, Kalil esclareceu que o que falta na capital não são equipamentos, mas sim pessoas – já que, além de já estarem exauridos e sobrecarregados, os profissionais intensivistas são os mais expostos e a demanda só cresce. “O problema não é leito, é onde achar mão de obra. Eles não merecem mais um ano de lotação absoluta”, concluiu.
Não é hora de futebol
Ao contrário do que vêm fazendo outras cidades que encaram evolução alarmante da pandemia, Kalil informou que o futebol não será proibido na capital. O prefeito, no entanto, é incisivo ao desencorajar a prática do esporte no momento atual. “Eu acho que disputar a Copa do Brasil hoje é uma aberração. O número de profissionais em campo é baixo, mas ainda dá para contaminar”, disse.
Foi exatamente a avaliação sobre o baixo número de pessoas envolvidas nos jogos que levou o prefeito a continuar permitindo que os campeonatos aconteçam conforme previsto. “Futebol continua como está, porque não vai afetar diretamente. Nós estamos falando de lojas, bares, restaurantes. Nós não estamos falando de um evento sem público uma vez, duas vezes por semana”, explicou Kalil. Ele ainda ressaltou que, mesmo assim, encara com “temeridade” a manutenção dos jogos.