Bares de BH ficam lotados em dia de anúncio de risco de colapso

Bar de Belo Horizonte com muitas pessoas
Bares ficaram lotados no último dia em que puderam funcionar (Reprodução/@belohorizontemg/Instagram)

Bares lotados, pessoas sem máscaras e protocolos de prevenção contra a Covid-19 desrespeitados. Assim foi a noite dessa sexta-feira (5), em Belo Horizonte, após o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciar novo fechamento do comércio não essencial na capital mineira. Nem mesmo a circulação de três variantes do vírus e o sistema de saúde à beira do colapso foram capazes de conter centenas de belo-horizontino em casa.

Nas redes sociais, internautas postaram alguns registros dos comércios lotados na “saideira”. A partir das 14h de hoje (6), somente as atividades consideradas essenciais estarão autorizados a funcionar. Uma simples volta pela avenidas Francisco Sá, Contorno, Prudente de Morais e outras vias das zonas Sul e Oeste da capital mostrava o cenário de desrespeito a tudo aquilo que as autoridades de saúde pedem.

“Hoje [sexta-feira] o prefeito de BH anunciou que a partir de amanhã vai, novamente, fechar vários estabelecimentos não essenciais e os bares estão lotados como nunca. Parece até que estão se despedindo”, “A situação em BH não está das melhores. E o pior é que os bares estavam lotados. Às cinco da tarde o Centro parecia um formigueiro”, compartilharam belo-horizontinos no Twitter.

‘Irresponsabilidade’

Belo Horizonte, assim como o país, vive o momento mais crítico da pandemia. O desrespeito às orientações das autoridades de saúde é um dos fatores que contribuem para mais um fechamento do comércio na cidade, conforme diz ao BHAZ o médico infectologista Carlos Starling, integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte).

“É por comportamentos como esses que temos que fechar tudo. As pessoas não respeitam os princípios básicos de higiene, cidadania e respeito uns aos outros. Isso, infelizmente, acaba refletindo na morte de muita gente. É muita irresponsabilidade. Preservar a vida é fundamental”, afirma.

A circulação de três variantes do coronavírus em BH é mais um fator determinante para as pessoas seguirem as orientações sanitárias. “A palavra de ordem é ficar em casa, usar máscara e manter distanciamento. Quanto mais o vírus circula, mais variantes aparecem e mais difícil fica o controle da pandemia, mesmo com as vacinas. É momento de respeito com a vida das pessoas”.

Fiscalização

Questionada sobre a fiscalização na noite de ontem, a PBH se limitou a informar que “continuará com as ações planejadas em todas as nove regionais”. “Os estabelecimentos que não cumprirem com as medidas de combate à Covid-19 estarão sujeitos à interdição e multa no valor de R$ 18.359,66”, disse, em trecho de nota (leia na íntegra abaixo). Perguntas sobre número de estabelecimentos fiscalizados e notificados (ou até possivelmente interditados) foram ignoradas.

‘Números assustadores’

Ao anunciar o fechamento de BH, o prefeito Kalil disse que os indicadores de monitoramento da pandemia apresentam “números absolutamente assustadores”.  “Vamos dizer o seguinte sem muita expectativa: voltamos à estaca zero”, afirmou o mandatário municipal ao comunicar a decisão tomada.

O Boletim Epidemiológico e Assistencial de ontem aponta que BH tem 116.419 diagnósticos positivos de Covid-19 e 2.815 mortes. O número de pacientes recuperados chegou a 107.777 e os em acompanhamento 5.827. Os leitos de UTI seguem com alta na ocupação e estão operando com 81% da capacidade. Os de enfermaria estão em 61,9%. O fator RT – média de pessoas que um infectado consegue contaminar – está em 1,16.

indicadores covid bh no dia 5/3
Taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid subiu para 81% (PBH/Divulgação)

Nota da PBH

“A Secretaria de Política Urbana esclarece que, para garantir o cumprimento do decreto municipal, continuará com as ações planejadas em todas as nove regionais. Os estabelecimentos que não cumprirem com as medidas de combate à Covid-19 estarão sujeitos à interdição e multa no valor de R$ 18.359,66.

Além disso, todo o efetivo da Guarda Municipal está se revezando em turnos para atuar no apoio às ações dos fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental”.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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