Participação da mulher no mercado de trabalho é a menor em 30 anos

mulher triste
Enquanto 230,2 mil vagas criadas foram ocupadas por homens em 2020, as mulheres perderam 87,6 mil postos no mesmo período. (Pablo Valadares/Agência Senado)
Laura Serrano

Hoje, dia 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Este ano, nessa mesma época, completamos um ano de pandemia da Covid-19 no Brasil. Um ano em que milhares de famílias perderam entes queridos para a doença. Um ano letivo inteiro de escolas fechadas. Um ano em que muitas mulheres se desdobraram, talvez mais do que nunca, na jornada tripla de mãe, profissional e dona de casa. Um ano em que muitos trabalhadores, homens e mulheres, perderam seus empregos devido à grave crise econômica. Um ano em que muitas mulheres precisaram deixar seus empregos pela dificuldade de conciliar tanto.

A participação das mulheres no mercado de trabalho é a menor em 30 anos, segundo dados do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), e a pandemia é, sem dúvida, parte destaque do problema. O percentual de mulheres que estavam trabalhando foi de 45,8% no terceiro trimestre de 2020. O nível mais baixo desde 1990, quando a taxa ficou em 44,2%. Ao comparar o terceiro trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019, a queda na parcela de mulheres no mercado de trabalho foi de 7,5 pontos percentuais (de 53,3% para 45,8%).

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), aponta que 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho na segunda quinzena de março, logo no começo da pandemia em 2020. No emprego formal, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que, enquanto 230,2 mil vagas criadas foram ocupadas por homens em 2020, as mulheres perderam 87,6 mil postos no mesmo período.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que as atividades que geralmente são ocupadas por mulheres foram mais afetadas na pandemia (serviços domésticos e comércio, por exemplo). Já as atividades majoritariamente ocupadas por homens, como a construção civil, foram muito mais resilientes durante 2020. Os resultados das pesquisas do IPEA vão na mesma direção. Em alojamento e alimentação, categoria em que 58,3% dos profissionais são mulheres, a queda foi de 51%. Nos serviços domésticos, em que 85,7% dos profissionais ocupados são mulheres, a queda foi de 46,2%. Em educação, saúde e serviços sociais, a queda foi de 33,4%, sendo as mulheres 76,4% dos profissionais da área.

A suspensão das aulas nas escolas também impactou diretamente as mulheres no mercado de trabalho, conforme dados do IPEA. Entre as mulheres com filhos de até dez anos, a parcela que estava trabalhando caiu 7,8 pontos percentuais, de 58,2% para 50,4%, do terceiro trimestre de 2019 para o terceiro trimestre de 2020. Entre os homens com crianças de até dez anos em casa, a queda foi de 4,2 pontos percentuais no mesmo período. Segundo pesquisa Datafolha, 57% das mulheres que passaram a trabalhar remotamente disseram ter acumulado a maior parte dos cuidados domésticos. Entre os homens, o percentual foi de 21%. Além disso, metade das mulheres se responsabilizou pelo cuidado de outra pessoa ou ofereceu algum tipo de apoio, seja a um familiar (80,6%), um amigo (24%) ou um vizinho (11%).

Contra fatos e dados, não há argumentos. Foi um ano extremamente difícil para todos, homens e mulheres, no que tange emprego e geração de renda. No entanto, é inegável que, nesse caso, a pandemia da Covid-19 impactou especialmente as mulheres. Volto a lembrar: a menor participação das mulheres no mercado de trabalho em 30 anos (IPEA 2020). Ainda temos um longo caminho pela frente e o planejamento para recuperação econômica pós-pandemia faz parte dele. Também faz parte desse caminho compartilhar melhor as responsabilidades em casa entre homens e mulheres.

Laura Serrano[email protected]

Laura Serrano é deputada estadual eleita com 33.813 votos pelo partido Novo. Economista, Mestre pela Concordia University (Canadá), pós-graduada em controladoria e Finanças e graduada pela UFMG com parte dos estudos na Université de Liège (Bélgica). É membro da Golden Key International Honour Society (sociedade internacional de pós-graduados de alto desempenho).

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