Kalil endurece restrições em BH, suspende cultos e anuncia ofensiva

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Kalil anuncia medidas ainda mais duras para brecar Covid (Moisés Teodoro/BHAZ)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), acaba de anunciar, no início da tarde desta sexta-feira (12), restrições ainda mais duras de circulação em Belo Horizonte. O mandatário informou que estão suspensos cultos religiosos, retiradas em restaurantes, caminhadas e parques. A prefeitura anunciou, ainda, que começará a autuar e fechar atividades dentro de prédios comerciais.

“Não podemos continuar nessa lotação no transporte público sendo que a cidade está toda fechada. Está tendo um mistério e esse mistério está dentro dos prédios comerciais. Esse é um estudo que demanda tempo e nós vamos, em cerca de 10 dias, vamos detectar e fechar esses escritórios também”, afirmou Kalil em anúncio realizado na sede da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte).

“Estão suspensas as atividades de comércio varejista da construção civil, cursos de língua, dança, arte, praças públicas, parques, caminhadas… Restaurantes só podem com delivery e funcionar de forma fechada. Proibida entrega no local. Loja de conveniência ate 18h, de segunda a sexta, sábado e domingo fechada. As aglomerações sejam qual for, serão proibidas e serão abordadas pela Guarda e pela PM”, complementou.

‘Fiscalização implacável’

Kalil disse ainda anunciou que a fiscalização será ainda mais rigorosa. “A fiscalização será implacável em Belo Horizonte com quem ignora a doença. Não podemos deixar comerciantes, bares e gente séria pagar por irresponsáveis. Não podemos deixar botequim matar jovem de 23 anos e matar crianças de 1, 2 anos, bebês”, afirmou.

Por fim, afirmou que “os cultos de todas as religiões, com templos abertos”, estão suspensos.

Momento crítico

Segundo o prefeito, a nova determinação ocorre por conta dos números da Covid-19 em BH. A cidade já estava na estaca zero, permitindo apenas o funcionamento de atividades essenciais, desde o último sábado (6). Os indicadores do novo coronavírus em BH, no entanto, continuam subindo, e todos estão em nível vermelho de alerta nessa quinta-feira (11), com a ocupação de UTIs praticamente a 90%.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) ontem, a cidade tinha 89,9% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao tratamento da Covid-19 preenchidos, e a ocupação dos leitos de enfermaria está em 75,6%. O número médio de transmissão por infectado também subiu e está em 1,22, deixando todos os indicadores no nível vermelho e máximo de alerta. Quando Kalil decretou a volta à estaca zero, na sexta-feira passada, as UTIs estavam 81% ocupadas e os leitos de enfermaria, 61,9%.

Colapso está por vir?

Em entrevista realizada ao BHAZ ontem, o médico infectologista Unaí Tupinambás, integrante do comitê de enfrentamento à Covid-19 da PBH, já adiantava a preocupação com o cenário do sistema de saúde. “A situação do Brasil todo está preocupante, estamos tendo recordes de mortes diárias. O sistema funerário de algumas regiões do país pode colapsar, tem lugar que já não tem leito mais. Mesmo em BH, pode ter um colapso do sistema de saúde”, afirmou o especialista.

“Está na hora das pessoas seguirem os protocolos. Temos visto estabelecimentos abertos de forma clandestina, vamos ter que olhar com cuidado para vermos se conseguimos intensificar a vigilância, porque a PBH não consegue fiscalizar a cidade inteira. Temos que contar com a colaboração de todo mundo”, completou.

Tupinambás disse, ainda, que o ideal seria um movimento nacional para brecar o avanço da Covid. “Se fizéssemos um lockdown de 21 dias, no Brasil, o prejuízo econômico seria muito menor do que o que vamos ter com o enfrentamento inadequado da pandemia. Também precisaríamos de um auxílio emergencial decente, porque R$ 200 são para morrer de fome”, afirmou. “Um prefeito não teria o poder que um presidente tem de decretar um lockdown, acho que só mesmo um presidente poderia decretar medidas mais duras assim. Na prefeitura, a gente chama, solicita que as pessoas entendam o momento e colaborem”, finalizou o médico infectologista.

Escalada

Há exatamente uma semana, o prefeito Alexandre Kalil anunciou que a cidade voltaria à estava zero, na qual apenas os serviços considerados essenciais são liberados para funcionar. Essa era a medida mais rigorosa em BH desde o início da pandemia, em março do ano passado. Apesar da determinação municipal, alguns comerciantes insistem em desrespeitar o decreto.

Do último sábado (6), quando o decreto passou a vigorar, até ontem, 17 estabelecimentos precisaram ser interditados por descumprimentos, segundo a PBH. Fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental fazem as fiscalizações com o apoio dos agentes da Guarda Municipal. Além das interdições, seis multas foram aplicadas no valor de R$ 18.359,66.

Para garantir o efetivo cumprimento das determinações da decisão do Executivo municipal, “a PBH salienta que intensificou a fiscalização e as ações estão sendo realizadas em todas as nove regiões da cidade”. Perante o decreto em vigor antes do anúncio de hoje, apenas as seguintes atividades estavam autorizadas a funcionar na cidade:

  • Padaria – todos os dias, de 5h a 22h
  • Comércio varejista de laticínios e frios – 7h a 21h
  • Açougue e Peixaria – 7h a 21h
  • Hortifrutigranjeiros – 7h a 21h
  • Minimercados, mercearias e armazéns – 7h a 21h
  • Supermercados e hipermercados – 7h a 22h
  • Artigos farmacêuticos – sem restrição de horário
  • Artigos farmacêuticos, com manipulação de fórmula – sem restrição de horário
  • Comércio varejista de artigos de óptica – sem restrição de horário
  • Artigos médicos e ortopédicos – sem restrição de horário
  • Tintas, solventes e materiais para pintura – 7h a 21h
  • Material elétrico e hidráulico, vidros e ferragem – 7h a 21h
  • Madeireira – 7h a 21h
  • Material de construção em geral – 7h a 21h
  • Combustíveis para veículos automotores – sem restrição de horário
  • Peças e acessórios para veículos automotores – 8h a 17h
  • Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo – GLP – sem restrição de horário
  • Comércio atacadista da cadeia de atividades do comércio varejista listado nesta relação – 5h a 17h
  • Agências bancárias: instituições de crédito, seguro, capitalização, comércio e administração de valores imobiliários – sem restrição de horário
  • Casas lotéricas – sem restrição de horário
  • Agência de correio e telégrafo – sem restrição de horário
  • Comércio de medicamentos para animais – sem restrição de horário
  • Atividades de serviços e serviços de uso coletivo, exceto os especificados no art. 2º do Decreto nº 17.328, de 8 de abril de 2020 – sem restrição de horário
  • Atividades industriais – sem restrição de horário
  • Restaurantes e outros serviços de alimentação, desde que em sistema de delivery ou retirada na porta – sem restrição de horário
  • Banca de jornais e revistas – sem restrição de horário
  • Restaurantes, lanchonetes, bares e estabelecimentos congêneres no interior de hotéis, pousadas e similares, para atendimento exclusivo aos hóspedes – sem restrição de horário
  • Atividades acima, em funcionamento no interior de shopping centers, galerias de loja e centros de comércio – deverão ser observados os horários de cada atividade
Edição: Thiago Ricci
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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