BH tem novo recorde de transmissão e ocupação de UTIs passa de 93%

Paciente em hospital BH
Indicadores continuam no nível máximo de alerta e risco de colapso fica mais próximo (Amanda Dias/BHAZ)

A situação da Covid-19 em Belo Horizonte fica cada vez mais preocupante: nesta segunda-feira (15), a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao tratamento da doença ultrapassou 93%. O número médio de transmissão por infectado chegou a 1,28 – número mais alto registrado desde o início da pandemia. Todos os indicadores estão no nível vermelho e máximo de alerta e o colapso do sistema de saúde – para o qual médicos infectologistas já haviam alertado na última sexta-feira (12) – está ainda mais próximo.

As informações são do boletim epidemiológico divulgado hoje pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). De acordo com o balanço, quase 640 dos 683 leitos de UTI disponíveis para o tratamento de pacientes com Covid-19 já estão ocupados – o equivalente a 93,4%. Entre os leitos de enfermaria, a situação é um pouco menos alarmante, mas ainda preocupa. Dos 1.510 leitos disponíveis nas redes pública e privada, 78,9% estão ocupados. Na sexta-feira, data em que o último boletim foi publicado, a ocupação de leitos de UTI estava em 89,2%.

Indicadores Covid BH
Ocupação de leitos deixa sistema de saúde de BH à beira do colapso (Reprodução/PBH)

De acordo com o boletim de hoje, BH registra 123.982 casos confirmados de Covid-19, e 2.902 pessoas já morreram em decorrência da doença na cidade. Além disso, 6.158 casos estão em acompanhamento e 114.922 pacientes se recuperaram da infecção pelo novo coronavírus na capital mineira. Até então, 169.956 pessoas já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em BH, e 75.760 pessoas foram imunizadas com a segunda dose.

Colapso

“Vamos nos unir, se não essa situação vai piorar. O serviço vai colapsar. Estamos no pré-colapso, que vai depender da ação cidadã de cada um de nós”, afirmou o especialista Estevão Urbano na última semana, durante a entrevista coletiva em que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou novas medidas de restrição em BH.

“Nós já comentamos que certamente não tínhamos visto a pior face da pandemia, e estamos começando a ver essa face agora. Qualquer coisa significa colapso no sistema, e colapsando o sistema, não adianta ter plano de saúde. Não vai conseguir internar. Estamos vendo no interior que as pessoas precisam ser assistidas em casa. O que vimos em Manaus está chegando muito perto da gente”, complementou o infectologista Carlos Starling.

Em entrevista concedida ao BHAZ na última quinta-feira (11), o médico infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH, já adiantava a preocupação com o cenário do sistema de saúde. “A situação do Brasil todo está preocupante, estamos tendo recordes de mortes diárias. O sistema funerário de algumas regiões do país pode colapsar, tem lugar que já não tem leito mais. Mesmo em BH, pode ter um colapso do sistema de saúde”, afirmou o especialista.

Tupinambás disse ainda que o ideal seria um movimento nacional para brecar o avanço da Covid. “Se fizéssemos um lockdown de 21 dias, no Brasil, o prejuízo econômico seria muito menor do que o que vamos ter com o enfrentamento inadequado da pandemia. Também precisaríamos de um auxílio emergencial decente, porque R$ 200 são para morrer de fome”, afirmou. “Um prefeito não teria o poder que um presidente tem de decretar um lockdown, acho que só mesmo um presidente poderia decretar medidas mais duras assim. Na prefeitura, a gente chama, solicita que as pessoas entendam o momento e colaborem”, finalizou o médico infectologista.

Medidas de restrição

Em meio à situação preocupante de ocupação de leitos para Covid-19 em Belo Horizonte, o prefeito anunciou na última semana que seriam suspensos cultos religiosos, retiradas em restaurantes, caminhadas e parques, além do comércio varejista da construção civil. Ainda de acordo com Kalil, a prefeitura começará a autuar e fechar atividades dentro de prédios comerciais. “A fiscalização será implacável em Belo Horizonte com quem ignora a doença. Não podemos deixar comerciantes, bares e gente séria pagar por irresponsáveis. Não podemos deixar botequim matar jovem de 23 anos e matar crianças de 1, 2 anos, bebês”, afirmou.

A partir desse sábado (13), passaram a ser proibidas caminhadas/corridas esportivas nas pistas, enquanto praças e parques deverão permanecer fechados. A mesma regra vale para a Orla da Pampulha. Já hoje, bares e restaurantes, além de outros estabelecimentos, só poderão atender por delivery e a portas fechadas. Também fica proibido a retirada de produtos nas portas dos locais.

Já as lojas de conveniência em postos de gasolina só poderão funcionar de segunda a sexta-feira até 18h – aos sábados e domingos deverão ficar fechadas. Missas, cultos e outras celebrações religiosas presenciais também estão proibidas. Os espaços religiosos podem permanecer abertos, mas sem aglomerações. Veja com detalhes o que pode e o que não pode funcionar em BH, de acordo com o novo decreto, aqui.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!