Vereador decisivo para barrar solução na Vilarinho fez promessa oposta

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Cláudio do Mundo Novo foi eleito em 2020 e já tem familiaridade com o tema da Vilarinho (Karoline Barreto/CMBH)

Um dos maiores problemas dos belo-horizontinos chegou muito perto de ganhar uma solução nessa terça-feira (16). A Câmara Municipal de Belo Horizonte votou um empréstimo milionário que seria destinado a obras de contenção das enchentes na região da avenida Vilarinho. O texto foi barrado com 27 votos a favor e 12 contra, mas o que chamou atenção foi a (não) participação do vereador Cláudio do Mundo Novo (PSD). Correligionário do prefeito Alexandre Kalil e com eleitorado forte na região de Venda Nova, ele foi o único que se absteve da decisão sobre a medida – que precisava de exatamente mais um voto para ser aprovada.

Integrante da Frente Parlamentar Cristã e representante da Missão Católica Mundo Novo, fundada pelo deputado federal Eros Biondini (Pros), Cláudio foi eleito em 2020. Apesar de ser natural de Colatina, no Espírito Santo, o vereador vive em BH desde a infância e já conhece bem os problemas causados pelas chuvas na Vilarinho. Na última quarta-feira (7), apenas seis dias antes de se abster do voto sobre o empréstimo para as obras de melhoria, ele contou que protocolou um projeto de lei para exigir mais transparência da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) sobre a atuação na região.

“Sei bem que essa é uma solução paliativa, mas é sim algo apontado como de extrema importância para quem sente na pele a dor de ser atingido pelas enchentes”, argumentou em uma publicação no Instagram. No post, o vereador disse ainda que o projeto – que ainda não consta nos registros públicos da CMBH – “institui e unifica informações e contingências para as chuvas”. “Então, será muito importante para BH, pensando sempre no bem-estar da nossa população, uma BH melhor para cada um de nós”, afirmou.

‘Contem comigo’

Já há duas semanas, o vereador mostrou detalhes de uma visita técnica que fez até a região, acompanhado de representantes da prefeitura, da Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) e da Urbel (Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte). Na ocasião, ele lamentou a situação em que os moradores vivem e disse que já existiam planos para a região, mas faltava dinheiro.

“A região já tem projeto criado e necessita de verbas para conclusão das obras. Fiz ali a minha função de vereador”, disse Cláudio, que também listou uma série de promessas feitas durante a visita, como intervenções emergenciais, construção de pontes e pequenos reparos. O vereador ainda prometeu contribuir para o avanço das reivindicações. “Contem comigo na função que posso executar e também com meus esforços nas portas que tiver que bater”, disse.

Movimentação na Câmara

Cláudio do Mundo Novo já havia atuado como deputado estadual no fim de 2018, quando Márcio Santiago (PR) – de quem ele era suplente – teve o mandato cassado, e foi secretário de Políticas Sociais de Lagoa Santa em 2019. No ano passado, foi eleito vereador de BH com 6.268 votos e com pautas voltadas à defesa da família e recuperação de pessoas com vício em drogas e alcoolismo. Recentemente, ele também se posicionou contra o decreto do prefeito Kalil que proibiu cultos e celebrações religiosas na capital. Além disso, os debates sobre as tragédias provocadas pela chuva na região da Vilarinho também são próximos do vereador, principalmente por causa do berço eleitoral em Venda Nova.

Empossado no dia 1º de janeiro deste ano, o vereador não tem participação em nenhum dos 71 projetos de lei registrados pela Câmara Municipal desde o início do mandato vigente – ele ainda não propôs nenhum projeto sozinho e também não integra a autoria de propostas de outros colegas. Até o momento, as movimentações de Cláudio do Mundo Novo foram de menor porte. São 16 requerimentos e projetos de resolução em sua maioria assinados com outros vereadores.

O vereador assina apenas duas proposições sozinho. A primeira é um pedido de informações sobre quais políticas públicas e medidas voltadas para o tratamento de dependentes químicos estão em vigor atualmente e como elas são trabalhadas junto à comunidade. A segunda, no entanto, é a mais surpreendente diante da atual conjuntura: a solicitação de uma visita técnica para verificar a situação dos moradores expostos a riscos provocados por chuvas e alagamentos na região de Venda Nova, além de informações sobre obras no local.

Sem solução

A familiaridade com o tema só aumentou o estranhamento causado pela abstenção na votação do empréstimo para as obras – que, para além da medida paliativa proposta pelo vereador, seriam uma solução bem mais definitiva. Questionado ainda ontem pelo BHAZ, Cláudio disse que não conseguiu participar da reunião extraordinária até o momento da votação porque havia marcado um compromisso antes do adiamento do debate. “Até o pedido de verificação, eu estava presente, e na votação não consegui fazer. Infelizmente, ele [Léo Burguês, líder de governo] tinha que ter conseguido mais vereadores para votar a favor do projeto, que é muito importante para a regional Norte, para a comunidade do Isidoro”, explicou.

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Projeto recebeu 27 votos favoráveis e precisava de apenas mais um para ser aprovado (CMBH/Divulgação)

Inicialmente, a votação foi marcada para a manhã de ontem, mas foi adiada ainda na semana passada. Com o projeto rejeitado, as chances de a PBH conseguir um empréstimo semelhante num futuro próximo caem drasticamente, conforme explicou ao BHAZ o líder de governo Léo Burguês (PSL). “Não temos mais tempo hábil para retornar o projeto para aprovação do Banco Mundial. Não temos luz de um projeto, agora, para captar um recurso tão grande como este, com um financiamento específico”, lamentou.

Mesmo assim, Cláudio do Mundo Novo, se manteve otimista e acredita que a abstenção definitiva para a reprovação do texto não deve prejudicar o avanço do assunto. “Acho que mês que vem a gente consegue voltar a esta pauta, com algumas melhoras no projeto”, disse. O vereador argumentou ainda que o projeto é longo e o assunto não vai se resolver agora: “É longo, demorado, não vai se realizar agora, mas pelo menos já começava a fazer o pedido no banco e daqui a uns anos começar a obra lá”.

Edição: Thiago Ricci
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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