Repórter da CNN Brasil sofre racismo durante gravação de reportagem

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Jairo Nascimento sofreu racismo durante gravação de reportagem em São Paulo (Reprodução/jaironasci/Instagram)

O repórter Jairo Nascimento, da CNN Brasil, disse ontem (21) na TV que foi vítima de preconceito racial durante uma reportagem no clube Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. De acordo com a emissora, a matéria que falaria sobre atletas olímpicos durante a pandemia foi cancelada. Além disso, um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado. À CNN, Ivan Castaldi Filho, presidente do clube, afirma que apura todas as denúncias recebidas e que eventuais desvios de conduta são sempre corrigidos.

De acordo com o repórter, a equipe de TV já estava identificada no clube, com tudo certo para a gravação. Contudo, foi abordada por uma diretora que questionou: “Quem é o repórter?”. “Eu sou repórter”, respondeu Jairo. A mulher que foi identificada pela reportagem com o nome de Ana Paula, segundo o profissional, desconfiou dele. Além disso, ela e outro diretor – identificado apenas como Fábio – questionaram a isenção jornalística e temiam uma reportagem tendenciosa.

Logo após o ocorrido, o caso foi levado à direção da CNN Brasil, que decidiu por cancelar a matéria que faria sobre a situação de atletas durante a pandemia da Covid-19. O caso aconteceu no mês passado, mas a denúncia foi ao ar nesse domingo.

‘Mal que afeta o mundo’

O presidente Ivan Castaldi Filho falou em vídeo para o portal UOL que faz um trabalho diário para que todos sejam tratados da mesma maneira. “O preconceito é um mal que afeta o mundo inteiro, uma doença que a sociedade deve erradicar urgentemente. Precisamos viver muito atentos para identificar atitudes e ações que possam ter um lado de discriminação. Sempre foi assim com o clube Pinheiros. Somos uma instituição inclusiva”, afirmou.

“A equipe de diretores do clube, especialmente os times de governantes e comunicação, trabalham todos os dias para garantir que no Pinheiros todas as pessoas tenham o mesmo tratamento, o mesmo cuidado e as mesmas oportunidades. Por isso apuramos todas as denúncias que recebemos e corrigimos na hora qualquer desvio de conduta”, pontuou.

A CNN repudiou o episódio, disse que lamenta a situação, que “discriminação racial é crime” e que “infelizmente esse crime ainda está acontecendo”. A emissora ainda lembrou que o caso é exibido no Dia Internacional de Combate ao Racismo. “A CNN Brasil não tolera e sempre denunciará qualquer tipo de discriminação. Também estará sempre ao lado de sua equipe prestando o apoio necessário para o exercício profissional do jornalismo”, disse a emissora.

Outro caso com mesmo jornalista

Em outubro do último ano, o mesmo repórter afirmou que foi abordado com um fuzil pela PM ao sair para uma pauta em torno das 5h30 da manhã. O jornalista estava no carro ao lado de outros dois colegas de trabalho, todos negros. A abordagem, segundo o profissional, ocorreu a 30 metros da sede da CNN no Rio

“Já aconteceram diversas vezes comigo. Obviamente nem todas viraram reportagens. Já é segunda vez desde quando comecei a trabalhar na CNN. Mas com o tempo a gente vai aprendendo, criando casca e aprendendo a dar resposta adequada”, afirmou o jornalista ao portal UOL, por telefone.

O repórter ainda disse que registrou boletim de ocorrência, que acompanha o processo, mas não tem interesse de abrir processo na esfera cível.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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