Brasil é o campeão em número de jornalistas mortos por Covid-19

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O balanço indica que o país é o primeiro em óbitos causados pela doença na categoria (Reprodução/al-grishin/Pixabay)

O Brasil é o país com mais jornalistas mortos por Covid-19 em todo o mundo. Segundo levantamento feito e divulgado pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), já são 169 profissionais que faleceram pela doença – sendo que as mulheres morrem mais novas do que os homens. Nesta quarta (7), é celebrado o Dia do Jornalista.

O balanço divulgado ontem apresenta números de abril de 2020 a abril de 2021. Chama a atenção a explosão de óbitos registrados em março, quando 47 comunicadores morreram. O número acumulado em apenas um mês representa um terço de todo o total registrado em 12 meses.

De um ano para cá, são 169 profissionais mortos por Covid-19 (Reprodução/Fenaj)

Mulheres: vítimas mais jovens

Outro ponto que merece destaque é a discrepância da faixa etária das vítimas quando comparados os gêneros. Enquanto a média geral de idade é de 61 anos, a das mulheres está em 43 anos e quatro das vítimas tinham menos de 34 anos.

As mulheres somaram 9,8% dos óbitos, ou 16 casos. “Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019 aponta que as mulheres ocupam 36% dos postos de trabalho na categoria”, aponta trecho da publicação do dossiê publicado pela Fenaj.

O documento foi feito pelo Departamento de Saúde da federação a partir de notícias e de acompanhamento pelos sindicatos da categoria no país. O balanço também mostra que, em três meses de 2021, o número de mortes supera todo o ano de 2020, quando foram registradas 78 mortes de abril a dezembro. Neste ano, são 86 vítimas, percentual 8,6% maior que no total de 2020.

Linha de frente da informação

A América do Sul, região onde o Brasil está situado, não é somente um dos lugares mais perigosos e violentos para jornalistas em exercício. Um levantamento feito pela PEC (Press Emblem Compaign) revela que a região também é a que mais tem registro de mortes de profissionais da imprensa por Covid-19.

A organização da Suiça registrou, até o dia 16 de março, 908 mortes de jornalistas por Covid em 70 países. Destas, 505 ocorreram em 18 países da América Latina. Ou seja, 55% do total. Desde o registro da primeira morte, a região tem uma média diária de 1,44 morte de jornalista. Só nas últimas duas semanas, foram somadas 21 mortes.

“Assim com os profissionais da saúde, a categoria dos jornalistas também está se sacrificando para garantir informação de qualidade para a população brasileira. Os números são alarmantes, mas vamos continuar cumprindo nosso papel, porque informação verdadeira também ajuda a salvar vidas”, afirma Maria José Braga, presidenta da Fenaj, em comunicado.

Exposição a ataques

Além da exposição à doença que tem matado milhares de pessoas diariamente, profissionais da imprensa também são mais suscetíveis a ataques. De acordo com levantamento da ONG Repórteres sem Fronteiras, em 2020 foram registrados 580 ataques feitos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra jornalistas.

Um dos ataques registrados neste ano ocorreu em uma assembleia online do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJMPG). A reunião foi invadida, na tarde do dia 23 de março, por usuários que exibiram imagens do presidente Bolsonaro, além de vídeos pornográficos, uma cena de uma bandeira LGBTQI+ sendo queimada e palavras de ódio.

Um vídeo mostra o início da invasão, quando um homem com o rosto pintado de palhaço exibiu as imagens em tela cheia e tocou um som de gritos estridentes na chamada. A invasão ocorreu cerca de 15 minutos depois do início da assembleia, que reunia trabalhadores e representantes dos sindicatos dos Jornalistas, dos Gráficos e dos Trabalhadores da Administração em Jornais e Revistas, para a campanha salarial das categorias.

De acordo com o sindicato, foram propagadas “mensagens de ódio a trabalhadores, comunistas, LGBTI+, além de usar a sala virtual para divulgar vídeos pornográficos e de apoio a Bolsonaro”.

Edição: Thiago Ricci
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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