A arte invadiu a favela da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e agora quem fizer um passeio virtual pelas ruas do aglomerado vai perceber um visual bem diferente. Foi inaugurado hoje (10) o Festival Muro Invisível, desenvolvido pelo artista Mau, com atrações em um espaço totalmente interativo.
O artista instalou 10 telas produzidas por ele mesmo, com cerca de dois metros de altura, por toda a rua Binário, na Vila Cafezal. E para quem quer ver como o cenário ficou é simples: basta acessar a tour virtual. Por lá, os participantes conseguem andar pelas ruas e becos que simulam o grande Aglomerado como se estivesse em um tipo de game, onde também é possível interagir por ligação de voz e chat online.
Ao acessar o site do Mau, é só escolher alguma das salas disponíveis, que tem capacidade para receber cerca de 200 pessoas cada. Lá, você já vai ser direcionado para a exposição. Pelo celular ou computador você vai conseguir movimentar seu próprio avatar, que é criado no momento do login. Ao entrar no festival em formato de “game”, é só andar pela rua e conferir as obras produzidas pelo artista.
O projeto contou com o apoio coletivo de um time formado pela Dabliu Modas, uma das maiores lojas de roupas dentro do Aglomerado, o artista Kadu dos Anjos, o Centro Cultural Lá da Favelinha e a Associação Comunitária do Cafezal, dirigida pela moradora Kika da Serra.
Rua do baile
A escolha do local que recebeu as obras também foi fundamental para o processo. A rua Binário é onde fica localizado um dos bailes mais conhecidos de BH, que tem o mesmo nome do local. Com a volta à normalidade, os moradores que forem ao baile também vão ver de perto o trabalho inaugurado na comunidade.
Ao BHAZ, o artista contou que o festival foi uma forma de aproximar ainda mais a arte da favela. “Minha intenção inicial era colocar as telas para a comunidade, para deixar o lugar mais bonito, as crianças crescerem vendo as obras de arte e ajudar na fomentação de um circuito cultural no Aglomerado da Serra”, explica Mau.
O pontapé inicial foi com a exposição das telas, mas não será o único. A ideia do artista é conseguir ampliar ainda mais a mostra com obras de outros artistas, começando pela rua Binário e terminando na rua Serenata, um trecho de cerca de 800 metros. Mas, a ideia só será implementada depois que a situação da pandemia for resolvida de forma definitiva. “No futuro pós-Covid as pessoas vão dar mais valor para o que a rua oferece”, comenta.
Aglomerem ideias
O Festival Virtual com acesso a Galeria de arte é gratuito e em breve serão divulgadas novas atrações dentro da programação, como workshops e shows. “Se boas oportunidades forem aproveitadas, eu acredito que elas serão abraçadas mais facilmente. Minha ideia é ajudar que se aglomerem ideias e artes”, finaliza Mau.
A exposição de arte Muro Invisível trabalha o conceito da natividade, propondo reflexões sobre a relação entre o ser humano e o meio em que se vive, especificamente a relação das pessoas com as ruas. Para o autor, a cidade é cercada de muros físicos e invisíveis. E a vida também é feita de vários muros invisíveis, e que cabe aos seres humanos arquitetar a mente entre o caos e a luta.
Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative