Estudante de medicina é morta a tiros e enterrada em quintal de casa

Gabriela Márcia dos Santos Meirelles
Corpo de Gabriela será sepultado no interior de São Paulo (Arquivo pessoal)

Uma estudante de medicina de 20 anos foi morta a tiros e enterrada no quintal de uma casa em Araguari, no Triângulo Mineiro. O autor do crime, 43, ocorrido no último sábado (10), morreu após trocar tiros com a Polícia Militar. O corpo de Gabriela Márcia dos Santos Meirelles tem previsão de chegar à cidade natal, em São José dos Campos, São Paulo, na tarde de hoje (12), conforme disse a mãe da vítima ao BHAZ.

Os militares foram acionados por uma amiga de Gabriela. A conhecida disse que a estudante havia saído com um homem e estava com medo dele, pois ele vinha tendo “conversas estranhas” sobre ter matado uma mulher. Apesar das amigas terem parado de trocar mensagens, foi possível obter a localização de onde a jovem estava.

Diante das informações, os policiais foram até o bairro Vieno e, assim que chegaram ao endereço informado, notaram que a residência estava limpa e que água sanitária tinha sido utilizada. No quintal do imóvel, os agentes encontram uma terra mexida e localizaram o corpo da jovem enterrado. A casa pertencia a José Hamilton de Jesus, com quem a jovem havia se encontrado.

Um vizinho contou aos militares que ouviu um barulho durante a madrugada e que no começo do dia se encontrou com José. O homem, conforme registrado pelos militares, estava nervoso, com os ânimos exaltados e dizia que não seria preso novamente, já que tinha armas de fogo. José pediu para guardar uma moto na casa do vizinho e fugiu sem informar para onde ia e nem o que havia acontecido.

‘Psicopata’

José Hamilton tem passagem pela polícia e em 2006 foi condenado pelo crime de homicídio. A informação foi obtida pela PM após consultar o sistema policial. O vizinho do homem confirmou ter conhecimento deste crime. Cristiane Sabrina dos Santos Meirelles é a mãe da jovem e lamenta que a filha tenha caído nas mãos de um “psicopata”.

“Este homem vivia normalmente, mesmo já tendo matado uma pessoa no passado. As autoridades precisam rever [as leis] para que pessoas como este homem não sejam soltos. Minha filha caiu na mão de um psicopata e foi morta”, diz, emocionada, ao BHAZ.

A PM conseguiu chegar ao local onde o autor do crime estava escondido após informações anônimas. Assim que chegaram a uma casa no bairro São Sebastião, os policiais encontraram o criminoso. O homem atirou contra os militares, dando início a uma troca de tiros. Os disparos só pararam quando José foi alvejado. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu.

“Quando nossas equipes foram fazer a prisão, ele acabou reagindo. Estava com duas armas de fogo e atirando contra os militares. Prestamos o socorro, mas ele veio a óbito na UPA (Unidade de Pronto Atendimento”, informou o tenente Jessé Tualdo à reportagem. Na casa de José uma terceira arma foi encontrada no sofá, além de munição e dinheiro.

‘Tristeza e alívio’

Cristiane diz estar abalada com tamanha crueldade sofrida pela filha. A perícia constatou que a jovem foi morta, possivelmente, com um tiro na nuca. “Sinto muita tristeza pela morta da minha filha e, ao mesmo tempo, alívio por este homem estar morto. O que ele fez com a Gabriela foi premeditado e, se não fosse com ela, seria com outra. Agora ele está morto e não vai fazer tamanha crueldade e barbaridade com mais ninguém”.

A diarista recorre à fé para enfrentar este momento na vida. “A morte deste homem jamais vai apagar minha dor. Peço a misericórdia divina para que minha filha esteja nos braços de Deus e a alma dela consiga ter a paz eterna. Tenho fé em Deus para lidar com a partida da minha menina”, desabafa.

‘Quero respeito’

Uma amiga de Gabriela disse à PM que ela e a jovem eram profissionais do sexo. Diante da informação, a mãe da garota conta que a filha vem sendo julgada e pede respeito. “Não confirmo que minha filha era prostituta, mas, mesmo que fosse, essas pessoas merecem respeito. Gabriela estava em busca do sonho de ser médica”.

Cristiane conta que a jovem estava no primeiro ano de curso e sonhava em ter um futuro melhor. “Ela falava que queria me dar o orgulho de ter uma filha médica. Sou diarista e criei ela e a irmã gêmea dela vendendo salgados. Gabriela vinha fazendo a faculdade à distância, por causa da pandemia, e estava muito animada”.

A mãe disse que a filha vinha morando em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e que havia ido para Araguari com “supostos amigos”, mas não informou o que ia fazer na cidade do Triângulo Mineiro. “Estão julgando minha filha e ninguém tem o direito de fazer isso. Quero respeito”, desabafa.

O corpo de Gabriela tem a previsão de chegar a São Jose dos Campos na tarde desta segunda. “Nossos amigos estão abalados, assim como eu diante de tudo que aconteceu. Fomos pegos desprevenidos e venho recebendo muito apoio. Minha filha era muito querida”, finaliza.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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