Kalil anuncia volta de comércio, bar e restaurante, mas veta clube

kalil anuncia volta do comercio
Kalil anuncia volta do comércio, bar e restaurante a partir de quinta (Moisés Teodoro/BHAZ)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), acaba de anunciar, no início da tarde desta segunda-feira (19), a volta do comércio não essencial e outras atividades – como academia, bar e restaurante, com venda de bebida alcoólica. O gestor ainda afirmou que outras liberações devem ocorrer nos próximos dias, caso os indicadores não piorem.

“As poucas coisas que ficaram de fora serão estudadas para que a gente avalie em uma próxima semana, 7 ou 8 dias, para que os números continuem nos ajudando, nos dando conforto”, afirmou Kalil. “Tudo o que está acontecendo é, em grande parte, graças ao esforço feito pelo comércio. Me desculpem mais uma vez aos bares, restaurantes, aos comerciantes, donos de shopping. Ninguém ficou mais aflito do que nós”, complementou.

O que volta então? Praticamente tudo o que era permitido antes do último fechamento da cidade, anunciado no mês passado. O comércio de rua considerado não essencial pode funcionar das 9h às 20h, enquanto as lojas no interior de shoppings, das 10h às 21h; enquanto atacadistas, das 5h às 17h. Tudo isso a partir da próxima quinta-feira (22).

Bares e restaurantes não só poderão voltar a receber clientes, como a venda de bebida alcoólica será permitida das 11h às 16h, de segunda a sábado. “Domingo não vai abrir, mantendo apenas delivery e qualquer outro tipo de entrega, inclusive retirada”, explica o secretário municipal de Orçamento, Planejamento e Gestão, André Reis.

Academias e salões de beleza poderão funcionar até mesmo 24h por dia, se tiverem condição. “Sem restrição de horário para poder espalhar os clientes ao longo do dia e da noite”, afirmou Reis.

Cultos de volta, feiras vetadas

Os cultos religiosos, que se tornaram motivo de debate em BH, estão liberados. “Terão que respeitar apenas a lotação máxima de uma pessoa a cada sete metros. E essa lotação deve ser identificada na porta. Obviamente, existem templos com espaço muito grande – como estacionamento e outras áreas -, mas o que conta é o espaço do templo”, detalhou Reis.

Por outro lado, algumas atividades ainda estão vetadas: feiras, como a Feira Hippie; cinemas; teatros; clubes; e parques de diversão.

Indicadores

A decisão veio após dias de reuniões entre o prefeito e o Comitê de Enfrentamento à Covid-19. Os encontros começaram na última quarta-feira (14) e se estenderam até sexta (16), quando a PBH informou que o anúncio seria hoje. Nas reuniões, o grupo avaliou os indicadores da pandemia, bem como os estoques de medicamentos. Na ocasião, Unaí Tupinambás, um dos infectologistas do comitê, disse que a equipe estava “entre a cruz e a espada”.

Ainda na última semana, a capital voltou a registrar aumento na taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em 24 horas. Na sexta-feira, data do balanço mais recente, os leitos desta modalidade estavam com 86,9% de ocupação e seguiam no nível vermelho. Em contrapartida, a ocupação nas enfermarias havia caído para 63,5% – amarelo. O número de transmissão por infectado se manteve em 0,87 – verde.

Bares apresentaram protocolo

Fechados desde o início de março, os bares de BH já alimentavam a expectativa de poder voltar a funcionar todos os dias e com liberação para vender bebidas alcoólicas, conforme afirmou o presidente da Abrasel-MG (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais) ao BHAZ.

“Estamos esperando uma flexibilização. Fizemos uma proposta para a prefeitura balanceada com os índices atuais da Covid-19, com todos os indicadores. Queremos os bares e restaurantes funcionando todos os dias, inclusive com a venda de bebidas alcoólicas. Não faz sentido o cliente ir ao bar e não poder beber. Aí ele segue para Nova Lima ou Contagem e consegue”, explicou Matheus Daniel, presidente entidade, antes do anúncio da PBH.

Os estabelecimentos prometeram cumprir todas as normas de prevenção à Covid-19, mas pediram a colaboração dos clientes e fiscalização da prefeitura, não somente para os bares, mas também para quem frequenta. “O grande problema são as pessoas, o controle da doença depende do comportamento delas. Fim de semana estava tudo fechado, mas as pessoas fazendo festas particulares”.

‘Quando doer o bolso, vão mudar’

“Precisamos que a mão do estado seja tão pesada com os frequentadores quanto é para os bares e restaurantes. O local que estiver desrespeitando, deve ser fechado. Sabemos que não é todo lugar que aglomera, sabemos onde temos problemas maiores, como na avenida Guarapari e na rua Alberto Cintra, por exemplo, onde fica a moçada”, complementou. “É preciso multar também as pessoas que estão transitando sem máscara, essas pessoas precisam ser punidas. Quando o cidadão sentir doer o bolso, vão mudar de postura”.

A Abrasel-MG defendeu ainda que o correto é voltar o funcionamento todos os dias. “Quanto mais se diminui o tempo de abertura do comércio em geral, mais se concentram as pessoas. A gente acha que tem que ter uma liberdade de horário para não gerar aglomeração. Quando você fechar os bares, faz com que as pessoas vão para as festas clandestinas. As pessoas querem sair, ninguém aguenta mais. Sabemos da gravidade da situação, mas acreditamos que se as regras forem seguidas, é possível”, completa.

CDL-BH quer tudo aberto

Já para CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) a expectativa para o início desta tarde era que a PBH anunciasse a imediata retomada das atividades de comércio e serviços. “Não tem outra expectativa para esse anúncio do prefeito Alexandre Kalil, que não seja essa. Estamos vendo o índice de RT abaixo de 1”, explicou Marcelo de Souza e Silva, presidente da entidade, ao BHAZ.

“Os outros dois índices de ocupação de enfermaria de leitos de UTI também em queda ao longo dessas últimas semanas. E as preocupações que tínhamos com insumo de equipamentos para intubação, foram resolvidas nesse fim de semana pelo governo do estado”, complementou.

O presidente da entidade ainda falou das cidades da Grande BH que saíram da onda roxa. “Estamos vendo no entorno de Belo Horizonte, cidades como Contagem, Nova Lima, Santa Luzia, acompanhando a onda vermelha do governo do estado, abrindo comércio e serviços. Tudo sendo feito com os cuidados, seguindo os protocolos”, disse.

“A CDL-BH está fazendo uma doação de 80 elmos, que são equipamentos para que os profissionais de saúde nos hospitais, principalmente, possam estar cuidando melhor das pessoas que estão com a Covid-19. São 80 para BH, 10 Nova Lima e outros 10 para Santa Luzia. Precisamos abrir imediatamente, mas também continuar com medidas de apoio para que a gente combata esse vírus que é tão danoso para nossa sociedade”, completou Marcelo.

Embate

Em entrevista concedida ao BHAZ na última sexta-feira (16), o médico Unaí Tupinambás afirmou que compreende a pressão pela reabertura, mas explicou que esse não é o cenário ideal. “O ideal era [a população] ficar em casa e recebendo auxílio emergencial. O que não é a gente falar para as pessoas ficarem reclusas sem recurso para sobreviver”, disse.

O especialista e professor da UFMG defendeu o auxílio pago pelo governo federal no valor de R$ 600. “Quando falo em lockdown é com o valor do ano passado. Duzentos reais só vai trazer mais fome. Este é o grande problema e estamos entre a cruz e a espada, pois a prefeitura não tem poder de fogo para dar um auxílio neste valor que defendo”, destacou.

Veja o que funciona a partir de quinta-feira

  • Comércio varejista não contemplado na fase de controle: de segunda a sábado, de 9h a 20h
  • Comércio atacadista de cadeia de atividades do comércio varejista autorizada a funcionar, exceto comércio atacadista de recicláveis: segunda a sábado, entre 5h e 17h
  • Atividades autorizadas que estejam em funcionamento dentro de shoppings: segunda a sábado, de 10h a 21h. OBS.: domingo, somente para retirada de produtos em drive-thru, sem restrição de horário
  • Restaurantes, cantinas, sorveterias, bares e similares, inclusive no interior de galerias e shoppings, além de food trucks, e com consumo no interior: segunda a sábado, de 11h a 16h, com permissão de bebida alcoólica. OBS.: Sem restrição de dia e horário para delivery e retirada no local.
  • Padarias e lanchonetes, com consumo no local: segunda a sábado, de 5h a 22h
  • Atividades em drive-in: segunda a sábado, de 14h a 23h59
  • Academias e afins, inclusive dentro de galerias e shoppings: segunda a sábado, sem restrição de horário
  • Cabeleireiros, manicures e pedicures: segunda a sábado, sem restrição de horário
  • Atividades e clínicas de estética: segunda a sábado, sem restrição de horário
  • Comércio atacadista da cadeia de comércio varejista autorizada a funcionar, exceto atacadista de recicláveis: segunda a sábado, de 5h a 17h
  • Parques públicos: mediante agendamento no site da prefeitura
  • Padarias e lanchonetes (permitido o consumo no local): Segunda-feira a sábado, entre 5h e 22h. O consumo de bebidas alcoólicas no local deve observar as restrições dos demais serviços de alimentação
  • Comércio varejista de laticínios e frios: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Açougue e Peixaria: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Hortifrutigranjeiros: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Minimercados, mercearias e armazéns: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Supermercados e hipermercados: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 22h
  • Comércio varejista de mercadorias em lojas de conveniência ou similares (vedado o consumo no local): Segunda a sexta-feira, entre 7h e 18h
  • Artigos farmacêuticos: Sem restrição de horário
  • Artigos farmacêuticos, com manipulação de fórmula: Sem restrição de horário
  • Comércio varejista de artigos de óptica: Sem restrição de horário
  • Artigos médicos e ortopédicos: Sem restrição de horário
  • Tintas, solventes e materiais para pintura: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Material elétrico e hidráulico, vidros e ferragens: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Madeireira: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Material de construção em geral: Segunda-feira a sábado, entre 7h e 21h
  • Combustíveis para veículos automotores: Sem restrição de horário
  • Peças e acessórios para veículos automotores: Segunda-feira a sábado, entre 8h e 17h
  • Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo (GLP): Segunda-feira a sábado, sem restrição de horário
  • Comércio atacadista da cadeia de atividades do comércio varejista da fase de controle: 5h às 17h
  • Agências bancárias: instituições de crédito, seguro, capitalização, comércio e administração de valores imobiliários: Sem restrição de horário
  • Casas lotéricas: Sem restrição de horário
  • Agência de correio e telégrafo: Sem restrição de horário
  • Comércio de medicamentos, artigos e alimentos para animais de estimação: Sem restrição de horário
  • Atividades de serviços e serviços de uso coletivo, exceto os especificados no art. 2º do Decreto nº 17.328, de 8 de abril de 2020: Sem restrição de horário
  • Atividades industriais: Sem restrição de horário
  • Banca de jornais e revistas: Segunda-feira a sábado, sem restrição de horário
  • Restaurantes, lanchonetes, bares e estabelecimentos congêneres no interior de hotéis, pousadas e similares, para atendimento exclusivo aos hóspedes, nos termos do art. 4º do Decreto nº 17.328, de 2020: Sem restrição de horário
  • Atividades autorizadas neste Anexo em funcionamento no interior de shopping center, galerias de loja e centros de comércio: Deverão ser observados os horários de cada atividade
  • Nos estabelecimentos que possuem estacionamento internalizado é permitida a retirada no formato drive-thru: Sem restrição de horário
  • Celebração presencial de cultos, missas e demais atividades de caráter coletivo: Sem restrição de horário, mas seguindo protocolo (1 pessoa a cada 7 m² no máximo na área do público, adoção do uso de máscara, distanciamento entre pessoas nos assentos e higienização de mãos e do ambiente)
  • Utilização de praças, pistas de caminhada ou de corrida e outros locais públicos para a prática de atividades de esporte e lazer coletivas ou individuais: sem restrição de horário

O que funciona domingo?

  • artigos farmacêuticos;
  • artigos farmacêuticos, com manipulação de fórmula;
  • artigos de ótica;
  • artigos médicos e ortopédicos;
  • combustíveis para veículos automotores;
  • comércio de medicamentos veterinários;
  • atividades de serviços e serviços de uso coletivo que não estão suspensos nos termos do Decreto nº 17.328, de 8 de abril de 2020;
  • serviços de alimentação (bares, restaurantes e similares), apenas para entrega em domicílio, nos termos do art. 3º do Decreto nº 17.328, de 2020;
  • retirada no formato drive-thru para os estabelecimentos que possuem estacionamento internalizado.
  • restaurantes, lanchonetes, bares e estabelecimentos congêneres no interior de hotéis, pousadas e similares, para atendimento exclusivo aos hóspedes, nos termos do art. 4º do Decreto nº 17.328, de 2020;
  • atividades industriais.
Edição: Thiago Ricci
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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