Donos de ônibus de turismo manifestam em BH pedindo apoio ao BNDES

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Moradores ficaram intrigados com as buzinas dos ônibus que faziam parte da manifestação dos empresários do setor de turismo (Guilherme Azevedo/Arquivo Pessoal)

Um grupo de ônibus de turismo fez uma manifestação com direito a buzinaço nas ruas de Belo Horizonte, durante a tarde desta terça-feira (20). O grupo de empresários e funcionários do setor reivindicaram ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a suspensão do pagamento do financiamento dos veículos. Segundo o representante do movimento na capital, Guilherme Azevedo, as empresas de ônibus para viagem vêm sendo prejudicadas desde o início da pandemia. Paralelamente a isso, os belo-horizontinos não gostaram muito do barulho causado pelo protesto.

Conforme explica Guilherme Azevedo ao BHAZ, os ônibus de turismo estão parados desde o início de março, por conta da onda roxa em Minas Gerais. Entretanto, os financiamentos dos veículos não pararam de ser cobrados pelo BNDES. “Nossos ônibus são todos financiados, eles possuem o aval do BNDES, o nosso recurso vem direto do BNDES. E em uma tentativa passada, nós mandamos mais de 500 e-mails para o BNDES, implorando a suspensão dos financiamentos, porque nós não estamos dando conta de pagar”, conta Guilherme, que também é sócio-diretor da empresa ABC Turismo.

O representante da manifestação em Belo Horizonte disse que o banco nacional responde às solicitações, dizendo que a instituição já havia feito várias medidas no ano passado, “e que para este ano infelizmente não tem nada previsto”, disse Guilherme. O BNDES é o principal instrumento do Governo Federal para promover investimentos de longo prazo na economia do Brasil. A instituição é responsável por oferecer condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, e por auxiliar em situações de crise financeira.

Empresários do turismo imploraram pela suspensão do pagamento das parcelas do financiamento

“O recurso para o financiamento dos ônibus vem do BNDES, através do FINAME [Agência Especial de Financiamento Industrial], e o BNDES não quer negociar conosco. Nós imploramos a suspensão dos financiamentos para que a gente possa ter um prazo, para que a gente volte a trabalhar e tenha condições de pagar”, explica Guilherme Azevedo. O empresário ainda esclareceu que quando se deixa de pagar três prestações do financiamento dos ônibus, o banco apreende o veículo e o coloca para leiloar.

De acordo com Guilherme, um ônibus de turismo do ano 2021 custa em torno de R$ 1,2 milhão e, geralmente, os donos das empresas de viagem acabam dando uma certa porcentagem e financiando as prestações do veículo, por conta do alto valor. “As nossas prestações são na faixa de R$ 20 mil a R$30 mil por ônibus, então é um volume de dinheiro muito alto, não é uma coisa que você pega ali emprestado com alguém e vai lá e paga. Não tem negócio que aguente ficar pagando esse volume sem estar recebendo”.

Diante disso, cerca de 100 ônibus saíram em manifestação às 12h de hoje, totalizando 45 empresas de turismo. Os veículos saíram da Via Expressa, próximo à Arena MRV, seguiram pela Avenida do Contorno, passaram pela Avenida Olegário Maciel e terminaram na Avenida Afonso Pena, até a Praça da Bandeira. O protesto durou aproximadamente três horas, e os motoristas buzinaram bastante, durante boa parte do trajeto. Confira um pouco do protesto:

Moradores criticam manifestação

Outros moradores criticaram bastante a manifestação, e alguns não sabiam do que se tratava. Isso porque o barulho das buzinas dos ônibus de turismo são bem altas, o que acabou gerando incômodo para os belo-horizontinos. No Twitter, vários foram os comentários xingando o movimento por conta das buzinas. “Não aguento maaaaais, estou muito irritada”, diz uma moradora. Veja alguns deles:

‘Vida das empresas dependem do sucesso da manifestação’

Embora a manifestação tenha desagradado aos moradores de Belo Horizonte, os proprietários e funcionários das empresas de ônibus esperam alcançar o objetivo de ter as parcelas do financiamento dos veículos suspensas. Segundo o representante do protesto na capital Guilherme Azevedo, o grupo pretende fazer o movimento novamente caso não sejam atendidos pelo BNDES. “Por enquanto nós vamos aguardar os desdobramentos dessa primeira manifestação. Nós temos uma agenda com o Ministério da Economia no dia 29 de abril, e vamos ver qual vai ser o parecer deles”.

Ainda de acordo com o empresário, o cenário do setor de empresas de turismo é de medo e incertezas. “A vida das empresas e de todas as pessoas que nelas estão envolvidas dependem do sucesso dessa manifestação. Porque é com a maior tristeza do mundo que eu te falo que, se nada for feito, todas as empresas que possuem ônibus em Belo Horizonte vão quebrar. Elas vão perder os ônibus para os bancos, e vão perder tudo aquilo que elas demoraram de 20 a 30 anos para conquistar. É muito triste mesmo”, ressalta Guilherme Azevedo.

Manifestação é nacional

A manifestação é uma iniciativa nacional feita pelo Movimento Fretadores pela Liberdade, com o apoio da ABRAFREC (Associação Brasileira dos Fretadores Colaborativos). Conforme dito por Guilherme Azevedo, o protesto reuniu hoje em torno de 1000 ônibus de turismo, contando das 20 cidades do Brasil que participaram. A associação é composta por fretadores e empresários proprietários de ônibus. No Instagram, o perfil “Fretadores pela Liberdade” divulgou o protesto nacionalmente, através de imagens e chamados para o movimento. Confira:

Edição: Vitor Fernandes
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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