Professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte entraram em greve após a prefeitura decidir pelo retorno das aulas presenciais na cidade. O sindicato da categoria classificou a decisão do Executivo municipal como “irresponsabilidade”. A Prefeitura, por sua vez, diz que os protocolos adotados vão garantir uma “acolhida segura e confortável”.
A greve foi decidida nessa terça-feira (20) durante uma assembleia online. “Nossa discussão é em defesa da vida, por isso estamos em greve sanitária. Quando existe risco iminente em relação à saúde o nosso entendimento é que devemos continuar em tele trabalho”, diz Vanessa Portugal, diretora do Sind-Rede BH (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte), ao BHAZ.
O anúncio do retorno foi feito pelo secretário municipal de Orçamento, Planejamento e Gestão, André Reis, na última segunda-feira (19). Ele se limitou a informar que a partir do dia 26 estão liberadas as aulas presencias para alunos de 0 a 5 anos e 8 meses.
Vanessa aponta que o cenário atual da pandemia do Brasil é o principal fator que impossibilita o retorno das aulas presenciais. “A prefeitura diz que tem indicadores no vermelho, amarelo e verde, mas eles não refletem a realidade. Estamos com três mil mortes diárias no Brasil e isso está sendo banalizado. Na capital até 40 óbitos por dia”.
‘Menos não é zero’
Apesar dos protocolos apresentados, a diretora teme que eles não sejam cumpridos completamente. “Não temos como garantir que os protocolos sejam satisfatórios nas escolas. Não dá para ter certeza que crianças não vão ter contato e vão utilizar máscaras corretamente”. Vanessa também apresenta outro ponto de preocupação do sindicato.
“Dizem que crianças contaminam e transmitem menos. Disso não duvidamos, mas menos não é zero, ou seja, ainda tem grau de contágio. Anunciar o retorno presencial é uma irresponsabilidade do poder público, por mais que digam que a definição foi técnica”. Uma nova assembleia está agendada para amanhã.
PBH
Procurada pelo BHAZ, a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) diz respeitar a posição do sindicato, mas ressaltou. “A decisão de adesão é de cada servidor. Aguardaremos dia 26 de abril para conhecer a decisão de cada um”, afirmou em um dos trecho da nota encaminhada à reportagem.
A prefeitura demonstrou confiança nos protocolos definidos para o retornos das atividades presenciais. “Acreditamos que a preparação e o esforço de cada escola, considerando as orientações da Smed (Secretaria Municipal de Educação), viabilizará a acolhida segura e confortável de todos”.
Nota da PBH na íntegra
“Respeitamos a posição da entidade sindical, entretanto a decisão de adesão é de cada servidor. Aguardaremos dia 26/04 para conhecer a decisão de cada um, ao serem convocados para a escola e lá conhecerem todos os protocolos de segurança implantados. Acreditamos que a preparação e o esforço de cada escola, considerando as orientações da Smed, viabilizará a acolhida segura e confortável de todos”.