PM que ‘salvou’ aniversário de criança recebe ajuda para filha com câncer

cabo andrade e sua família
Policial mineiro que ajudou garotinho enfrenta outra batalha dentro da própria casa (Lenílson Andrade/Arquivo Pessoal)

Uma boa ação, sem pedir nada em troca, acabou ajudando um policial mineiro na luta pela vida. Na última semana, um grupo da Polícia Militar de Muriaé, na Zona da Mata Mineira, emocionou todo o país após ajudar um garotinho que pediu pela visita do pai no próprio aniversário. Agora, um dos militares sentiu na própria pele o carinho e cuidado que teve com o menino.

Com a repercussão, mesmo sem revelar a situação familiar, o Razões para Acreditar apurou que o cabo Lenílson Andrade, que atendeu a ligação do garoto na Sala de Operação, tem uma filha de 5 anos diagnosticada com leucemia. O site então lançou uma vaquinha para ajudar a família no tratamento contra o câncer e, em menos de um dia, a meta de R$ 50 mil foi alcançada.

Mais de mil pessoas, tocadas pela atitude do mineiro e pela história de sua família, colaboraram para a causa. Ao BHAZ, na sexta-feira (23), o militar havia revelado que pensou nos próprios filhos quando recebeu a ligação do garotinho. Hoje (26), ele explica a situação de sua caçula e como a leucemia da filha o aproximou ainda mais de seu outro filho, com idade próxima do menino que realizou a ligação.

Aniversário no hospital

O câncer da filha foi descoberto em dezembro do ano passado. “Ela começou o tratamento na véspera do aniversário dela. A gente já tinha até comprado as coisinhas para fazer a festinha dela em casa, mas três dias antes, ela foi diagnosticada com a leucemia. Ela fez cinco anos já internada”, relata.

O policial conta que o Hospital do Câncer de Muriaé organiza uma comemoração para os pacientes aniversariantes, mas, com as restrições impostas pela Covid-19, apenas a esposa pôde participar do momento.

“Nesse primeiro período, ela ficou trinta dias internada. Eu consegui pouquíssimas visitas, porque depende da autorização do psicológico, do enfermeiro, para comprovar que ela estava sentindo falta de mim”, explica.

Pequena Maria Luísa começou o tratamento urgentemente (Lenílson Andrade/Arquivo Pessoal)

Para acompanhar a filha em todo o tratamento, que tem duração de dois anos, a esposa do cabo abandonou o trabalho como professora na educação infantil, que integrava a renda da família. “Ela estava trabalhando desde que se formou, mas precisou deixar o emprego para se dedicar exclusivamente à Maria Luísa”, conta o pai.

Tratamento de alto custo

O plano de saúde da família cobre somente uma parte do tratamento oncológico de Maria Luísa. Desta forma, a outra parte é descontada da folha de pagamento do policial. Com o desconto no salário e o desligamento da esposa, a renda familiar diminuiu de uma hora para outra.

“Eles não descontam de uma vez só, tem um limite para não comprometer todo o salário, então vão descontando em parcelas. Eu sou titular do plano, então qualquer gasto que eu precisar, o plano cobre inteiramente. Já os meus dependentes, esposa e filhos, ele cobre uma parte”, explica o cabo.

“O tratamento da minha filha é de alto custo, porque tem exame, quimioterapia, procedimento cirúrgico, internação. Nós fizemos a consulta pelo plano e o especialista já levou para a internação. Eu nem tinha noção de custo para tratamento de câncer. Depois eu vi que seria um valor fora da minha realidade”, relata.

Há um mês, a família conseguiu transferir o tratamento para a rede pública, sem nenhum custo. “Não tenho do que reclamar do atendimento e do tratamento [do SUS]. Mas, como [o tratamento] dura dois anos, ainda vai existir outros procedimentos que eu vou conseguir fazer apenas pelo plano”, esclarece.

Show de empatia

Mesmo com todos esses problemas, o policial deixou sua empatia falar mais alto e ajudou o garotinho sem pensar duas vezes. Ele conta que, enquanto promovia a festa de aniversário para o menino, a sua filhinha estava no hospital, em uma sessão quimioterapia com duração de 24h.

“No dia do aniversário do Caio, foi o dia de mais uma internação dela. Ela entrou [no hospital] em uma segunda-feira cedo e praticamente no mesmo horário [da festa] ela tinha acabado de começar mais uma sessão de quimioterapia”, relata.

Criança ganhou festa surpresa e a presença do pai graças aos policiais (PM/Divulgação)

Na ocasião, o cabo havia mencionado ao BHAZ que se lembrou de seus filhos, antes de tomar a atitude de ajudar o garoto. “Este caso vai ficar gravado em mim. Eu sou pai e a todo instante pensava nos meus filhos”, disse.

Hoje, ele conta que se aproximou ainda mais do outro filho nos últimos meses. “Eu tenho outro filho, de 11 anos, e esse período que a minha esposa fica no hospital, ele fica comigo em casa e acabamos ficando muito próximos”, afirma.

Com a repercussão da boa ação dos policiais, a história do cabo também veio à tona. “Não foi uma iniciativa minha. Um dos meus colegas comentou da situação com o site de financiamento coletivo e eles entraram em contato comigo. No início, eu até tive um pouco de resistência, pela exposição”, lembra.

“Foi uma atitude que eu tive muito espontânea, não foi para aparecer”, finaliza.

Edição: Giovanna Fávero

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