Aranhas ‘gigantes’ apavoram moradores de BH e casos podem aumentar

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Animais já foram detectados em casas do Buritis, Estoril e Havaí (Alessandra Aquino/Arquivo Pessoal)

Nos últimos dias, as redes sociais de belo-horizontinos foram tomadas por relatos apavorantes feitos por moradores da região Oeste da capital. Todas essas histórias têm um ponto em comum: um tremendo susto causado por aranhas enormes que aparecem nos lugares mais inusitados dentro de casa. A presença dos bichos – que possuem uma picada dolorosa, mas pouco tóxica – retrata um problema mais grave existente na cidade (veja abaixo).

Em uma das casas, no bairro Havaí, a aranha foi encontrada durante uma faxina, conforme contou a moradora ao BHAZ. “A faxineira estava limpando o meu banheiro e viu a aranha no teto. Aí ela foi tentar espantar, a aranha caiu dentro do box e continuou andando”, relata Alessandra Aquino de Abreu.

Com medo, as duas mulheres mataram o bicho, mas Alessandra conta que a preocupação não diminuiu. “Foi a primeira vez que isso aconteceu, então eu fiquei muito preocupada mesmo. Até mandei mensagem para um tio meu, que é biólogo, para perguntar se dedetização resolveria”, lembra.

Além da aflição provocada pela aranha, o medo da moradora é que a família seja exposta a riscos com as “visitas” desses animais. “Eu tenho duas crianças em casa, uma de 2 anos e uma de 5, e o meu tio falou que a atenção maior deve ser com elas, então fiquei bastante preocupada sim”, afirma.

Um susto após o outro

E Alessandra não foi a única a se deparar com a aranha enquanto fazia atividades corriqueiras dentro de casa. Em um grupo de moradores do bairro Buritis, também na região Oeste de BH, relatos semelhantes se multiplicaram.

“Aqui no prédio estão aparecendo aranhas desse tipo. Já é a terceira! Estamos muito preocupados aqui”, publicou uma moradora, junto a uma imagem que pode ser um verdadeiro terror para os mais sensíveis. Outros moradores do Buritis e de bairros vizinhos, como o Estoril, também relataram “encontros” inesperados com esses animais.

O que todas essas pessoas têm em comum é justamente o medo: muitos nunca viram aranhas tão grandes, especialmente em uma região urbana, e acabam ficando assustados com a possibilidade de serem envenenados ou sofrerem algum outro dano à saúde.

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Bicho também foi encontrado em garagem no bairro Estoril (Reprodução/Facebook)

Afinal, que bicho é esse?

O BHAZ enviou os relatos e imagens para análise da bióloga Daniela Fernanda dos Santos, que tranquiliza os moradores mais alarmados. Segundo ela, a espécie parece ser uma aranha de jardim, do gênero Lycosa – também conhecida como aranha-de-grama, tarântula e aranha-lobo. A bióloga explica que a picada do bicho é sim dolorosa, mas o veneno é pouco tóxico e não representa risco à saúde das pessoas.

Daniela reforça que, para afirmar com certeza a espécie da aranha, seria preciso analisá-la em mãos, mas as imagens publicadas pelos moradores não parecem ser de aranhas armadeiras, como muitos temiam. “Pelo que foi visto e pelas condições, pode ser a aranha de jardim, mais provável até do que a armadeira. A armadeira é mais colorida, a de jardim é mais uniforme, mais amarronzada e até acinzentada”, explica.

Ainda segundo a especialista, é comum que esses animais apareçam na região Oeste da capital – e ela própria costuma ver vários relatos no cotidiano. “Eu trabalho com controle de pragas urbanas e nós temos clientes na região do Buritis. Direto a gente é acionado em algumas épocas do ano com a ocorrência dessas aranhas lá”, conta.

O aparecimento em espaços residenciais internos, no entanto, não é tão comum. E apesar de o risco à vida humana ser mínimo, a ocorrência das aranhas em lugares tão inusitados como o teto de um banheiro – conforme identificado na casa de Alessandra – é indicativo de um problema muito mais sério e de responsabilidade de todos.

Desequilíbrio ambiental

Segundo Daniela, encontrar os animais na região do Buritis é comum – especialmente em épocas de seca ou de inundação -, mas encontrá-los dentro de casa e com frequência é motivo para alerta.

“Nesse tempo seco, quando o pessoal põe fogo nos lotes, elas acabam fugindo e entrando nos imóveis. Por exemplo, não é comum encontrar essa aranha no teto do apartamento, na parte de cima, porque ela não faz teia assim, ela é mais uma aranha de solo, de chão. Para ela ter ido parar lá em cima, no teto, com certeza ela estava fugindo de algo”, explica.

A bióloga afirma ainda que interferências em áreas de natureza contribuem para que os animais entrem nas casas dos seres humanos – que são, afinal, os que realmente invadem o espaço dos bichos. “Desde que você desmate, capine, ponha fogo lá fora, isso acaba entrando”, pontua.

“Então, quanto mais eu construo e entro em lote vago, eu tiro o habitat natural dela e isso favorece a entrada dessa aranha dentro dos imóveis vizinhos. Esse aparecimento pode estar ligado à ocorrência de obras na região, de poda, desmatamento e por causa de queimadas. São os principais fatores”, detalha a especialista.

Daniela explica ainda que, em períodos de chuvas fortes, a ocorrência também pode aumentar, já que o alagamento de ambientes externos pode forçar as aranhas a procurar proteção em outros espaços.

Casos podem aumentar

E para quem tinha esperança de que os relatos mais recentes fossem apenas casos mais isolados, as notícias não são nada boas. Daniela alerta que a frequência com que esses animais têm aparecido nos últimos dias pode indicar que elas estejam se reproduzindo em espaços próximos – o que significa possibilidade de aumento dos “encontros” inesperados.

“As aranhas colocam ovos em saquinhos e são muitas aranhas [filhotes]”, explica a bióloga. “Essas aranhas podem ter colocado ovos e aí vêm os filhotes. Então, quando as pessoas começam a ver várias aranhas, é porque elas já saíram dos ovos e estão na fase de jovem e adulto, e começa a ter essas ocorrências devido às questões ambientais”, completa.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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