Pré-vestibular de medicina em BH tem alunos com Covid-19 e professores temem surto

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Máscaras fornecidas pelo Hexag Medicina de Belo Horizonte aos professores (Reprodução/Redes Sociais)

A vereadora Duda Salabert (PDT) acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT) e fez uma denúncia à Vigilância Sanitária sobre um suposto surto de Covid-19 no pré-vestibular Hexag Medicina, em Belo Horizonte. Segundo a parlamentar, cinco alunos testaram positivo para a doença após a retomada das aulas presenciais. O coordenador da instituição na capital mineira diz que tomou conhecimento de quatro casos confirmados em um só dia e argumenta que não há evidências de que as transmissões ocorreram dentro das instalações do cursinho.

Os professores do pré-vestibular ficaram sabendo sobre a situação após uma mensagem enviada para alunos viralizar no WhatsApp na tarde de sexta-feira (7). O texto, escrito pela coordenação da unidade, orienta que estudantes que tiveram contato com os jovens contaminados fiquem atentos a sintomas. As aulas presenciais não foram suspensas.

“Não mandaram essa mensagem para a gente, o coordenador só avisou no período da noite porque ele foi interpelado no grupo de professores”, desabafou um professor ao BHAZ. O docente preferiu não se identificar por temer represálias.

“A gente recebeu de colegas de outros cursinhos que perguntaram: ‘Vocês viram isso?’. Na hora que a gente viu essa mensagem… nós tomamos um susto muito grande porque fala da contaminação dos alunos”, relatou o professor.

Na mensagem, a coordenação comunica que está ciente dos casos de contaminação: “Primeiramente eu gostaria de agradecer a todos esses alunos que tiveram a responsabilidade de nos notificar. Não esperava nada menos de futuros Médicos”.

‘Façam o teste’

O texto destaca que o Hexag Medicina de Belo Horizonte está tomando todas as precauções para que a unidade seja o “lugar mais seguro possível”. Com isso, a coordenação pede para que os estudantes “tripliquem” os cuidados contra a Covid-19. Além disso, alunos que tiveram contato com os contaminados são orientados a fazer o teste para detectar ou descarta a doença.

“Redobrem, tripliquem todas as suas precauções! Evitem aglomerações, mesmo que as pequenas, dentro ou fora da unidade. Usem as máscaras o tempo todo! E higienizem as mãos sempre que puder! A grande parte da contaminação se dá pelas mãos que levam o vírus ao rosto! Quem teve contato com algum dos alunos que testaram positivo, fique atento à sintomas! Façam o teste!!!! E, se estiverem se sentindo mal ou também testarem positivo, por favor, fiquem em casa!”, pediu a coordenação.

O professor ouvido pela reportagem reafirmou a informação de que existem cinco alunos do pré-vestibular que estão com Covid-19. “Os alunos falaram que são cinco, eles falaram com a gente porque ficaram preocupados conosco”, completou.

Coordenador diz que não há evidência de contaminação no cursinho

O BHAZ entrou em contato com o coordenador pedagógico Bruno Cacique, que afirmou ter conhecimento de apenas quatro casos confirmados de Covid-19 entre alunos do curso. “Não há nenhuma evidência de que essa contaminação se deu dentro do Hexag. Desses quatro alunos que testaram positivo, eles são de turmas diferentes, eu sei que dentre esses quatro, dois formam um casal, então existe uma probabilidade bem grande de um ter passado para o outro ou de eles terem se contaminado fora do Hexag”. Embora não existam evidências, os trabalhadores suspeitam que exista um surto de Covid-19 na unidade.

O coordenador também afirmou que a escola está seguindo os protocolos sanitários de segurança estabelecidos pelos decretos municipais. “De acordo com a portaria que foi liberada pela prefeitura, a gente poderia ter um aluno a cada 7 metros quadrados. Seguindo a metragem dentro da empresa, a gente poderia ter 170 pessoas presentes, e no dia rodam ali, no máximo, 70 alunos. Então a gente está muito abaixo disso [da recomendação]”, aponta Bruno.

A respeito das mensagens terem sido enviadas para os alunos no período da tarde de sexta (7) e para os professores apenas à noite, Bruno esclareceu que seguiu processos para tomar as primeiras medidas, mais urgente, ao saber da notícia.

“Minha primeira atitude foi identificar os alunos, isolar eles, e fazer uma triagem para ver quem teve contato com eles e pedi para que ficassem atentos aos sintomas. Eu fiquei sabendo desses casos ontem, sendo dois na parte da manhã e dois na parte da tarde, entrei em contato com os alunos para poder explicar para eles o que estava acontecendo. Eu comuniquei primeiro aos alunos porque é um número maior de pessoas e depois comuniquei a todos os professores”, diz o coordenador.

Aulas presenciais continuam

Sobre a continuidade das aulas presenciais, mesmo diante dos casos confirmados de alunos com Covid-19, o coordenador explicou que o Hexag optou por seguir dessa forma por causa dos alunos bolsistas. “Nós temos muitos alunos que são bolsistas e, pensando nesses alunos que têm dificuldade de estudar em casa, não têm internet boa, e até mesmo pelo pedido dos próprios alunos, a gente reabriu assim que a prefeitura permitiu. Como somos um pré-vestibular, não existe obrigatoriedade de ir, a gente reabriu para poder receber as pessoas que podem ir na unidade”.

Além da denúncia do suposto surto de Covid-19 na unidade do Hexag em Belo Horizonte, Duda Salabert também destacou o fornecimento de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) de baixa qualidade para os professores que trabalham no pré-vestibular. Essa situação foi confirmada pelo professor ouvido pela reportagem. “É uma máscara dessas comuns, descartáveis. Ela fica jogada em cima da mesa da sala dos professores. Os professores não usam, cada um leva de casa porque tem medo pela proteção dela ser baixa”, revelou o professor do curso.

Quanto à possibilidade de fornecer máscaras do tipo PFF2/N95 para os professores, que são os EPIs recomendados para uma maior segurança contra o coronavírus e suas variantes, Bruno Cacique revelou que na próxima segunda-feira (10) os educadores receberão o material. “A gente estava fornecendo de acordo com as portarias os EPIs necessários, que eram as máscaras e fornecendo também face shield para os professores poderem dar as suas aulas e auxiliar seus alunos. A questão da PFF2 não há uma obrigatoriedade, mas, partir de segunda-feira, a gente vai passar para todos os professores e funcionários, além do face shield, a máscara PFF2”.

Edição: Maira Monteiro
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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