Alunos de medicina cospem em calouros durante trote no interior de Minas; veja vídeo

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Vídeo mostra alunos de medicina cuspindo em dois calouros (Reprodução/Redes Sociais)

Um grupo de alunos do curso de medicina da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) da cidade de Uberaba foram vistos cuspindo bebida em dois calouros durante um trote – práticas pelas quais novos alunos são recebidos nas instituições com brincadeiras e atividades preparadas por estudantes mais antigos, os veteranos. O fato ocorreu em uma rua ao lado do campus da universidade. A UFTM abriu um procedimento para apurar o caso (leia abaixo)

Segundo o G1, o caso teria ocorrido há duas semanas, ainda dentro do período de pandemia da Covid-19. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ver dois alunos no chão, uma jovem e um rapaz. Em volta deles, estão de pé 11 estudantes, que aparecem fazendo uma espécie de contagem regressiva e cuspindo, ao mesmo tempo, a bebida nos calouros que estão no chão.

Vídeo será investigado

A universidade informou ao BHAZ que é “proibido qualquer tipo de manifestação estudantil que cause, a quem quer que seja, agressão física, moral ou outras formas de constrangimento, dentro ou fora do âmbito da Universidade“.

A instituição disse ainda que recebeu uma denúncia relacionada ao vídeo e que “procedimentos necessários foram adotados e a denúncia foi encaminhada para apuração e instauração de processo pela Comissão Disciplinar Discente”. “Após instaurado o processo e realizados todos os procedimentos, conforme a gravidade da denúncia, pode-se resultar em suspensão ou expulsão dos envolvidos”, diz trecho da nota (leia na íntegra abaixo).

Ações humilhantes

O fato abre mais uma vez a discussão sobre os limites dos chamados trotes. Por vezes, as ações podem ser humilhantes, chegando, em casos mais graves, a configurar lesão corporal e até mesmo provocar mortes.

Em um caso registrado na Unifenas (Universidade José do Rosário Vellano), em julho de 2018, a instituição precisou abrir processo administrativo para apurar quem foram os responsáveis por divulgar, nas redes sociais, vídeos em que calouras aparecem respondendo perguntas íntimas. As gravações mostravam jovens do campus em Alfenas, no Sul de Minas, falando sobre sexo, uso de drogas e ingestão de bebidas alcoólicas.

Nos vídeos, as jovens dizem os nomes delas, as idades e respondem se “pegariam” algum veterano. Também contam sobre as últimas vezes em que passaram mal por beber, além de citar se fazem sexo ou não. Até mesmo as posições sexuais favoritas delas são questionadas (leia mais aqui).

Um outro caso ainda mais emblemático de trote violento no Brasil ocorreu em 1999 na Universidade de São Paulo (USP), quando o calouro Edison Chi Hsueh foi encontrado morto no fundo da piscina da instituição. Ele teria sido obrigado a entrar na água mesmo sem saber nadar. Quatro estudantes foram acusados pela morte do rapaz, mas foram inocentados por falta de provas.

Diversas instituições de ensino no país passaram a proibir os trotes depois que casos de violência começaram a surgir junto às comunidades acadêmicas. Entre elas está a UFMG, que proibiu qualquer trote por meio de uma resolução criada ainda em 2014.

Nota da UFTM na íntegra

A UFTM reforça que o trote é proibido dentro e fora do âmbito da Universidade, conforme previsto em regulamentos internos.

A instituição recebeu denúncia contendo um vídeo no qual universitários estariam participando de um trote. Diante disso, procedimentos necessários foram adotados e a denúncia foi encaminhada para apuração e instauração de processo pela Comissão Disciplinar Discente – CDD da UFTM.

O Regimento Geral da UFTM, Título IX, Art. 176 a Art. 186, que trata do Regime Disciplinar Discente, e o Regulamento dos Cursos de Graduação, Seção III, Art. 274 a Art. 282, estabelecem: “proibido qualquer tipo de manifestação estudantil que cause, a quem quer que seja, agressão física, moral ou outras formas de constrangimento, dentro ou fora do âmbito da Universidade, e que nessa condição afete a imagem da comunidade universitária”.

Também é “proibida a utilização nos diversos espaços da Universidade de quaisquer adereços, tais como placas com nomes e/ou apelidos, chapéus, camisetas ou demais itens do vestuário com dizeres pejorativos ou que se reportem ao “trote”, bem como dizeres grafados no próprio corpo de alunos”.

Esclarece-se ainda que, após instaurado o processo e realizados todos os procedimentos pela Comissão Disciplinar Discente – CDD, conforme a gravidade da denúncia, pode-se resultar em suspensão ou expulsão dos envolvidos.

Sobre os processos

Os processos são sigilosos, por isso, não é possível divulgar dados ou informações sobre os envolvidos.

As denúncias encaminhadas para a Comissão Disciplinar Discente – CDD são apuradas e, após o processo realizado, as sanções são aplicadas seguindo o Código Disciplinar Discente.

Denúncias

As denúncias para a Comissão Disciplinar Discente – CDD devem ser encaminhadas para [email protected]. Em seu conteúdo, o denunciante deve, junto à denúncia, inserir as provas que identifiquem ou possam levar à identificação dos autores, bem como, obrigatoriamente, identificar-se, informar seus contatos e se deseja manter sua identidade em sigilo.

Ressalta-se, também, que é dado ao denunciado o direito à ampla defesa e ao contraditório. Sanção, punições e procedimentos análogos são efetivados após investigação, apuração e comprovação de culpa”.

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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