Ativistas ambientais picham embaixada brasileira em Londres: ‘Não há mais sangue indígena’

(Terry Matthews/ER+Twitter/Reprodução)

A Embaixada do Brasil em Londres amanheceu coberta de tinta vermelha nesta terça-feira (13) e com vários dizeres, como: “Não há mais sangue indígena”, “Para a vida selvagem”, além de “Faça a lei sobre ecocídio (Make ecocide law, na tradução livre do inglês).

O ato foi atribuído a ativistas britânicos do grupo Extinct Rebellion, que agem contra as mudanças climáticas e que estariam indignados sobre o destino da floresta amazônica sob a gestão do atual governo. Nessa segunda-feira, o governo alemão anunciou a retirada de investimentos na Amazônia brasileira temendo a condução da política ambiental de Jair Bolsonaro.

Dois ativistas do grupo Extinct Rebellion subiram em um toldo de vidro acima da entrada da embaixada, enquanto outros se fixaram nas janelas com cola, pregando diversos cartazes.

Eles deixaram impressões de mãos vermelhas e manchas de tinta na fachada, escrevendo “não há mais sangue indígena” e “para a vida selvagem”.

De acordo com uma postagem feita no site oficial do grupo ativista, os integrantes bloquearam as principais entradas da Embaixada brasileira na Cockspur Street, perto da Trafalgar Square, e impediram alguns funcionários de acessar o edifício.

Os jovens usaram estêncil de tinta e papelão para cobrir as paredes e janelas da embaixada em mensagens de dissidência do governo brasileiro e do presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, “eles jogaram tinta vermelha para simbolizar o sangue das centenas de povos oprimidos mortos sob o regime corrupto e tóxico do Brasil, particularmente os povos indígenas do Brasil”.

Assista ao vídeo feito nesta manhã, em Londres, e postado no Twitter pelo Mídia Ninja:

Iggy Fox, de 24 anos, biólogo da vida selvagem que participou da ação em Londres, disse: “A ideia por trás disso é desafiar as pessoas a se perguntarem: ‘Quando o Estado brasileiro sanciona extrativistas, enquanto matam pessoas, queimam florestas, levam espécies à extinção, destruir casas e colocar em risco nossos futuros, quem está causando o dano real aqui? Quem é o criminoso?”.

Um diretor de escola aposentado, Sian Vaughan, de 54, também participou da ação: “Precisamos que todos saibam o que está acontecendo no Brasil e digam ao governo do Reino Unido para agir. Se fecharmos os olhos para a destruição criminal, nossos filhos pagarão o preço. A crise climática é global”.

O BHAZ procurou nesta manhã o Itamaraty para comentar o ato contra a Embaixada brasileira em Londres. De acordo com nota enviada, “o direito de protestar é assegurado em democracias como o Brasil e o Reino Unido. Já o direito de vandalizar, esse não existe em país algum. A Embaixada está e sempre esteve aberta a receber quem quer que deseje dialogar sobre o Brasil e suas políticas públicas” (leia a nota na íntegra abaixo).

Não foi o primeiro ato

Esta foi mais uma das ações dos ativistas contra a Embaixada do Brasil na cidade. Em novembro, eles realizaram uma “grande festa queer” o lado de fora do prédio para protestar contra a homofobia aberta do recém-eleito presidente Bolsonaro e suas ameaças de industrializar a Amazônia.

Em abril, eles realizaram um “Carnaval do Caos” fora da Embaixada para destacar os danos causados ​​às florestas tropicais da América Latina, com uma banda de samba e partidária Vivienne Westwood fazendo um discurso.

Ato no contexto da política ambiental

Em reportagem crítica ao presidente Jair Bolsonaro, a agência de notícias Reuters, que o classifica como de extrema-direita, diz que o mandatário brasileiro é “muito é cético em relação às preocupações ambientais e argumenta que a Amazônia é um recurso que pertence ao Brasil e deve ser economicamente desenvolvido”.

Na reportagem, a Reuters afirma ainda que “sua retórica encoraja madeireiros, fazendeiros e garimpeiros informais, resultando em uma dramática aceleração do desmatamento e na violência contra os habitantes nativos da floresta tropical”.

No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro começou a ficar sob pressão, quando dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um dos maiores centros científicos do mundo e especialista em monitorar o desmatamento da floresta, mostraram que a devastação da Amazônia havia se acelerado na primeira quinzena de julho.

Os dados do Inpe foram duramente criticado por Bolsonaro e pelo ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, culminando na exoneração do presidente do Inpe, Ricardo Galvão, na semana passada.

Em programa da Globo News com a jornalista Renata Lo Prete exibido no último sábado (10), Salles e Galvão trocaram farpas e acusações. Alvo de duras críticas do presidente Bolsonaro por seu trabalho à frente do Inpe, Ricardo Galvão defendeu os dados e a metodologia do instituto.

“Um programa de desenvolvimento sustentável tem que ser articulado entre a academia, empresas e governo. O que nós usamos é publicação científica. Fui ver trabalho científico, não balela, não coisa de jornalzinho, de Twitter”, afirmou.

Leia a nota na íntegra da Embaixada do Brasil em Londres

“Na manhã desta terça-feira, 13 de agosto, um grupo de manifestantes promoveu protesto em frente à Embaixada do Brasil em Londres. Identificavam-se como ligados ao movimento “Extinction Rebellion”. Picharam e mancharam com tinta a fachada do prédio da Chancelaria brasileira. A Polícia Metropolitana interveio para salvaguardar a integridade das instalações diplomáticas do Brasil.

A Embaixada está e sempre esteve aberta a receber quem quer que deseje dialogar sobre o Brasil e suas políticas públicas.

O direito de protestar é assegurado em democracias como o Brasil e o Reino Unido. Já o direito de vandalizar, esse não existe em país algum.

A Embaixada permanecerá em contato com as autoridades locais para acompanhar as investigações cabíveis. Trabalhará, também, para o ressarcimento dos cofres públicos por eventuais danos causados ao edifício.”

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