Bolsonaro se irrita e interrompe coletiva para rezar ‘Pai Nosso’ após perguntas sobre fraude

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Entrevista aconteceu após reunião do presidente no Supremo (Reprodução/@nostrendsbrasil/Twitter)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interrompeu uma coletiva de imprensa, nessa segunda-feira (12), depois de se mostrar insatisfeito com as perguntas dos jornalistas. Em vez de responder aos questionamentos, o chefe do Executivo Federal começou a rezar o “Pai Nosso” e pediu para que os profissionais orassem com ele. A entrevista se tratava das tentativas de Bolsonaro de provar supostas fraudes nas urnas eletrônicas.

No vídeo, que circulou pelas redes sociais, o presidente demonstra irritação com as perguntas dos jornalistas. “Para de falar em ‘se arrepende?’, cara, que tá feio”, reclama. A pergunta que ele não gostou questionava se ele havia se arrependido em suspeitar da eficácia das urnas eletrônicas. A coletiva aconteceu após reunião do presidente no STF (Supremo Tribunal Federal), em que Bolsonaro pediu por mais tempo apresentar evidências de fraudes no processo eleitoral.

A exigência de provas veio do corregedor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Felipe Salomão, que abriu um prazo, no final de junho, para que Bolsonaro comprovasse as acusações contras as urnas eletrônicas.

“Eu não vim aqui para brigar com ninguém. Acabei de falar. Vai acabar a entrevista. Depois diz que eu sou grosso”, disse Bolsonaro, se referindo a vários episódios de ataques verbais a profissionais da imprensa. Em junho, em uma cerimônia de formatura da Escola de Especialistas da Aeronáutica, o presidente tirou a máscara e intimidou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior de São Paulo, após ser questionado pela jornalista por ter chegado ao evento sem máscara.

Após o episódio, a Globo criticou o ataque do presidente. Na mesma semana, Bolsonaro se descontrolou novamente ao conversar com jornalistas em Sorocaba, São Paulo. Sem máscara, o chefe do Executivo Federal começou a gritar com a repórter, pedindo para ela mesma responder à pergunta, e insultou outros profissionais.

‘Vamos rezar?’

Após indicar que poderia encerrar o atendimento à imprensa, o presidente mudou a postura e pediu para que todos os presentes rezassem o “Pai Nosso” com ele. “Queria falar para você, bom, vamos rezar um Pai Nosso aqui, vamos? Vamos rezar?”, disse o presidente. Bolsonaro começa a oração, mas se irrita com a falta de adesão do público, e pede firmemente para que os profissionais o acompanhem. “Vamos lá, ajuda aí, pessoal”, demanda.

O termo “Pai Nosso” entrou na lista dos assuntos mais comentados no país.

Voto impresso

Apesar de não haver provas de fraudes nas eleições brasileiras, o presidente Jair Bolsonaro já questionou, em diversas ocasiões, a confiabilidade das urnas eletrônicas. Bolsonaro e aliados desejam que as próximas eleições sejam regidas pelo voto impresso. Em maio, de forma autoritária, disse que, caso não haja voto impresso nas eleições de 2022, será “sinal de que não vai ter eleição”.

“A única republiqueta do mundo é a nossa, que aceita essa porcaria desse voto eletrônico” disse Bolsonaro, erroneamente. Além do Brasil, outros 46 países utilizam urnas eletrônicas nas eleições. “Isso tem que ser mudado. E digo mais, se o Parlamento brasileiro […] aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Não vou nem falar mais nada. Porque se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição. Acho que o recado está dado”, declarou.

O presidente já tinha dito uma fala parecida no final do ano passado. Em conversa com apoiadores em São Francisco do Sul (SC), o chefe do Executivo federal disse que “se não tiver voto impresso, pode esquecer eleição”. No mesmo ano, sem provas, Bolsonaro questionou, mais de uma vez, a segurança da urna eletrônica.

Tema da coletiva

Em nenhum dos discursos, porém, o presidente apresenta comprovações para as alegações. Diante disso, o ministro Luís Felipe Salomão abriu, no final de junho, o prazo de 15 dias para que Bolsonaro apresentasse evidências que corroborassem as falas. A exigência se estende a demais autoridades públicas que já deram declarações alegando fraudes nas urnas.

O presidente, contudo, não apresentou as provas e, antes da coletiva, assinou um requerimento de extensão de prazo. De acordo com Bolsonaro, um “especialista”, com uma “mente brilhante”, já apresentou as provas para o próprio presidente, há seis meses, e vai apresentá-las aos ministros em breve.

Edição: Vitor Fernandes

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