‘Uber de ônibus’ realiza viagem para São Paulo, mas Justiça impede em Minas

Buser faz sua primeira viagem; saída pelo Terminal JK (Fotos: Maick Hannder e Vitor Fernandes/Bhaz)

A Buser, empresa de fretamento colaborativo, finalmente conseguiu realizar sua primeira viagem, após ser impedida em uma tentativa em julho do ano passado. Um ônibus saiu em direção à capital paulista às 22h dessa sexta-feira (2) no Terminal JK. Porém, as rotas previstas para Ipatinga (MG) e Uberlândia (MG), que tinham lotação completa, foram impedidas por uma liminar do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais (Sindpas-MG).

As viagens para as cidades mineiras estavam previstas para sair às 19h30 do Terminal JK, na região central de Belo Horizonte. Horas antes da partida, a Buser enviou um email para todos os usuários que fizeram cadastro para avisar que as viagens não aconteceriam. Mesmo as viagens sendo gratuitas, a empresa fez questão de pagar as passagens de ida e volta de todos os passageiros que ainda quisessem viajar em algum ônibus na rodoviária.

A liminar do Sindpas-MG está em vigor desde o ano passado. A empresa já entrou na Justiça e tenta derrubá-la. “Depois que o sindicato das empresas de transporte de passageiros, que representa as empresas de linha, entrou com uma liminar contra a Buser, a gente captou recursos de três fundos de investimento (venture capital) e contratou o melhor advogado em regulação do Brasil, o professor Carlos Ari Sundfeld, da Fundação Getúlio Vargas. Ele não só garantiu que estamos totalmente dentro da lei, quanto fez um parecer para explicar ao judiciário que nosso modelo de negócio e totalmente legal”, comenta Marcelo Vasconcelos, co-fundador do Buser, ao Bhaz.

São Paulo

Um email também foi enviado para os usuários da viagem para São Paulo. No texto era explicado que a viagem poderia não ocorrer, dessa forma, quem não se sentisse confortável, poderia pegar um ônibus convencional na rodoviária, que a empresa também arcaria com as despesas.

O advogado da Buser explica que o transporte clandestino com venda de passagens ocorre em plena luz do dia e a fiscalização não é tão rígida, mas com a empresa é diferente. “A gente (Buser) não faz roteiro fixo, não faz venda de passagens. Tudo que fazemos é permitir que as pessoas que as pessoas se juntem em grupos e esses grupos contratem frete, como igrejas fazem para ir à Aparecida, como escolas fazem em excursões”, relata Guilherme da Cunha.

Os usuários do aplicativo estavam na expectativa para a viagem. “Eu fiquei sabendo da Buser pela internet, aí quando vi a promoção, resolvi viajar com eles. Vim para ver como é, o preço é bem mais em conta e parece ser algo seguro”, comenta Zequiel Martins.

Zequiel Martins aguardava a liberação da Buser para seguir viagem para São Paulo (Foto: Maick Hannder/Bhaz)

“Eu concordo com a premissa da empresa, de fretamento coletivo, é bom para gente. A gente sabe como funciona, uma empresa de ônibus só para várias cidades, não tem concorrência, não é justo. Eu comprei a ideia deles e vim ver se vai sair mesmo”, conta Rafael de Castro Faria, outro usuário do aplicativo.

A responsável pela fiscalização de viagens interestaduais é a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O órgão chegou para fazer a fiscalização no ônibus e demorou aproximadamente uma hora e meia para a liberação. De acordo com a ANTT, o único problema seriam os motoristas, que não estariam cadastrados junto ao órgão. Com isso, a empresa que estava realizando o frete, mandou outros profissionais ao local e o ônibus seguiu viagem.

Fiscais da ANTT fiscalizam o ônibus fretado pela Buser (Foto: Maick Hannder/Bhaz)

“Tivemos que trocar os motoristas, pois eles não tinham cadastro na ANTT, só poderiam viajar dentro do estado. Aí solicitamos outros condutores e resolvemos o problema”, completa Guilherme da Cunha. O ônibus chegou em um estacionamento privado em São Paulo, às 6h15 deste sábado (3), onde foi feito o desembarque dos usuários.

Guilherme da Cunha, Marcelo Vasconcelos, Marcelo Abritta e Guilherme Abritta comemoram a primeira viagem da Buser (Foto: Vitor Fernandes/Bhaz)

Conheça a Buser

O usuário pode baixar o aplicativo, já disponível para Android, e fazer seu cadastro no grupo desejado para confirmar a reserva. De acordo com os criadores da plataforma, uma passagem de BH (MG) para Ipatinga (MG) na rodoviária seria R$ 71,05 cada trecho ou R$ 142,10 ida e volta. Com o fretamento colaborativo, o valor pode sair até R$ 65,22 ida e volta, uma economia de 55%.

Outro trecho é o de São Paulo (SP) para Araçatuba (SP). Na rodoviária, seria R$ 149 cada trecho R$ 298 ida e volta.  Com o fretamento colaborativo, o trecho pode sair por até R$ 119,56 ida e volta, o que gera 61% de economia. De Belo Horizonte (MG) para Uberlândia (MG), na rodoviária, o preço seria de R$ 167,32 cada trecho ou R$ 334,64 ida e volta. Com o Buser, pode ser até R$ 152,18 no total, uma economia de 55%.

O usuário também pode sugerir novas rotas. Para isso, basta fazer o cadastro e criar um grupo com destino, dia e horário. Todos os usuários terão acesso e poderão aderir ao trajeto. Dessa forma, novas viagens são criadas. A ocupação mínima para a realização da viagem é de 60%. O usuário terá a confirmação do deslocamento até 24 horas antes da partida. Caso o ônibus não tenha ocupação máxima, o valor cobrado será proporcional à lotação.

Em relação à segurança dos clientes, o Buser afirma que todos os ônibus possuem seguro e são regulamentados de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). São três empresas já associadas ao Buser em BH. A opção do Buser será pela que oferecer o melhor preço para a viagem, o que será definido na confirmação do grupo.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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