Cabeça d’água arrasta dezenas de banhistas e mata dois em Capitólio

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Tromba d’água arrastou nove pessoas em cachoeira conhecida como Cascatinha, em Capitólio (Reprodução/melhoresdestinos.com.br + Reprodução/Redes sociais)

Atualização às 21:55 do dia 02/01/2021 : A reportagem foi editada para atualizar o número de envolvidos informado pelos bombeiros: ao todo, 20 banhistas foram atingidos pela tromba d'água, em vez dos nove divulgados inicialmente. O termo "tromba d'água" também foi substituído por "cabeça d'água", o correto tecnicamente.

Uma cabeça d’água recebida em uma cachoeira no interior de Minas arrastou 20 banhistas na tarde deste sábado (2). Desse total, duas mulheres morreram e outras duas pessoas estavam desaparecidas até o fim das buscas feitas hoje. A tragédia ocorreu em uma região conhecida como Cascatinha, ou Ecopark, em Capitólio, município do Sul de Minas conhecido pela beleza hidrográfica e chamado até de capital do Lago de Furnas.

Os bombeiros informaram que a cabeça d’água ocorreu por volta das 14h, na cachoeira cujo acesso se dá pela rodovia MG-050, em Capitólio. Ao todo, nove banhistas foram arrastados. Parte das 16 pessoas resgatadas com vida ficou ilhada em uma outra margem da cachoeira, perto da queda d’água, mas em segurança. Outra parte, em uma pedra no meio do curso da água.

Desse total, 11 foram resgatados pelos bombeiros por helicóptero e os outros cinco banhistas, por terra. Uma mulher socorrida estava em estado mais grave, com fratura de pelve e perna, além de traumatismo craniano. “Ela foi estabilizada pelo médico do BOA e conduzida por terra até à Santa Casa de Passos”, informou, por nota, o Corpo de Bombeiros.

Um grupo foi arrastado completamente pela água e caiu no Lago de Furnas, em um local chamado de Poço dos Quênios. Duas dessas pessoas foram encontradas pelos bombeiros sem vida. “Trata-se de duas mulheres que ainda não foram identificadas. Elas foram entregues à funerária São Vicente do município de Alpinópolis”, disseram os militares.

Outros dois banhistas ainda estão desaparecidos. “Populares informaram que haviam avistado outras duas vítimas submergirem nas águas. Dessa maneira, os militares retornarão ao local na manhã seguinte [de domingo, dia 3] para retomar as buscas dessas duas vítimas”, afirmou a corporação, que fez grande mobilização no salvamento, com mais de 10 militares e acionamento do Bemad (Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres).

Cuidados

Época de férias e calor aumenta o movimento em cachoeiras e afins – e o banhista deve ficar atento. Segundo a Defesa Civil de Minas, cabeça d’água – muitas vezes chamada de tromba d’agua, que trata-se de outro fenômeno – “é o fenômeno de aumento rápido e repentino da água em cachoeiras, rios e lagos devido a chuvas intensas nas cabeceiras ou em trechos mais altos do curso d’água”.

“Representa um grande perigo para os banhistas. A presença de folhas, o aumento do volume de som de cascata e a mudança da cor da água são indicativos do fenômeno. Ao notar a presença de qualquer um desses sinais, saia imediatamente”, explica o órgão mineiro.

“Evite frequentar esses locais em períodos chuvosos. E, se optar por ir, não vá sozinho. Dê preferência aos lugares com a presença de guarda-vidas e pesquisa sobre as condições meteorológicas na região”, complementa.

Confira também as orientações dos bombeiros na hora de curtir a natureza:

1 – Cuidado com o nível dos rios. No verão, especialmente quando faz sol e muito calor durante o dia, geralmente chove muito à tarde ou à noite, dependendo da região. Normalmente o volume de água dos rios fica mais alto e aumenta também os riscos de afogamento. A correnteza fica mais forte e qualquer descuido ela leva você com ela;

2 – Seguro morreu de velho. Mesmo que você esteja careca de conhecer o local, verifique a profundidade antes de mergulhar. As águas se movimentam o tempo todo e, com elas, as pedras, os troncos de árvores e a terra no fundo do rio;

3 – Muito cuidado com as pedras. O fato delas estarem secas não quer dizer que não estão escorregadias. Por onde passa a água deixa limo e, mesmo que imperceptível algumas vezes, ele está lá e é perigoso. O risco de levar um escorregão nesses locais é muito, super, hiper, extragrande. Fique de olho especialmente nas pedras que possuem uma “sujeira” preta, pois escorregam como sabão.

4 – Se vai com família, nunca deixe as crianças sozinhas. Elas geralmente são aventureiras, curiosas e não têm dimensão dos perigos. Não tire os olhos delas;

5 – Cuidado com os chinelos e sandálias de dedo. São um perigo, escorregam nas pedras pois não dão firmeza nenhuma aos pés e podem aprontar um tombo de uma hora para outra, além de agarrarem na lama. Prefira sandálias específicas para caminhadas e trekking nas montanhas;

6 – Nas áreas mais difíceis de atravessar, não arrisque pulos e, se possível, caminhe usando as mãos também. Em alguns momentos, andar de quatro garante a passagem segura. Antes de dar um passo, teste se está seguro antes de colocar seu peso todo sobre o apoio – seja uma pedra, um tronco, um galho;

7 – Jamais atravesse uma corredeira. Ela pode parecer fraquinha, mas a água tem muita força sempre e as pedras submersas são extremamente escorregadias. Sem equilíbrio você não tem chance alguma. Em último caso, o auxílio de uma corda é imprescindível;

8 – Cuidado com as águas muito geladas que podem dar câimbra nas pernas imediatamente. Quando o poço é fundo, não dá pé o risco aumenta pela ansiedade causada;

9 – Cuidado com as famosas “cabeças-d’água”. Mesmo com dia lindo elas podem chegar ao local onde você está, vindas de outras regiões onde caiu chuva pesada;

10 – Não use bebida alcoólica ou qualquer outra substância entorpecente. Você precisa estar no melhor do seu juízo para tomar decisões acertadas, medir seus passos com precisão e controlar bem seu corpo;

11 – Não participe ou promova brincadeiras de empurrar ou dar tombo em colegas. Deixe as brincadeiras para outra hora em que a vida de ninguém esteja em risco. Faça brincadeiras saudáveis e divirta-se com responsabilidade, sempre respeitando o outro;

12 – Use roupa de banho e leve toalhas para se secar. As águas de cachoeiras são geralmente muito geladas e podem trazer um resfriado. Levar uma peça de roupa extra também é uma boa pedida, já que voltar para casa com roupa molhada é sinônimo de ficar doente e cheio de assaduras.

Thiago Ricci[email protected]

Editor-executivo do BHAZ desde agosto de 2018, cargo ocupado também entre 2016 e 2017. Jornalista pós-graduado em Jornalismo Investigativo, pela Abraji/ESPM. Editor-chefe do SouBH entre 2017 e 2018; correspondente do jornal O Globo em Minas Gerais, entre 2014 e 2015, durante as eleições presidenciais; com passagens pelos jornais Hoje em Dia e Metro, TVs Record e Band, além da rádio UFMG Educativa, portal Terra e ONG Oficina de Imagens. Teve reportagens agraciadas pelos prêmios CDL, Délio Rocha, Adep-MG e Sindibel.

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