[ENEM] Como se preparar para a prova de exatas?

O que se busca hoje é trazer a matemática para perto da realidade do aluno

A prova de exatas tem sido o temor da maior parte dos alunos que vão prestar o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Seja pelo pouco tempo para resolução de cada questão, seja pela grande quantidade de perguntas ou ainda pela dificuldade do conteúdo, a prova de exatas, segundo a plataforma AppProva, concentra os menores acertos. O conteúdo dessa prova exige dos participantes não apenas a aplicação de conceitos específicos, como somar e subtrair, mas também habilidades como interpretação, compreensão de texto e raciocínio lógico, como explica Guilherme Batista, professor de matemática.

Segundo Guilherme, como aliado nesse momento de tensão nas provas, há certos conteúdos que podem ser previstos: grandezas proporcionais, tratamento de informação, geometria plana, porcentagem e probabilidade. Esses temas das matemática foram os mais cobrados no Enem dos últimos anos.

O especialista dá como dica que os estudantes aproveitem essa reta final para resolver provas aplicadas nos anos anteriores. Desta forma, é possível se habituar ao estilo da prova e das questões. Ressalta também que é bom ficar atento aos conteúdos básicos, pois grande parte do que é cobrado na prova foi ensinado no final do Ensino Fundamental II e no início do Ensino Médio.

Guilherme Batista recomenda como alternativa de resolução da prova a estratégia “pega varetas”. Você conhece? (Arquivo pessoal)

Classifique as questões em três níveis de dificuldades

Por fim, uma boa estratégia na hora da prova é o chamado “pega varetas”, que consiste em classificar as questões em três níveis de dificuldade e começar a resolver em ordem crescente, ou seja, da menos para a mais difícil. Recomendo a técnica porque a correção da prova é feita utilizando-se a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que busca reduzir o número de acertos aleatórios, os chamados “chutes”. Desta forma, um estudante que acerte um dado número de questões classificadas como difíceis e erre questões simples pode ter sua nota equiparada com a de um aluno que tenha mantido uma regularidade, acertando um grande número de questões de pouca e média dificuldades.

As dicas básicas para a prova em geral também deve ser levadas em conta pelos estudantes: estar bem descansado e com o sono em dia, sobretudo nas noites anteriores aos dias de provas. Lembrando que as aplicações serão em dois finais de semana, não em um só,  como até 2016. O Enem é um exame bastante longo, com 180 questões, sendo 45 da prova de matemática. Sem dúvida, isso exige do aluno grande resistência, atenção e serenidade.

Tornar o ensino da matemática descomplicado e prazeroso continua a ser um desafio para os professores (Agência Brasil/Divulgação)

Números do Ideb mostram que desempenho dos alunos piorou

Os alunos do últimos anos do Ensino fundamental e os do Ensino Médio apresentam desempenho abaixo do que é esperado em matemática, segundo os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Os índices são calculados com base nas notas de português e de matemática e nos números de reprovação e evasão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Os resultados das provas mostram que os alunos do Ensino Médio pioraram em matemática. A Média Brasil de 2015 foi de 267, três pontos a menos em relação aos 270 de 2013. Esta é a segunda queda de desempenho em matemática aferido pelo índice. Em 2011, os alunos do 3º ano do Ensino Médio sabiam mais de matemática que os estudantes de hoje. A pontuação considerada adequada em matemática para o ensino médio é 350.

Outra pesquisa, essa já mundial, é o Pisa. A avaliação trienal feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) funciona desde 2000. Em 2015, dela participaram 70 países.

No Brasil, a situação mais grave foi o desempenho em matemática, que, historicamente, é o ponto fraco do país. O Pisa confirma o que o Ideb já mostrou: não sabemos ensinar matemática, pois somente 16% dos alunos que saem do 9º ano do Fundamental têm o nível de proficiência adequado na área. No Ensino Médio, a situação consegue ser pior: apenas 9% dos jovens que terminam o 3º ano dominam o que é considerado o conteúdo básico na área.

Base da matemática é o raciocínio lógico, explica Samira Zaidan

A doutora em matemática Samira Zaidan explica que a base da matemática “é o raciocínio lógico dedutivo. Portanto, uma definição implica em outra, que se desdobra em outra. Então, a matemática se baseia na interpretação, em uma lógica de resolução que acaba criando uma linguagem própria. Em vários momentos, o estudante pode saber do que se trata, mas precisa se expressar na linguagem da matemática”.

Segundo ela, a qualidade da aprendizagem do aluno está diretamente relacionada à formação e à maneira como os professores ensinam em sala de aula. O problema, a seu ver, é que o conteúdo vem como pronto e acabado, sendo mais transmissivo do que interativo. Em contraposição a isso, o novo eixo que tem sido desenhado para o ensino da matemática é, de acordo com Samira, o do tratamento de informações. “Significa trazer temas do contexto, do bairro, da vida social, de entender, de interpretar, de usar tabelas, gráficos, equações. Enfim, da matemática ser um instrumento muito bacana”, explica Samira.

Importante também, segundo ela, é fazer com que o conteúdo da matemática ganhe um sentido cada vez mais transdisciplinar, como na geografia, nas artes, de forma a tornar o ensino da matemática mais palpável, mais agradável e, acima de tudo, fácil. “Isso tem sido um desafio muito grande. Então, é preciso reforçar estas políticas, essas perspectivas mais diferenciadas de ensino”.

Eliza Dinah

Jornalista e redatora do portal Bhaz

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