Carta aberta aos LGBTQIA+: Nos fizeram minoria, mas somos muitos

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O arco-íris LGBTQIA+ acompanha o pôr do sol em uma janela do Floresta, na região Leste de BH (Vitor Fernandes/BHAZ)

Dia de se orgulhar, mas também de mostrar que um filho teu não foge à luta. Dia de quem está na linha de frente da nossa batalha, pois o soco atinge com intensidades diferentes cada letra dessa comunidade multicolorida. Dia 28 de junho: Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.

Por isso é dia da união dessa comunidade gigante. Gigante, sim, nos forçaram a um lugar de minoria, ao qual não pertencemos, mas resistimos. Nos silenciaram durante anos. Nos fizeram engolir o choro, até questionar nossa sanidade.

Só quem é LGBTQIA+ vai entender o que é crescer sendo podado, criticado e muitas vezes humilhado. Chegamos a um ponto em que começamos a nos perguntar o motivo de sermos assim, e qual o nosso “problema”. Isso resulta em anos de reclusão, vergonha, dificuldades.

Nem todos são fortes para passar por certas situações. E ninguém é obrigado a ser mesmo, não é errado existir e amar quem queremos amar. Mas eles nos fazem pensar que não podemos, que não devemos. Sempre quiseram ditar o “moralmente certo”, mas o que eles sabem sobre moralidade?

Eles não sabem [ou fingem não saber], mas um olhar também machuca. A piadinha “sem intenção” causa estragos alguma hora. Nós sabemos que não é exagero, a homofobia mata – quando não literalmente, acaba com a mente da pessoa.

Não é frescura, não é “mimimi”. Aliás, está aí um termo que não deveria existir. Só usa “mimimi” quem não tem empatia pela dor do outro, quem já perdeu a humanidade. É aquela pessoa que pode até não te “tacar” fogo, mas vai te assistir queimar.

Somos obrigados a nos blindar o tempo todo, às vezes precisamos nos impor para simplesmente existir em paz. Aguentamos ser golpeados uma vida, por todos os lados, por pessoas próximas, por estranhos, por quem deveria nos proteger, até em nome de Deus, sem motivo. Mas a gente também cansa, perde a paciência.

Não queremos ser melhores que ninguém, mas não vamos aceitar ser tratados como se fôssemos piores. Aos que insistem em nos desrespeitar: não há mais espaço para você na sociedade. O seu modelo está ultrapassado, não serve mais.

E esse texto é pra você que quase nunca anda de mãos dadas com quem gosta. Que evita fazer esse gesto tão simples em alguns ambientes. Que pega a mão enquanto anda na rua e acaba soltando, mas depois pega de novo, e assim vai, até que uma hora conseguimos segurar firme. Só quem passa vai saber o quanto dói.

É para você que é livre, mas sabe que nem sempre foi assim. É para você que sente que às vezes tentam nos tirar essa liberdade, mas nem um passo atrás vamos aceitar. É para você que é tão livre, mas tão livre, que incomoda. E vamos seguir incomodando.

Se você ainda não se encontrou, não se permitiu, não se desespere. O processo muitas vezes é longo, cada um tem o seu tempo, comece aos poucos. O mundo vai querer te calar, te empurrar de volta para o “armário”, dizer onde você deve estar. Só que não vamos aceitar, não vamos retroceder. Nosso espaço ninguém mais tira.

Uma comunidade imensa, complexa, cheia de singularidades. A bandeira LGBTQIA+ é colorida justamente para representar toda essa diversidade. Somos muitos diferentes, mas nos unimos em um ponto em comum: o amor. A luta ainda é grande, e demora. Mas já avançamos muito, e não vamos parar. Orgulhe-se!

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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