Casal gay é espancado em festa e denuncia homofobia: ‘Não gosto de ver homens se beijando’

Namorados estavam juntos em festa quando foram agredidos (Arquivo pessoal)

A Polícia Civil da cidade Camboriú, em Santa Catarina, vai investigar o caso de dois jovens, um de 19 e outro de 25 anos, que foram agredidos dentro e do lado de fora de uma casa noturna, no último domingo (4). Namorados, o casal teria levado socos e chutes de outros frequentadores do Zen Club, localizado no bairro Rio Pequeno, depois de se beijarem em público. Eles alegam que as agressões foram motivadas por homofobia.

De acordo com a denúncia registrada junto às autoridades, P. H e J. O. foram confrontados por um frequentador do clube que disse não gostar de ver “homens se beijando”. Na sequência, o agressor teria dado um soco em um deles, que reagiu para se defender. Os namorados foram expulsos do local enquanto o homem responsável pelos ataques permaneceu por lá.

Jovens ficaram com hematomas após agressão em casa noturna (Arquivo pessoal)

Durante a confusão, seguranças da casa noturna também teriam participado das agressões contra o casal e impedido os jovens de retornar ao local para que pegassem pertences perdidos por lá, entre eles celulares e um par de tênis. Os funcionários ainda teriam feito ameaças às vítimas.

Depois das agressões, os namorados andaram por cerca de 40 minutos até um posto de saúde, onde receberam atendimento médico e foram orientados a registrar um boletim de ocorrência. Fotos divulgadas nas redes sociais, onde o caso repercute em diferentes partes do país, mostram os ferimentos provocados pelas agressões.

Ao BHAZ, o advogado que defende o casal explicou que os nomes dos dois não têm sido divulgados na imprensa, embora apareçam em publicações no Facebook, para que eles tenham suas identidades preservadas. “Eu os orientei a usar apenas as iniciais por uma questão estritamente de preservar a integridade deles, não que eles tenham problema em vir a público para denunciar. O que não queremos é que sejam alvo de novas agressões”, pontua Christiano Cruspeire.

O defensor ainda contou que o casal não consegue falar com a imprensa diretamente por ter perdido os celulares na casa noturna. Segundo ele, os dois estão bastante abalados com o que ocorreu. “Um deles está com dor na costela, que talvez tenha trincado. O outro está com um abalo moral, com receio de sair na rua e ser espancado novamente. A emoção ainda está muito forte para eles, já que sofreram uma agressão em um momento em que trocavam afeto e carinho”, diz.

Arquivo pessoal

“Nós estamos trabalhando para tomar as medidas cíveis e criminais em relação ao ocorrido. Não faremos juízo de valor em relação ao clube, que tem colaborado com todo o processo desde então. Quem irá investigar e descobrir os responsáveis pelas agressões é a polícia. Depois que o processo criminal estiver concluído, vamos tomar as medidas de reparação dos danos sofridos. O boletim de ocorrência foi registrado, eles fizeram corpo de delito. Está tudo encaminhado”, conta o advogado.

“Eu vou para uma reunião com o advogado do clube em breve, eles também tem bastante interesse em resolver o ocorrido e em nenhum momento colocaram obstáculos. A nossa maior indignação é por ter sido uma questão de homofobia, um ataque pela orientação sexual. Isso realmente nos chocou”, disse.

Desde que a denúncia de agressão contra o casal começou a repercutir, a página do Zen Club no Facebook começou a receber diversos comentários negativos. Os responsáveis pela casa noturna chegaram a emitir uma nota, mas a página saiu do ar horas depois. No comunicado, o Zen Club disse ter adotado uma série de providências para apurar o ocorrido e que repudia “qualquer ato de intolerância por motivação sexual”, além de se solidarizar com as vítimas. “Lamentamos imensamente o ocorrido e faremos o possível para que isso nunca mais venha a acontecer”, diz a nota.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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