Cidadãos entrevistam cerca de 10 mil usuários de ônibus em BH e mostram resultados na Câmara nesta terça

Sistema Move de BH (Breno Pataro/PBH)

Um grupo formado por cidadãos belo-horizontinos, usuários do transporte coletivo da capital, apresenta nesta terça-feira (13), em audiência pública na Câmara Municipal (CMBH), os resultados de uma pesquisa que ouviu cerca de 10 mil usuários de ônibus na cidade. A principal queixa apresentada pelos entrevistados é sobre o tempo de espera pelos ônibus nos pontos.

A audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário foi requerida pelo seu presidente, o vereador Wesley Autoescola (PRP), e é aberta a qualquer interessado. O evento ocorre à partir das 8h, no Plenário Amynthas de Barros.

De acordo com o vereador Wesley Autoescola, as sugestões a serem apresentadas envolvem a revisão do itinerário de diversas linhas de ônibus que podem estar infladas ou ociosas, assim como a revisão dos locais dos pontos de parada, especialmente na região central da cidade e dos horários de circulação. “Esse esforço resultou em uma proposta que merece ser conhecida e considerada pelos professores, estudantes, gestores, operadores e usuários do transporte coletivo”, afirmou o parlamentar.

Foram convidados para o debate o presidente da BHTrans, Célio Bouzada; o presidente do SetraBH (Sindicato das Empresas de Transporte de BH), Joel Paschoalin; o presidente do Sintram (Sindicato das Empresa de Transporte metropolitano), Rubens Carvalho; representantes da Tacom Engenharia e do Movimento Nossa BH, assim como estudantes e professores de cursos de engenharia do Cefet-MG e da UFMG.

Segundo um dos porta-vozes do grupo, o engenheiro mecânico Walker Matheus Ferreira da Silva, de 27 anos, a ideia de fazer a pesquisa partiu de críticas comuns dos integrantes do grupo, como horário de ônibus, oferta e demanda, longas esperas nos pontos de ônibus etc.

Conforme Walker, os integrantes do grupo já participavam ativamente e individualmente de debates sobre mobilidade em Beagá, integraram comissões regionais de transporte e trânsito (CRTTs) e trocavam mensagens constantemente entre si. São engenheiros, especialistas em logística, contabilidade e pesquisadores universitários.

O grupo, que inicialmente não tinha nome, acabou se autointitulando BHTT – Belo Horizonte Transporte e Trânsito – e busca contribuir com o debate sobre a mobilidade e o sistema de transporte público na capital mineira.

A pesquisa

“Como cada um de nós morava em uma regional da cidade, e nossa visão sobre o sistema de transporte convergia em vários pontos, fomos trabalhando a ideia de ouvir outras pessoas para saber qual era a percepção que elas tinham do sistema de ônibus de Belo Horizonte. Então, de outubro do ano passado a janeiro, elaboramos e aplicamos os questionários. Durante o processo, ouvimos especialistas em transporte e mobilidade que nos ajudassem”, explica Walker, que mora no Barreiro.

Para dar um caráter qualitativo aos resultados, o grupo dividiu a amostra pelas regionais e pelo mesmo número de respostas de cada uma. “Ouvimos as pessoas nas ruas, avenidas, pontos e estações de ônibus. Era importante ampliar o questionário para dentro dos bairros, porque o usuário do ponto e da estação seria mais facilmente identificado”, acrescenta Walker.

Os formulários foram aplicados em bairros das nove administrações regionais de Belo Horizonte, presencialmente, com perguntas simples, de múltipla escolha, com questões como origem e destino; quantas vezes usa ônibus por semana; se o quadro de horários é satisfatório, entre outras.

Um outro formulário, disponibilizado on-line, fez as mesmas perguntas e acrescentou uma questão aberta, que era sobre sugestões ao sistema de transporte da cidade. Essas respostas não foram incluídas no resultado final, para não interferir no questionário número 1. Mas foram consideradas como sugestões de melhorias e que serão apresentadas na audiência desta terça-feira.

Alguns resultados

A reclamação número um que apareceu na maioria dos questionários, segundo Walker Ferreira, é sobre o tempo de espera pelos ônibus. “A grande maioria dos usuários reclama da longa espera e da falta de atendimento noturno. Nossa proposta é apresentar à BHTrans o estudo que possa diminuir em ao menos 10 minutos o teto operacional das viagens,  dentro do cenário atual e de uma proposta mais equilibrada para a cidade”, aponta.   

Procurada pelo BHAZ, a BHTrans informou que o tempo de espera está em 12º lugar entre os assuntos mais reclamados na Gerência de Atendimento ao Usuário (Geatu), canal da BHTrans que recebe as demandas dos usuários.

Um dos itens interessantes que os formulários revelaram é que, pelo desejo do usuário, as 296 linhas hoje operadas pela empresa que gerencia o transporte e o trânsito na capital seriam transformadas em mais de 600.

“Essa pergunta não foi contemplada, mas pelas respostas, vimos que as pessoas almejam mais linhas na cidade. Uma das questões mais importantes que identificamos é que o sistema de transporte público atual opera com vários projetos de transporte desenvolvidos para a capital ao longo das décadas – Probus (1983), BHBus primeira fase (1997), BHBus segunda fase (2002) e Move, de 2014 -, sem haver uma revisão geral desses sistemas. Afinal, a dinâmica da cidade hoje é totalmente diferente”, acrescenta o engenheiro mecânico.

Para apresentar os resultados do levantamento e das propostas retiradas da pesquisa, o grupo do BHTT vai apresentar estudos de caso, como o do bairro Maria Gorete, na Regional Nordeste, onde três linhas de ônibus vão para bairros vizinhos. “Nossa proposta é potencializar o atendimento usando uma das linhas para os bairros vizinhos, sem alterar a rotina para a comunidade usuária, e otimizar as outras duas linhas criando novas demandas para linhas que atuam de maneira sobreposta a outra”, explica Walker Ferreira.

Os integrantes do grupo BHTT têm a expectativa de poder contribuir com a discussão da mobilidade e melhoria no transporte público da cidade. “Não somos atrelados a nenhum movimento ou instituição. Estamos trabalhando em prol da cidadania e como cidadãos e usuários, é nosso dever sugerir, fiscalizar, correr atrás de nossos direitos e participar. E ao apresentarmos a ideia ao vereador Wesley Autoescola sentimos que estávamos no caminho certo, usando o espaço correto para colocarmos as propostas”, acrescenta.

A BHTrans informou que um representante seu estará na audiência nesta manhã para ouvir as propostas que serão levadas à CMBH.

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