[Coluna do Orion] Carnaval politizado: folia de BH e do país carregou nos protestos com muito humor

Imagem de Temer vestido de vampiro teve forte repercussão nas redes sociais

Então, brilhou novamente o Carnaval de Belo horizonte, como também em todo o país, mas o da capital mineira mexe mais com a gente, porque, há seis anos, tínhamos que sair para o interior ou Salvador. Rio, Recife, entre outros. Agora, ficamos todos aqui em um Carnaval em completa transformação e protagonismo. De acordo com as novas pesquisas, feitas virtualmente, BH tem o segundo melhor Carnaval do país, ou o segundo mais procurado. Seja qual for a posição nesse ranking, o fato é que o Carnaval de Belô não deve nada a nenhum outro de outros estados.

Centralizado ou descentralizado, politizado na igualdade social, contra racismo, escravidão e leis trabalhistas: uma diversidade das bandeiras, respeito às mulheres; a companha contra o assédio foi a grande mensagem deste Carnaval. Esperamos que seja para o ano todo. Alguém duvida do nível de politização da folia?

Tem mais: no Sambódromo, também houve protestos, com críticas aos políticos e a seus malfeitos. A Escola de Samba Paraíso do Tuiuti apresentou uma ala, chamada “guerreiros da CLT”, que trazia uma carteira de trabalho chamuscada e o operário com vários braços, sinalizando a sobrecarga de tarefas. Outra ala, “trabalho informal”, referia-se à precarização do trabalho. A escola ainda levou um vampiro com uma faixa presidencial em homenagem a Michel Temer.

Patos amarelos, como aqueles da Fiesp nos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) na avenida Paulista, deram a presença, com foliões desfilando como se fantoches fossem. Agora, voltando à rotina, tem reforma da Previdência prevista para a semana que vem.

Em Belo Horizonte, o Havayanas Usadas levou para a avenida o protesto contra o presidente Michel Temer

A hora da verdade para a reforma da Previdência

Está chegando a hora dela e de seu fim. Não é mais dia 19 ou 20, mas o final do fevereiro. E, se depender da festa mais bonita e alegre do planeta, o Carnaval vai levar a reforma junto e só voltará no ano que vem, em outro governo, que, além de ser eleito nas urnas, portanto, legítimo, contará com mais credibilidade para começar do começo. E, o que é mais importante, ouvindo o país. Não se pode fazer uma reforma desse tamanho com uma proposta para agradar apenas ao tal mercado, banqueiros, bolsas.

Foram, até agora, 15 meses de tramitação e, pelo menos, 10 adiamentos. Quando foi apresentado o projeto, o governo tinha base parlamentar suficiente, mas teve que gastá-la contra duas denúncias que poderiam desmontá-lo e a seu presidente. Além disso, o governo não fazia ideia do que representa ano eleitoral para mudanças como essa, não fazia até ontem (13 de fevereiro), mas o Carnaval exibiu alegria com os protestos.

Apenas os mais otimistas, e os que levam vantagens com isso, acreditam que os 308 votos necessários à sua aprovação serão alcançados. A semana que vem será o termômetro desse desastre anunciado. A discussão em plenário, desta vez, começa na próxima terça e, tudo indica, só não será derrotada porque, pela falta de apoio, deverá ser retirada de pauta e engavetada, para evitar um vexame maior. Se tentar de novo, em outra data, só aumentará o vexame.

A tese que prevalece em Brasília é de que “pior para o governo é colocar e perder do que não colocar”, ou seja, acreditam que, se não votar, é possível manter o tema vivo e retomá-lo depois das eleições, mas, se perder agora, já era, o governo acaba de vez.

Mudanças desse tipo, como aconteceu na Argentina, devem ser feitas no primeiro ano de mandato, depois que o assunto tenha sido discutido, de forma ampla e aberta, desde a campanha eleitoral.

Quando se fala de rombo na Previdência, por exemplo, essa reforma deveria focar e atacar os verdadeiros privilégios. No entanto, o que fazem? Querem mexer em direitos, sem regra de transição, de contratos que foram assinados há mais de uma, duas ou três décadas.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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