[Coluna do Orion] Quem é bandido no Brasil e quem rouba o quê

PowerPoint da PF aponta Temer como ‘chefe da quadrilha’

O presidente da República, Michel Temer, disse, na terça (12), que “bandidos roubam a verdade do país”. A frase tem duas fortes expressões, um sujeito e um verbo, que são bastante representativas da triste realidade brasileira: bandidos e roubar. No caso acima, Temer chama de “bandidos” quem afanou a veracidade. Traduzindo, o presidente está tentando desqualificar seus acusadores, precisamente porque ele e boa parte de seu ministério foram denunciados, por várias vezes, de roubo, não da verdade, mas do dinheiro público.

Diante de seguidas acusações e apresentação de provas de corrupção pelo Ministério Público e Polícia Federal, os investigados se uniram para tentar “desacreditar” os investigadores. Por erros e excessos, o acusador e delator Joesley Batista foi parar na prisão. O Ministério Público teve seu procurador-geral, Rodrigo Janot, contestado e julgado, por suspeição, nesta quarta (13), pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Como não fazia sentido moral e constitucional, o Supremo indeferiu a investida da defesa de Temer.

A três dias do fim de seu mandato, Janot foi chamado por um ministro do STF, Gilmar mendes, de “bêbado” e que ele teria deixado a instituição Ministério Público “em estado de putrefação”. A reação de Gilmar Mendes contra o procurador-geral, afastadas as intrigas e diferenças pessoais, foi desproporcional e, como julgador, o ministro agiu mais como advogado de defesa, um papel que caberia a Temer e seus aliados e advogados.

País só cuida de corrupção

O fato é que hoje o país não consegue ter uma agenda propositiva e positiva e dedicar-se ao enfrentamento da crise econômica, da retomada do crescimento e de avanços sociais. Só cuida de corrupção. Até então, o acusador e delator Joesley Batista, criminoso confesso, chamava Temer de ladrão geral da República, o senador Aécio neves, do PSDB, de ‘bandidão’; depois, veio o Ministério Público que denunciou a ambos e até pediu a prisão do senador; agora, é a Polícia Federal de Temer que denuncia que ele é o chefe da organização criminosa chamada ‘quadrilhão do PMDB’; ainda tiveram tempo e ousadia de fazer PowerPoint do organograma da ‘quadrilha’. Ou seja, o presidente está sendo chamado de ladrão por sua própria polícia.

Para arrematar, o STF, por meio do ministro Luiz Barroso, abriu nova investigação contra Temer por outras denúncias de corrupção. Nesse caso, o presidente e seu homem de confiança, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), aquele da mala, não a do Geddel, outro amigo de Temer, de R$ 51 milhões, mas aquela que andou no centro de São Paulo com R$ 500 mil (apenas). Desta vez, a suspeita é que teriam levado dinheiro por editar, em maio deste ano, um decreto sobre portos em favor da empresa Rodrimar.

Será que o Brasil é assim tão rico para aguentar tantos desvios? De acordo com o procurador-geral, “muitas pernas tremem” ante o trabalho de combate à corrupção que vem sendo desenvolvido.

PT acusa guerra jurídica contra Lula

Em estratégia semelhante, mas de forma diferente, o PT reforçou, nesta quarta (13), a mensagem de que o ex-presidente Lula é vítima de uma guerra jurídica. Foram realizados atos de apoio a Lula, ainda que menores do que em seu primeiro depoimento, em maio, em Curitiba, com a presença do ex-presidente.

Em Belo Horizonte, houve ato público em defesa de Lula e lançamento de livro que apontaria equívocos da condenação dele pelo juiz Sérgio Moro. Seja como for, o depoimento desta quarta foi mais uma chance para Lula se defender das acusações depois de ter sido condenado por Moro a nove anos de prisão. Foi a primeira vez que se encontram depois da sentença e depois também da caravana que o petista fez pelo Nordeste.

Aliados afirmam que há tentativa de tirar o ex-presidente da eleição do ano que vem, por meio do Judiciário. Nessa ação em que depôs em Curitiba, o ex-presidente é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro devido a supostas relações ilícitas com a empreiteira Odebrecht.

A empresa diz que pagou por um terreno que seria destinado ao Instituto Lula, com dinheiro oriundo de um “caixa de propinas” do PT. Na semana passada, em depoimento a Moro, o ex-ministro Antônio Palocci complicou a situação do ex-presidente ao afirmar que Lula firmou um “pacto de sangue” com a Odebrecht, com o pagamento de R$ 300 milhões em vantagens indevidas em troca de manter o protagonismo do grupo no governo.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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