Empresas machistas consideram gravidez um problema

Banco de imagens/StartupStockPhotos/Pixabay

De acordo com pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), metade das mulheres brasileiras que trabalham são demitidas até um ano depois que acaba a licença maternidade. Essa realidade descortina várias violências contra as mulheres, entre elas a ideia machista que duvida da capacidade das mulheres se dedicarem ao emprego após ter filhos, pois no imaginário brasileiro o trabalho doméstico e o cuidado dos filhos ainda são exclusivamente femininos.

O alto percentual de mulheres desempregadas após terem filhos revela também um outro fator que deve ser debatido no país: a licença maternidade de 120 dias não é suficiente para garantir as mães no mercado de trabalho. Após a licença, muitas mães estão amamentando seus filhos e decidem não retornar ao trabalho por saber da importância crucial da amamentação para o desenvolvimento da criança. Há também as mães que não conseguem retornar ao trabalho pelo motivo de faltarem creches e pré-escolas no país. Tal realidade é comprovada pelo IBGE, que mostrou um alarmante e vergonhoso número: um terço das crianças de 0 a 3 anos mais pobres do Brasil está fora da creche por falta de vagas. 

A falta de políticas públicas de apoio às mães é mais um fator que faz com que o mercado de trabalho brasileiro seja dominado por homens. Nesse ponto, é importante retomar a pesquisa “Panorama Mulher 2018”, a qual revela que apenas 18% das empresas brasileiras possuem mulheres na presidência. Esse número aponta para o machismo estrutural que atravessa empresariado brasileiro. Infelizmente ainda é comum na seleção de cargos de liderança o pensamento machista que julga ser mais difícil contratar uma mulher pelo fato de ela poder engravidar. Tal pensamento alimenta um mercado empresarial masculinista, que privilegia apenas os homens.  

Uma pesquisa divulgada pela Catho mostrou outros problemas que as mulheres enfrentam: 48% das mães entrevistadas tiveram problemas no trabalho por ter que se ausentar quando o filho passou mal; 24% das mães foram constrangidas na empresa por pedir para chegar mais tarde ao serviço devido à reunião na escola do filho; 71% das entrevistadas disseram ter sido perguntadas sobre planos de engravidar em seu processo seletivo mais recente.

Todos esses dados e números evidenciam o machismo que exclui as mulheres dos espaços de poder e as limita à esfera doméstica e familiar. É o machismo histórico que premia os homens, dando a eles o espaço público e o poder empresarial. Nesse sentido, urge combater essa desigualdade de gênero que tanto prejudica as mulheres.

É mais que necessário levar para o debate público para a necessidade de ampliar o período da licença maternidade, como também a necessidade de criar uma legislação mais sólida que garanta a permanência das mães no mercado corporativo. Tais ações, conforme escrito antes, devem vir acompanhadas de políticas públicas que ampliem o número de creches no país.

Esses passos, no entanto, continuam sendo ignorados pelos governantes, que, em sua maioria, para variar, são homens.

Duda Salabert[email protected]

Duda Salabert é professora de literatura, ambientalista e acadêmica de Gestão Pública pela UEMG. Ativista no campo da educação popular, idealizou e preside a Transvest: ONG que oferece há quatro anos cursos gratuitos para travestis e transexuais de BH. Vegana há sete anos, desenvolve projetos e ações de conscientização ambiental e de defesa dos direitos dos animais.

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